Os 10 Melhores Discos de 2021 — e uns extras…

E chegamos ao fim desse ano infernal em todos os sentidos!

Fazia tempo que eu não escrevia por aqui, por absoluta preguiça e falta de tempo, paciência, vontade ou sem assunto mesmo.

Em breve, talvez, teremos mais novidades por aqui, ou ali, ou em qualquer lugar.

Como sempre faço desde que me conheço por gente, listo discos que gostei todo o ano, as vezes só pra mim, as vezes compartilho pro mundo.

Em 2020 o número de discos bons, musicas boas e artistas novos foi tanto que me esqueci completamente de colocar isso numa lista final, quem sabe algum dia eu volte e o faça, pois ainda reverbera na minha cabeça e coração alguns desses artistas incríveis que fizeram o ano de pandemia mais palatável.

2021 já não foi tão próspero, na real foi infinitamente mais fraco.

Riz aqui um trabalho de espremer pra tirar o que me pareceu o melhor desse ano ainda confuso e ainda desafiador e fazer um

O principal consenso sobre o cenário da musica de 2021 é que não há consenso algum. Cada cabeça literalmente é uma sentença e os lugares comuns estão cada vez mais raros e incomuns.

Com as bolhas de interesse cada vez mais retro-alimentadas por si mesmas, e cada uma ficando cada vez mais limitada ou “nichada” é praticamente impossível encontrar 3 publicações especializadas que cravem o mesmo ou a mesma artista. Com os lobbys e “jabás” cada vez mais especializados, será cada vez mais difícil um consenso.

Isso pode ser bom ou não.

Enfim.

De fora da minha lista ficaram discos que talvez eu gostasse mas que nao escutei a tempo, como o caso do War on Drugs ou discos que simplesmente nao entendi a adoração e deixei de fora pra nao embarcar no hype por embarcar, assim aqui nao tem Japanese Breakfast nem Arlo Parks. E claro, Kanye West que eu acho o maior artista do século XX ficou de fora pois seu Donda é um erro.

E vamos em frente.

Menções honrosas fora do top 10, mas que merecem sua minima atenção:

Daniel Avery – Together in Static

Esse eu descobri por total arbitrariedade dos malditos/benditos algoritmos, que por algum motivo que ultrapassa minha compreensão, acham que gosto de musica estranha eletrônica. Erraram e acertaram, mas esse Daniel foi grata surpresa. Seu som pega ali pela cauda do Future Sound Of London, pelas barbatanas do Aphex Twin e se agarra nas cabeleiras do Brian Eno num mix de ambient music calminho mas nervoso com um tecno pesado e lento e uma fumaça seca vinda das batidas bem resolvidas na sala de comando. Ótimo disco de um ótimo artista de música eletrônica de verdade.

Courtney Barnett – Things Take Time, Take Time

E a talentosa e incrível cantora, compositora e guitarrista australiana lançou mais um daqueles discos que todo o mundo que gosta de rock e indie-rock vai comprar, ouvir de vez em quando e acessar daqui há alguns anos com aquele sorriso e prazer de escutar uma velha amiga trazendo suas canções sensacionais e simples. Ainda me incomoda um pouco o jeito com que Courtney termina suas frases sempre caindo, o que acabou por virar sua marca registrada e um pouco do seu charme, as vezes fica soando como um cacoete que talvez impeça ela de alçar voos maiores dos quais ela é totalmente capaz.

Mogwai – As The Love Continues.

Eis que de repente, essa veteraníssima banda escocesa de “post-rock”ou instrumental barulhento que faz suas músicas conforme as marés de guitarras pra delimitar os barulhos altíssimos e os silêncios abissais conseguiu com esse disco que não é muito melhor e nem muito pior que seus outros 10 ou 22 que eles já fizeram, alcançar o topo da parada “normal” britânica. no inicio do ano. Baita feito! O Mogwai por absoluta preguiça desse que vos escreve foi o disco que mais ouvi sem ouvir no meu Spotify.

Sam Mehran – Cold Brew.

História triste acerca desse jovem talento. Sam já não está entre nós desde 2018, quando lamentavelmente resolveu dar fim a sua estadia no Planeta Terra. Esse álbum é um conglomerado de demos e ideias gravadas que sua família e amigos/parceiros encontraram em seu computador e a partir deles, colocaram no mundo um álbum póstumo que mostra o quão brilhante, confuso, bem-humorado e promissor trabalho esse jovem punk australiano-ingles-estadounidense poderia ter feito.

Bremer / Mccoy – Natten

Diretamente de Copenhagen, essa dupla de músicos/produtores dinarmarqueses com certeza, entregam ao mundo um belo exemplo de jazz/ambient/minimal/sul-escandinavo. Flertando forte com o eletrônico, com compassos longos, elegantemente distribuídos por faixas suaves e tensas, cometeram um belíssimo álbum pra se desligar do universo por alguns minutos e reorganizar os pensamentos.

Public Service Broadcasting – Bright Magic

Esse eu conheci no susto, o PSB é um grupo inglês que trafega pelas linhas da modernidade que atinge aquele público pequeno mas atento. Nesse 4º álbum, eles jogaram tudo que aprenderam de música alemã moderna e aquele clima inescapável de Bowie Low, em um disco vestido nos panos do eletro-kraut-pop chucrutês.

E agora nosso top 10:

  • 10. La Femme – Paradigmes

Esse não deve ter entrado em nenhuma lista, e até que eu entendo. O som dessa banda francesa tem um que de Garbage (pop + guitarra rock + roupa eletrônica velho) mas com ótimas soluções melódicas, bons vocais, alterando entre masculino e feminino (em algum momento parecendo um lance Gainsbourg-Bardot transando um swingue musical com Jay-Z-Alicia Keys), fazem desse álbum uma aberração em pleno 2021. Na real, esse disco parece um restaurante que serve sushi, vatapá e churrasco. Cada faixa parece uma coisa, unidade Zero, mas se as músicas sao legais precisar ter unidade?

  • 9. Iceage – Seek Shelter

Esse grupo dinamarquês tem trilhado pela fronteira do punk rock desesperado com hardcore lento há quase 10 anos e parecia feliz com esse caminho, até que um belo dia eles devem ter mudado a tarja da medicação, se trancaram em estúdio com a lenda da barulheira de pedaleira de guitarra Sonic Boom (Spaceman 3) e me saem com um inesperado e ambicioso álbum mezzo Stones-Their Satanic mezzo Spiritualized-Ladies and Gentleman com um tiquinho de gospel branco e acertam em cheio. Ótimas ideias melódicas, ótimas composições vindo em primeiro plano e propostas inéditas no seu som. O Iceage mostrou que tem mais a oferecer do que nós e acho que eles também achavam que tinham. Discasso pra ir degustando calmamente.

  • 8. Little Simz – Sometimes I Might Be Introvert

Adquiri minha carteirinha de jovem pra aderir ao hype Dua Lipa ano passado e como tava na validade usei pra aderir a Little Simz esse ano. Brincadeiras a parte, Little Simz não tava no meu radar musical até pessoas de gostos e origens ultra distintas começarem a trazer o nome da moça a tona. Parei pra ouvir e gostei. Rap com elegância, boa produção pensada e arquitetada pra colocar a artista em uns degraus acima de onde estava. O disco tem aquele cheiro de Miseducation of Lauryn Hill mas faltou aquele hit pra furar todas as bolhas e coloca-la no primeiro plano de todo o mundo.

  • 7. Dazy – The Crowded Mind

Total inclusão de ultima hora e já estou absolutamente in love por esse jovem artista residente de Richmond – Virginia. Power pop, guitar rock com cheiro de Sugar, de Pixies, De Jesus and Mary Chain, guitarras altas, ardidas e precisas, senso pop aguçado, bons ganchos e refrões, duvido que você encontre por ai algo tão apaixonante.

  • 6. Illuminati Hotties – Let Me Do One More

Sarah Tudzin é a cantora, produtora, guitarrista e engenheira de som que lidera o Illuminati e que já coloca sua deliciosa e esporrenta guitar band entre os meus shows-objetos-de-desejo pra quando conseguirmos sair do nosso casulo e podermos ver um show em algum país distante com população vacinada contra a Covid. Guitar rock dos bons, vocais como tem que ser, a moça enche nosso peito de esperança que se todas as guitarras elétricas e demais geringonças caírem nas mãos certas, teremos musica boa sempre.

  • 5. Silk Sonic – An Evening with

Projeto dos craques Bruno Mars e Anderson Paak, que resolveram juntar em música pop, todo o ouro que eles absorveram a vida inteira vindo de Commodores, Gap Band, Manhattans, Floaters, Temptations, Isley Brothers e dos inúmeros grupos musicais da Filadélfia setentista e ainda colocaram aquela malicia, aquele tempero em composições que passariam por pastiches sonoros em mãos erradas, mas que no colo dos dois temos o disco black pop mais delicioso em anos. Eles vão continuar suas carreiras vitoriosas solos, mas se de vez em quando se juntarem pra mais discos como esse, ficaremos aqui na geral gritando gol toda a vez.

  • 4. Floating Points, Pharoah Sanders and London Symphony Orchestra – Promises

Anotem ai, Promises vai ser um daqueles discos que ouviremos falar muito em alguns anos, pois é absolutamente anacrônico que um álbum que traga um cara que tocou com John e Alice Coltrane, Sun Ra, reinventou a parada do jazz e do free-jazz como Pharoah que saiu da sua toca pra dar moral para um produtor de musica eletrônica talentoso mas que tava ali na beirada e que colocou na paleta do Pharoah e na estante dos músicos da London Symphony Orchestra uma peça minimalista eletrônica, longa, lenta, de intervalos sônicos doces e chapados e atemporais cujo resultado é a beleza revestida de pequenas capsulas pra deleite que só os muito pacientes conseguirão apreciar. Vem pra essa turma!

  • 3. Mdou Moctar – Afrique Victime

Diretamente de Agadez, no Niger pais ali da Africa Ocidental, vizinho do Mali, da Nigéria e do Chade me sai um dos mais incríveis discos de rock com cheiro sessentista, guitarristico e que não parece com muita coisa que eu tenha ouvido vindo ali da região, e olha que de lá saiu o Tinariwen que é literalmente de outro mundo. Multi-cultural, com gravações em Los Angeles e estadia pela Europa, o Mdou Moctar sai em turnê pelo mundo esse ano, o que deve levar a banda a outro patamar. Merecido. Discasso!

  • 2. Parquet Courts – Symphathy for Life

Outra banda indie chegando aos seus 10 anos de existência e soltando um petardo. Na real, eles não lançaram discos ruins, mas fazia tempo que eles não acertavam tão na mosca, acho que eu não ouvia um disco deles tão bom assim desde Light Up Gold no longínquo 2012. No Parquet tem um pouco de tudo o que é bom: Power Pop, new wave revisitada, guitar rock, low-fi 90’s e ainda cabe umas experimentações maneiras no lado B. Refrescante, arejado e legal. É de mais bandas como o Parquet no mundo que a gente precisa.

  • 1. Black Midi – Cascade

Se existe uma banda que faz um som quase totalmente original dentro do que ainda é possível fazer de original considerando todas as limitações impostas pelas décadas de experimentos rock do passado repleto de boa musica e boas ideias e dentro do uso dos mesmos instrumentos usados por todo o mundo desde sempre, o Black Midi chega ao seu segundo disco muito parecido com o que já tinha feito no seu álbum de estreia, mas isso não significa necessariamente um problema, já que ambos os discos são perturbadores, criativos, improváveis em seus contornos e decisões e fazem da banda, uma das mais instigantes e recompensadoras experiências sonoras não só desse 2021, mas desde seu surgimento.

Como se diz, essa é uma banda que cobra um ingresso caro pra adentrar ao seu som, não é tão palatável ou superficial, mas uma vez dentro da proposta sônica da banda, tudo fica mais claro e melhor.

Vida longa ao Black Midi.

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2020 ainda não acabou…

Enquanto ficamos todos confinados, voltei pra decretar que 2020 até agora estava surpreendentemente incrível musicalmente falando. Muito melhor do que eu poderia imaginar e isso se deve ao fato de finalmente começar a aprender a usar minimamente algumas das novas tecnologias de buscas e indicações dentro dos streamings.

Além de achar fontes certas pra domar parcialmente esse monstrengo tentaculoso “algoritimico” e tirar proveito dele.

O entusiasmo é tanto que fiquei com uma pontinha de tristeza em não conseguir assistir ao show do Black Midi, que teve suas datas por aqui canceladas. Sem falar no Idles, que já acompanho há mais tempo.

Assim sendo, mesmo com os lançamentos sendo adiados, Record Store Day jogado pro segundo semestre e alguns discos ainda saindo online, dá pra pinçar aqui os melhores acidentes musicais de 2020 nesse primeiro trimestre.

Tem um pouco de tudo, de banda véia soltando música boa, gente que nunca ouvi falar na vida dando e gente que nunca imaginei que fosse escutar pintando por aqui.

Listei aqui as 15 melhores tracks desse começo de ano:

15. The Homesick – The Small Exercise

Direto da Holanda, esse trio proporcionou um segundo trabalho bem bonitinho, tão bonitinho que chamou a atenção da Sub Pop que já tratou de lançar logo em janeiro esse belo apanhado de pop psicodélico adocicado e bem trabalhado. Ao vivo é mais rapidinho, mas igualmente interessante.

 

 

14. MH The Verb feat China Kovax / Drusef – Affirmations

MH the Verb, ou Marcus Harris é mais um artista dentro da imensidão do universo Rap / Hip Hop norte americano. Produtor, ativista e rapper, trilha aquela linha mais “chique”, flertando com jazz, space funk e se ligando em gente boa tipo Hypnotic Brass Ensemble e Kid Cudy. O disco é médio, mas essa track é ótima. Progressão de tecladinhos vagabundos com uma batida bonita.

 

 

13. Ozzy Osbourne feat Post Malone – It’s A Raid

Quem apostava que o senhor Osbourne tava com os dias contados, tenta a sorte. Ele não só saiu de mais uma, como me soltou um disco bem razoável (Ordinary Man) para os padrões atuais de rock e do próprio Ozzy. Entre algumas faixas ruins e outras mais decentes, ele cometeu It’s A Raid, que é uma das melhores músicas de Mr. Ozzy em décadas e não perde pontos mesmo dividindo os vocais com o pior artista da historia da musica pop, aquele bolha do Post Malone (um mix de rapper, popstar com pinta de chefe de cozinha de food truck de quinta). A faixa é rápida, tem um vertiginoso andamento num refrão mais longo e mesmo com o peso morto Malone usando todo o pró-tools possivel e existente pra tentar segurar sua voz frouxa, a faixa não perde qualidade.

 

 

12. Mdou Moctar – Ibitlan

Direto de Agadez, Nigéria, surge mais um fruto do maravilhoso selo Sahel Sounds, especializado em gravar e lançar o que há de mais moderno na música do continente africano. Rock, blues do deserto e tuareg music, Mdou injeta peso e ritmo a esse caldeirão intenso de rock que tem no Tinariwen, o seu mais bem sucedido combo.

 

 

11. Of Montreal – 20th Century Schizofriendic Revengoid-man

Pesquisando antes de coloca-los aqui na lista descobri que o Of Montreal existe e lança albuns desde 1997, e não tem metade da badalação que outros neo-psicodelicos tem, mas continua com produção consistente e continua. Esse ultimo play é médio, uma tentativa de correr na onda do Tame Impala, mas essa faixa é uma delicia de indie pop dançante.

 

 

10. Haim – The Steps

Confesso que nunca tinha dado muita atenção para o trio feminino Haim. Sempre tinha achado muito superestimado e metido a chique, mas agora me rendo: essa faixa é uma delicia, tem um ótimo refrão (coisa quase extinta entre os artistas jovens de pop), lembra muito a Sheryl Crow dos primeiros discos. Legal, despretenciosa e bem cuidada, The Steps pode antecipar um ótimo disco a seguir.

 

 

09. Melt Yourself Down – Crocodile

Direto de Londres, esse combo multi-racial composto por músicos que tocam em diversos projetos pra lá de legais como The Comet Is Coming, Mulatu Astatke e Sons of Kemet trazem uma velocidade punk a um som que flerta com jazz e sons africanos pra atualizar e repaginar o jazz ingles, com temperos cosmopolitas. O 3o album deles sai ainda em Março, se o corona deixar.

 

 

08. Gorillaz Feat. slowthai and Slaves – Momentary Bliss

Toda a vez que o Gorillaz bota algo novo na rua é certeza de coisa boa e essa primeira faixa não decepciona. Trazendo duas estrelas ascendentes da música inglesa, o rapper slowthai e a banda Slaves, o Gorillaz consegue se renovar e resignificar sua música para as novas gerações, assim, se mantendo relevante, fresco e eternamente interessante. Esperando muito pra ver o que Damon Albarn e convidados vão trazer para essa primeira empreitada do Gorillaz da nova década.

 

 

07. The Lemon Twigs – The One

Deus, que delicia de música! Os irmãos D’Addario tem buscado o pop perfeito desde seus primeiros discos. Praticando o tal “Power Pop”, a dupla acerta com tudo nessa ensolarada emulação de Emith Rhodes e Todd Rundgreen (não tem como errar né?).

 

 

06. Grimm Grimm – Death and Scenery

Koichi Yamanoha é um japa cheio de melodias tristes na cabeça. Ao se mudar de Tokyo pra Londres, com a cabeça cheia de Krautrock, experimentalismo nipônico e pop  barroco, caprichou num disco cheio de sons etéreos, baladas agridoces e estranhas justaposições de instrumentos antigos com teclados futuristas. Ginomours é seu terceiro album e traz dentre outras, uma luxuosa participação da musa indie Laetitia Sadier (Stereolab). To quase pra afirmar que o disco todo é muito bom, mas até o fim do ano voltamos a ele.

 

 

05. Napalm Death – Logic Ravaged by Brute Force / White Kross

E tem pra tudo nesse 2020. Agora o que é esse novo EP do Napalm? Banda histórica e mega importante de Birmingham. Revolucionou o rock pesado no começo dos anos 80 inventando o grindmetal, segue carreira saudável há quase 4 décadas e me vem com uma castanhada das boas. Além da música nova ser uma das melhores deles em mais duas décadas, ainda me fazem uma versão de White Kross do Sonic Youth que liga os pontos das duas bandas de um jeito que eu nunca tinha imaginado ser possível. Coisa de gênio, só isso.

 

 

04. Disclosure – Tondo

E 2020 tem realmente sido o ano das grandes voltas e o Disclosure chegou chegando! Já tem um Ep interessante nas plataformas, bem pra cima. Agora essa versão remix de um afro dance beat obscuro do artista camaronês Eko Roosevelt Louis, da faixa originalmente chamada Tondoho Mba vai dar o up que precisava tanto para o Disclosure quanto para o Eko. Obscuridade afro da pesada para as pistas modernas do mundo todo.

 

 

03. Bambara – Heat Lightning

Diretamente do Brooklin, mais uma banda de rock a emular os anos 80, o guitar-rock, o showgaze e o pós-punk. Já faz um tempo que eles tão tocando, mas agora acertaram no alvo, já escutei quase o disco todo e é uma beleza… guitarras potentes, baixo alto, bons vocais. Bela banda pra se esperar nesse 2020, se tivermos ainda um 2020 né?

 

02. The Psychedelic Furs – Don’t Believe

De tudo o que eu ouvi nesse 2020, acho que essa nova faixa do Psychedelic Furs foi de longe a que mais me comoveu. Banda espetacular que fez 3 discos incríveis entre 1980 e 1985, deu um ultimo suspiro em 1989 e entrou num grande hiato. Há alguns anos voltou as atividades com bons shows pela Europa e EUA, mas tava devendo música nova. Agora não deve mais nada, Don’t Believe traz toda a essência dos Furs sem soar datado ou de outro tempo e entra direto entre as melhores que a banda fez desde sempre. Melhor que essa volta, só consigo me lembrar da volta do Echo & The Bunnymen em 1997.

 

01. Bc Camplight – I Only Drink When I’m Drunk

Esse cara me foi apresentado como dica do algoritmo do Spotify que me “sugeriu” esse som como uma “possível” opção que eu iria gostar. Fiquei absolutamente impressionado, não só com a música que é incrível, mas com o algoritmo também (to até meio assustado). Lendo e indo conhecer mais sobre ele, vi que já fez trampos com Sharon Von Eater e War Of Drugs (gosto dos dois), e que entre períodos de reclusão, costuma soltar trabalhos solos. Já tem duas músicas em 2020 e que promete, se todos chegarmos vivos até o fim do ano, será um dos melhores achados musicais. Guitarras, vocoders e pianos dão a cama para esse folk do século XXI em que a composição se apoia em bases diferentes, me lembrando bastante a abordagem do Grandaddy e Magnetic Fields, pra citar duas que eu gosto.

 


Os melhores acidentes musicais de 2019.

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Depois de um longo mas não tenebroso inverno, resolvi voltar a batucar um monte de achismos aqui nessa página.

A desilusão em produzir conteúdo depois de tanto tempo fazendo veio de uma preguiça cavalar, somado a novas atividades profissionais que deixaram o tempo disponível para isso cada vez mais escasso e raro.

Mas, sem prometer muito, vou vez ou outra voltar a escrever por aqui. Vai que alguém ainda se interessa né?

E pra voltar, nada melhor que uma listinha de melhores do ano.

2019 teve mais coisas a celebrar do que eu pensava, mas tá mais que na hora de olharmos para esse momento com olhos e ouvidos arejados pra entender que, se o jeito de lançar musica mudou, o jeito de qualificar também mudou.

Acho que não faz mais sentido classificarmos como “melhores álbuns”, ou “melhores canções”. Tá tudo meio híbrido, quase nenhum artista tem essa vontade toda de produzir álbuns e na real a grande maioria não tem mais essa competência. Se voce pegar todas as listas que já andaram pipocando e pinçar o primeiro lugar dessa lista, duvido que seja um disco ótimo de cabo a rabo.

A gente quer que seja, mas na real, forçamos um pouco a amizade pra agradar nossos critérios velhos e desatualizados.

Ex máximo: Ghosteen, novo album do Nick Cave and the Bad Seeds. Album que levou o primeiro lugar em diversas publicações e sites especializados. Sendo muito fã de Nick como eu sou, e com muito boa vontade, esse disco não consegue ficar nem entre os discos médios que andou lançando no meio da década de 2000. Além de ter pouquíssima relevância com o hoje, parece deslocado e escolhido por absoluta preguiça ou falta de alternativas.

Na verdade, o que pecamos é continuar a pensar em rankear as coisas através de critérios que são irrelevantes, ou quase.

Assim, resolvi arriscar no que me pareceu mais óbvio e seguir as tracks mais relevantes e que mais falam com esse 2019 louco que encerra a segunda década dos anos 2000.

Então sem mais delongas, lá vai:

15. The Specials – Black Skin Blue Eyed Boys: Só o fato do Specials ter voltado depois de anos sem lançar nada já seria uma boa noticia, mas ficou melhor ao sabermos que essa banda ícone do movimento Ska Ingles, voltou com um decente disco que mescla covers e inéditas e que ainda chegou a um primeiro lugar nas paradas inglesas. Destaque pra essa cover da banda de soul/rock The Equals. Mais do que adequada aos dias de hoje.

 

14. The Comet Is Coming – Summon The Fire: Dentro do que se entende por jazz, esse trio londrino se encaixa perfeitamente por captar elementos do gênero, joga-lo na rua e fazer algo novo e bom! Baita banda, ao vivo deve ser eletrizante. Funk, espacial, eletrônico, experimental. Assinaram com a Impulse! um dos mais importantes selos de jazz, alguma coisa deve ter por ai.

 

13. Coldplay – Arabesque: Nunca imaginei na minha vida que eu ia associar Coldplay com algo bom, mas não é que nesse disco atrapalhado, meia boca e cheio de exageros, eles fizeram um track incrível? Longa, despojada, meio jazzy e nem parece com a banda. Por isso que é bom? Talvez. Fato é que essa música é melhor do eu poderia supor que a banda conseguiria entregar nessa altura do campeonato.

 

12. The Chemical Brothers – Free Yourself: Mais um que fazia tempo não apresentava nada de muito bom e que esse ano resolveu fazer música pra lá de boa. O album é médio, mas essa faixa e esse clipe são incríveis e por isso já vale a presença aqui nessa lista de acidentes. Trazem aquele frescor que os lançaram nos anos 90 e os transformaram num dos mais artistas mais importantes daquela década.

 

11. Black Alien – Take Ten: A música brasileira vai melhor do que se imagina, muita gente interessante fazendo música pelo subterrâneo. O veterano rapper carioca volta com um disco rotundo e contundente que já virou peça rara de colecionador. Essa é a que mais gostei do play, mas tem mais umas 3 que poderiam seguramente estar aqui. Folego, discurso e som. Black Alien arrebentou!

 

10. Hot Chip – Why Does My Mind: Outro “veterano”da geração anos 2000 que tirou um belo punhado de sons da cartola. A Bathful of Ecstasy é uma bela coleção de synth pop escapista e melancólico que há muito eu não ouço por ai.

 

09. Michael Kiwanuka – Rolling: O disco é bom, não é incrível, mas o guitarrista e “soulman” já tem grande bagagem tocando seus projetos como em parceria a outros artistas. Essa faixa é deliciosa e lembra muito o Beck dos anos 90, boa levada, som gostoso da cozinha e timbres precisamente escolhidos. Nostalgia 90’s.

 

08. Danny Brown – Best Life: Já acompanho esse moço há alguns anos e ele não decepciona. Dentro do Rap, dá pra cravar que é o que conseguiu produzir mais música boa de todos os seus pares. Menos badalado que Kendrick Lamar, menos popular que Kanye West, Danny segue beirando o mainstream sem perder a qualidade.

 

07. Wayes Blood – Andromeda: Tenho andada há um tempo viciado nessa canção, principalmente na volta do trabalho pra casa. Balada linda que lembra um pouco o This Mortal Coil, Cocteau Twins, meio eletrônico e dream pop com uma Karen Carpenter moderna cantando com muita alma. Banda promissora. Aguardemos mais.

 

06. Spielbergs – Distant Star: Talvez a canção mais rock de 2019, indicação do meu chapa André, que costuma caçar bandas novas na esperança eterna de encontrar um bom show de gente jovem que ainda não abandonou as guitarras. Spielbergs tem energia, toca alto e fez um quase clássico do indie rock anos 2000. Lembra muito o Superchunk, mas isso não tira o mérito deles, pelo contrário. Respeito máximo!

 

05. Fontaines D.C – Liberty Belle: Sem medo de errar, dá pra cravar fácil que esse álbum de estreia do Fontaines D.C. chamado Dogrel é o melhor disco de rock que ouço em um bom tempo. Achei até melhor que o do Shame (Songs Of Praise – 2018). Guitar rock com bateria alta, baixo corrido, vocal meio falado. Boas referencias do que veio ali atras, mas com jeito fresco e novo. Tem tudo pra ser grande, se for, sorte nossa!

 

04. Purple Mountains – All My Happiness is Gone: Acho que a história por trás desse projeto é tão fantástica e trágica quanto a música. David Berman, cantor, poeta, escritor e guitarrista que há um bocado de tempo teve uma banda sensacional chamada Silver Jews e que depois de 10 anos sem lançar nada, botou no mundo esse belo e cuidadoso álbum/projeto Purple Mountains. Dois meses após o lançamento, David, que já vinha de histórico complicado, cometeu suicídio. Beleza precedida de fim trágico, difícil não escutar essa canção e ficar impassível. Uma das mais bonitas composições que escuto em anos.

 

03. Céu – Coreto: Gênia! A cantora e compositora Céu está construindo uma carreira discográfica absolutamente marcante e diferente de quase todos os artistas em atividade no Brasil e no mundo, inclusive muitos citados aqui. Ela ainda consegue ter fôlego e tarimba para lançar um disco bom de cabo a rabo! Alias, mais um disco incrível de cabo a rabo. A canção pinçada aqui é um belo crossover de soft rock e pop moderno. Uma ótima letra, mas acima de tudo, um andamento e um crescente pra chegar no refrão mais surpreendente do ano. Gruda mais que chiclete.

 

02. Idles – Mercedes Marxist: O Idles é a banda de rock mais importante do mundo já faz um tempo e eles continuam não decepcionando. Letras profundas com um instrumental pra lá de urgente. Esse ano de 2019 eles lançaram só um compacto com duas pauladas. Uma delas, gerou esse clipe maravilhoso. O único motivo que me tiraria de casa pra assistir ao Lollapalooza 2020 no Brasil é saber que eles vão estar por lá. Deve pintar show deles em alguma casa menor por aqui, estarei lá batendo cabeça.

 

01. Billie Eilish – Bad Guy: Toda essa ideia de “acidentes musicais” me veio com mais força graças a essa “pirralha”. Seu disco fez a cabeça de muita gente, a mídia se derramou de amores por ela, e Billie é a atual queridinha de grande parte de adolescentes sofredores mundo a fora. Sua carreira tem sido dirigida meticulosamente, nada disso é feito ao acaso, mas independente de ser “de verdade”ou não, i don’t care. Bad Guy é a música mais 2019 de 2019. Tem tudo que precisa pra representar esse fim de década. Minimalista, seca e que traz um fiapo de melodia com uma construção vocal cansada, preguiçosa e entediada que culmina com o refrão mais importante dessa geração.. “Dãã”. Uma expressão de desprezo que diz mais do que muito bla-bla-bla vazio. Irresistível.


E Janelle Monáe lacrou 2018.

Ao elencar todas as qualidades de Janelle Monáe corro o risco de esquecer de alguma, mas lá vão elas:

Ótima cantora: com um timbre que vai do agudo ao médio com muita firmeza e personalidade.

Eximia dançarina: corpo escorregadio, ágil que se move com a perfeição e a naturalidade de outros craques do movimento e da canção.

Linda: dio mio, que moça linda. Além de linda, é estilosa e elegante;

Criativa e ousada: não basta só lançar um album, de quebra veio com um mini filme de 48 minutos, misturando música como uma trilha de fundo para um Sci-fi sobre pessoas diferentes expurgadas de uma sociedade num futuro distópico.

Há muito tempo não surge no universo pop, alguém tão determinada e com tantos talentos naturais como ela.

Janelle já tem carreira de gente grande, álbuns e canções de gente grande e até aqui nenhum vacilo musical nas costas.

Com sua tenra idade, essa moça do Kansas de 32 anos chega ao seu ápice criativo. Com seu terceiro álbum Dirty Computer, ela vem com os dois pés no peito e mostrando que o que era bom, ficou melhor, mais séria e mais dona do seu trabalho.

Participando ativamente das composições e da produção, Dirty Computer é um luxuoso e potente exemplar de soul-pop moderno, urbano e feito dentro de seu tempo e espaço.

Ouso comparar esse trampo dela a Prince no auge (ali pelo Sign o’the Time), Madonna com seu Erotica ou com o Outkast em Speakerboxx/Love Below justamente por conter elementos comuns a essas três obras primas que é a incrível capacidade de fazer pop, soul, e electro encapsular o presente e o momento e transforma-lo em som e em arte.

Juntamente a essas obras, Dirty é um disco que pertence ao seu tempo atual, que é o final dos anos 10 do século XXI, assim como foram igualmente impregnados em seus períodos, os álbuns de Prince (80s), Madonna (começo dos 90) e Outkast (começo do anos 2000).

Graças as tecnologias disponíveis para se produzir um álbum em grande nível e a sua bagagem, Monáe entrega um petardo quente e maravilhoso, que supera o seu já brilhante mas pouco ouvido The Archandroid (2010).

Só pra esbanjar, a moça conta com participações especiais de Brian Wilson (fazendo seus vocais agudos lindos na faixa de abertura, Dirty Computer), Pharrell Williams em I Got The Juice, Grimes em Pynk e ainda uma palhinha de Stevie Wonder numa vinheta não creditada.

Como tudo na música pop atual, ninguém faz mais nada sozinho, o álbum tem 9 produtores espalhados pelas 14 faixas, ficam 10 se contar a própria Monáe.

O risco de tanta gente pra produzir, é de que o disco poderia ficar com muitas sonoridades diferentes e perder a identidade, mas isso está longe de acontecer aqui.

Transitando sob influências de funk dos anos 80 em Make Me Feel, pop eletrônico dos anos 2000 em Screwed e Take a Byte, guitarras e ambiências a la Mike Oldfield na faixa So Afraid, rap em I Got The Juice e Django Jane, o álbum traz aquela sensação de se ouvir algo muito especial e que todo o mundo que é fã de musica pop espera ouvir num álbum desses.

A faixa de abertura com Brian Wilson é no mínimo ousada, se for pensada como opção comercial, mas é um acerto na mosca. Aproxima a tradição vocal norte americana com um mundo moderno que permite “apropriações” de diversas culturas para criar algo novo, além de render um casamento vocal inusitado e bonito.

Agora o creme mesmo está na deliciosa Make Me Feel, canção que faria o Prince levantar do tumulo para aplaudir. Batidas secas, vocal que começa abafado e vai crescendo, quebras de ritmo combinadas com uma dinâmica esperta que faz dançar, ouvir, prestar atenção, estalar os dedos, quase tudo ao mesmo tempo.

Janelle lacrou no melhor sentido. Espirito certo, discurso certo, visual certo. Realmente é difícil imaginar que possa aparecer outro álbum pop tão bom quanto esse nesse ano.

 


Discos de 1998 que não Envelhecem.

Um grande amigo, Igor Oliveira, tem com outros chapas um programa no YouTube chamado Feio Forte & Formal Show em que 4 rapazes barbados já vividos comentam sobre diversos assuntos ligados a música, cinema, cultura pop e etc. O link está aqui:

https://www.youtube.com/channel/

Apesar do programa ser muito longo (quase duas horas), os rapazes esbanjam conhecimento e bom humor pra tratar desses assuntos.

Bem, nesse ultimo episódio exibido ontem, eles trataram de álbuns importantes lançados em 1998, e suas ligações afetivas com eles e a primeira coisa que salta aos olhos ou aos ouvidos é: que período fantástico para quem era fã de disco!

Algumas bandas estavam no seu auge criativo e lançaram álbuns espetaculares: Beastie Boys com Hello Nasty, Smashing Pumpkins com Adore, Jon Spencer Blues Explosion com Acme e Afghan Whigs com 1965, outras estreavam quebrando a banca, como o Air e seu Moon Safari e Lauryn Hill com seu multiplatinado The Miseducation of.., e outras mais veteranas lançavam bons discos como Rocket From The Crypt, Fugazi e Orbital. Todos esses ficaram de fora da listinha dos meus melhores de 1998… vai vendo.

Num mundo pós-Ok Computer, ficou difícil agradar a mídia especializada. Tudo tinha que ser muito elaborado, diferente e fora do comum. Apenas fazer boas canções já não bastava mais, assim muita coisa boa passou batida pelas “listas”, mas não saiu dos corações de seus fãs truzeras!

Lembro que foi um ano que acompanhei de ponta a ponta, consumindo muito os discos dessa época quase semana a semana. Sim, foi uma bom momento para ser Nerd musical, realmente os lançamentos valiam a pena.

Inspirado por esse programa dos amigos barbudos, resolvi listar meio sem ordem de preferencia, quais são os meus favoritos daquele grande ano:

Bob Dylan – Live 1966 At Royal Albert Hall: Mesmo não sendo um álbum feito em 1998, ele só viu a luz do dia em 1998. Causou comoção, principalmente por ser um documento importante de um período explosivo do senhor Zimmerman. O artista fazia a transição entre o folk e rock e desagradou muitos fãs puristas (no video acima dá pra ouvir o bate-papo de Dylan com um ex-fã). O momento do embate de Dylan com a plateia é absolutamente memorável e algumas das mais explosivas versões do repertório dylanesco estão nesse play.

 

Delgados – Peloton: A Escócia teve um período de ouro nesse ano com artistas importantes e uma bela “cena” dentro do mundo indie: Belle & Sebastian, Mogwai, Arab Strap, dentre outros. De uma ótima banda de guitar rock, o Delgados virou uma grande viagem psicodélica com nuances de rock, e excelentes composições. Uma das minhas favoritas desse período.

 

Mercury Rev – Deserter’s Song: Acabou virando o “sucessor” do Ok Computer no coração do jornalismo indie mundial. Banda americana muito foda, que começou barulhenta, violenta e intensa que passou pelo raio “progressivo-radiohead” e manteve uma intensidade junto a um lirismo e tons viajantes que caiu como uma luva no período. Ganhou como disco de ano em diversas publicações, hoje ficou meio datado, mas continua muito bom.

 

Massive Attack – Mezzannine: Talvez o melhor e mais completo resumo do ano. O Massive Attack em seu supra sumo. Saindo do seu “padrão” trip hop, o trio de Bristol incorporou no seu som, tons de gótico, o grave do Dub eletrônico, nuances de “perfect Pop”, orquestras bizarras setentistas e criou uma nuvem sonora imbatível. Ainda hoje, é um disco assustadoramente lindo.

 

Pulp – This is Hardcore: O disco flopou na época. A expectativa em torno de Jarvis Cocker e sua trupe era muito grande, Different Class, seu álbum anterior de 1995 foi um dos mais importantes registros sonoros da decada e supera-lo não seria uma tarefa fácil. This Is Hardcore é mais completo e até mais bonito que Different Class em grande parte do álbum. A linha do álbum é uma espécie de cabaré indie, tipo Morris Albert com David Bowie, canções dramáticas e algumas das letras mais inacreditáveis dessa década.

 

Hole – Celebrity Skin: O álbum foi muito bem de público e passou sem cicatrizes da feroz critica musical patrulheira da época. Hoje, Celebrity soa muito melhor que na época. Disco simples de rock com excelentes canções, muito bem estruturadas e feito para tocar para grandes plateias. Courtney definitivamente não vivia na sombra do ex-marido falecido, tinha personalidade e entregava uma interpretação esforçada e muito convincente, de quebra, tem algumas das canções mais sorridentes e deliciosas daquele ano como Heaven Tonight e Malibu.

 

Elliott Smith – XO: Mais um pra lista de artistas que “Deveriam ter sido muito maiores do que foram”. Brilhante compositor, excelente interprete de suas musicas, baita violinista. Tudo certo! Tinha feito dois álbuns incríveis e estreava por uma Major. Produção esmerada, canções suaves, bonitas e vários hits potenciais. Elliott fazia ombro com outros bardos do passado como Nick Drake e Tim Buckley, sem o niilismo do primeiro e sem o gogó do segundo, Elliott estava no meio do caminho. E por lá ficou. Na época o disco não foi tão bem recebido, mas ganhou reconhecimento tardio.

 

The Ghastly Ones – A-Haunting We Will Go-Go: Esse deve ter sido um disco que só eu e mais uma meia dúzia de malucos ouviram na época. Mistura de surf music com temas de filmes B de terror. Hoje o disco é uma raridade, com tendências a virar um “semi-cult” dentro em breve.

 

Pj Harvey – Is This Desire?: O disco é ótimo, continua sendo ainda hoje, mas na época não sei o que a tal “mídia” queria que ela fosse, pois o álbum passou despercebido por todos. Grande injustiça, esse play estabeleceu a PJ como a artista de rock mais “adulta” da década. O salto de maturidade musical foi enorme e abriu caminho para que ela produzisse duas obras-primas de sua carreira na sequencia: Stories From The City, Stories From The Sea (2000) e Uh Huh Her (2004).

 

Quasi – Featuring “Birds”: Bandinha de festinha. Dupla formada por dois músicos de Portland, dentre eles Janet Weiss, batera do Sleater-Kinney. Canções incríveis, very “indie rock” antes do gênero virar um bumba meu boi. Guitarras ardidas, fofura suficiente pra não estragar o som e agradar aos boys e as girls do rock.

 

 


E o Arctic Monkeys finalmente Loshermanizou seu Som!

 

E esse dia parece que acaba chegando pra toda a banda indie, e dessa vez a nova banda a ingressar ao processo “Los Hermanizador” foi a ultra consagrada Arctic Monkeys em seu sexto e recém lançado Tranquility Base Hotel & Casino.

Antes de mais nada, isso não necessariamente é algo muito ruim, pelo menos não foi pros Monkeys.

Nada melhor do que ouvir com tempo antes de emitir uma opinião, pois em tempos de velocidades ultra de informações e opiniões onde tudo o que vc posta e escreve vira verdade, tudo tem que estar definitivamente definido, pensado, triturado, transformado e digerido quase ao mesmo tempo em que o disco sai, então um pouco de calma nessa hora é sempre a melhor saída.

Explicações complexas sobre a nova sonoridade dos Macaquitos do Ártico que pipocaram por ai, fariam inveja até aos próprios integrantes, que aposto que nem pensaram em tanta coisa pra chegar no resultado do novo álbum.

E o que vem a ser esse efeito “loshermanizador”?

Mais ou menos o seguinte: é aquele momento em que você consolida um som (bom, ruim, médio, não importa), cria um conjunto de informações sonoras que marcam sua obra e fazem com que seja identificado a distância e no meio da multidão de outros artistas como único, mas em algum momento voce se cansa dessa Tag e resolve dar uma mexida radical (tipo tocar guitarra que nem cavaquinho, teclado Moog que nem sanfona, fazer bumba meu boi com sequenciadores, por ai).

Uso o exemplo do quarteto carioca que chegou a um padrão sonoro indie raro (não que eu goste), com o Ventura e no álbum seguinte resolveu seguir um caminho oposto com o álbum 4. Que agradou um monte de gente por sinal e que desagradou outro tanto.

Outros artistas já “loshermanizaram” até antes do Los Hermanos existir: Legião com o álbum V, Metallica com Load, U2 com Pop, Radiohead com Kid A e por ai vai. A lista é grande.

Muitas vezes, se afastar do seu padrão pode ser bom para o artista que já está com a sonoridade padrão meio mais ou menos, e no caso deles, vem em boa hora.

Os últimos dois plays do Arctic Monekys são exercícios tediosos de indie atual, em especial o ultimo AM, que foi o mais bem sucedido disco no segmento “indie” nessa década (vai entender), mas é chato que dói!

Assim, o novo álbum cai como um alivio para meus ouvidos (não continua a pegada porcaria do AM e tão pouco do mediano Suck It And See, que tem boas ideias, mas dá sono da faixa 6 pra frente.)

Pra ser sincero, nunca fui um grande entusiasta de Arctic Monkeys, nem quando eles eram “bons”! Que é lá no começo da carreira deles, na época dos 2 primeiros discos: Whatever People Say… (2006) e Favorite Worst Nightmare (2007).

Com tudo isso, quero dizer que nas primeiras duas audições distraídas desse play, me agradou mais do que esperava, o que não era muita coisa também.

Tem até algumas músicas que passam como boas mesmo, com ótimos achados melódicos e de arranjo como Batphone, One Point Perspective ou Four Out of Five.

Lembra muito o prog pop do Camel dos anos 80 em alguns momentos, ou a virada para o pop eletrônico que o Mike Oldfield fez nos comecinho dos anos 80 também.

Como tenho gostado de ouvir sons assim e desse período, parece que esse novo do Arctic caiu gostosinho.

Talvez não seja o que os fãs de indie queiram ouvir hoje, mas tenho a impressão que esse talvez tenha sido o disco certo na hora certa. Ambient rock para acompanhar uma Era chata, retrograda e ao mesmo tempo repleta de “lacrações” nos discursos e “exageros” e padrões musicais horrorosos que parecem não ter fim.

Semelhante ao mundo que existia em 1980 e poucos: guerra fria ainda ativa mas mais fria que outrora, polarização política, radicalismos, intolerâncias, pretensas novas soluções para todos os problemas do mundo, padrões musicais no pop estacionados numa sonoridade única, etc e etc…

Tranquility vem absolutamente na contramão, oferecendo um travesseiro e uma colchinha quentinha sonora sem sobressaltos e extremamente adulto na abordagem e na condução, o que faz o Arctic ganhar muitos pontos aqui em casa.

E convenhamos, pros dias de hoje tá bom demais!


Las Vegas é o tumulo do Rock!

O Lollapalooza18 me inspirou pro bem e pro mal a parir um monte de posts reflexivos sobre os dias atuais em nossa querida música pop dita “alternativa”, que de “alternativa” não tem é nada faz uma dezena de anos.

Desde questionamentos do tipo: Que Porra é Dj Snake ou Dillon Francis? Ou Era Pra ser legal o playback da Lana Del Rey? Ou Será que o Mundo Ainda tá Pronto pra Encarar um David Byrne de Frente? Ou Será que Pearl Jam e Red Hot viraram o Deep Purple e o Stones dessa geração?

Muitas perguntas, mas levando em conta que dos 4 ou 5 headliners da edição brazuca desse ano, dois são de Las Vegas, parece que todos os caminhos me levaram a insana cidade dos jogos e dos sonhos e do que de pior se fez e se faz no rock desde sempre.

A primeira imagem que vem a mente quando penso em Vegas é o Elvis decrépito, gordo, detonado, tocando um repertório pavoroso para uma plateia patética.

Curiosamente é sempre esse Elvis que seus imitadores ao redor do mundo pegam pra “homenagear”.

Até porque, quero ver quem seria homem suficiente pra imitar o Elvis dos anos 50, no gingado, na malicia e na voz.

Anyway, voltando ao ponto do post:

Las Vegas não tem nada de rock and roll.

A cidade é cafona, os cassinos são cafonas e as pessoas que vivem e vão pra cidade são bregas e cafonas nível Amaury Jr. e Rammy!

Não consigo pensar algo mais jacu que gastar dinheiro e ir pra Vegas (se bem que hoje considero Dubai ou Punta del Leste, outros dois destinos igualmente pavorosos).

Culturalmente a cidade só serviu de pano de fundo para filmes de gangsters (alguns bons, a maioria meia boca) e pra enterrar a carreira da maioria dos artistas que iniciam suas “temporadas” de shows por lá.

Só pra dar alguns exemplos: Celine Dion e Britney Spears estão por lá faz um tempo e curiosamente, há muito tempo não tem mais relevância alguma no universo pop mundial.

Não bastasse a cidade ser berço de bandas ruins, essas bandas fazem um sucesso mundial absurdo! Se ficassem só por lá, beleza, mas quando expandem seus limites e batem aqui no nosso quintal, aí é pra não deixar barato.

Las Vegas é o tumulo do rock e abaixo listei em ordem de medonhice, as piores coisas que vieram da cidade “Brega-Luz”:

 

  1. The Killers – A banda é bem mediana, em todos os sentidos, mas acertaram em pelo menos 5 hits irresistíveis, e só não ocupa lugares mais acima do ranking, porque fizeram Bones e When We’re Young, duas das melhores canções dos anos 2000. No mais, o Killers tentou recriar o rock-pop de arena ruim do Boston e do Asia.

 

  1. Five Fingers Death Punch – difícil definir a suruba desgracenta dessa porcaria, mas me lembra o Nickelback nos piores momentos, com o System of Down sem punch e mais um monte de neo-rock cheio de mensagens puras para o “povo americano”… quer um exemplo lindo: ouve essa versão de Offspring e vc vai começar a sentir uma saudade danada das bandas ruins dos anos 90.

 

  1. Escape The Faith – Essa e uma banda que me faz sentir saudades do Quireboys e do Poison. É quase um neo-farofa! Quase uma nova versão do “HairRock” dos 80s. Poser até o topo, imagino um monte de gente tatuada que vai adotar o som dessa porcaria como seus novos favoritos. Me dá ânsia só de pensar nisso…

 

  1. Panic! At The Disco – Essa já é ódio antigo, foi horror na primeira ouvida e o asco só continuou ao longo dos anos. Graças a artistas como Panic, Fall Out Boys e My Chemical Romance, o rock começou a bater pino, bico do avião pro solo. Fim dos tempos. O Panic faz tudo errado com coisas que adoro (adoro um som fru-fru vez ou outra, mas aqui eles pegam o pior aspecto), teatral (no Alice Cooper funcionou, no Marylin Manson funcionou, com o Panic parece uma sobra do circo Vostok) e por fim “punk pop?”, sem comentários. Enfim, não tem nem uma música boa e ainda tão por ai amedrontando a inteligência alheia entregando música de moleque em corpos envelhecidos. Patético.

 

  1. Imagine Dragons. O post foi só pra chegar a eles. Desde que surgiram eu não consegui entender como seres vertebrados conseguem gostar deles, assim como não consigo entender como tem gente que acha que a pessoa ser homossexual é porque é doente, e tão pouco quem acha que Bolsonaro deve ser presidente (Rimou!). Enfim, fato é que a banda já está no 3o ou 4o álbum e continua arregimentando uma multidão por onde passa. Há 20 anos, quando você queria ofender alguém ou alguma banda, bastava dizer que eles faziam um som pra “publicitário”, assim atualizando para os dias atuais, acho que o ID faz um som pra “designers thinkers” ou para “protagonistas da indústria 4.0” que trabalhem em empresas arejadas, com pufs e Coca Cola a vontade para todos (menos o pessoal da limpeza e segurança, que são terceirizados).


E tu sabes quem é Johnny Greenwood?

Já deixei de acompanhar o Radiohead há uns 5 álbuns, e pelo jeito, a grande massa indie histérica que sempre puxou um bonde pelo quinteto de Oxford também já começa a diminuir.

Há fofocas de bastidores que informam que a venda de ingressos para o show aqui em Abril estão “flopando”, sinal que a banda já não arrasta tantas multidões quanto outrora.

A “possível” falta de interesse somado a discos cada vez menos interessantes que o Radiohead solta, pode ser uma ótima oportunidade para outros membros da banda que não sejam o Thom Yorke mostrarem sua cara.

E nisso entra nosso “Joãozinho Varaverde”.

O guitarrista britânico deveria levar tanto crédito das mudanças radicais da banda e principalmente pela fase em que eles ainda usavam guitarras como instrumentos guia do que normalmente leva.

Além de exímio guitarrista e criativo arranjador, Joãozinho tem se enveredado pela área do terreno árido e cheio de oportunidades das trilhas cinematográficas.

Por que é terreno árido?

Basicamente porque tudo o que se faz nessa área tem sido mais ou menos igual há uma década. De barulhos enfadonhos, pomposidade infatilóide com uma pobreza harmonica e nenhuma tentativa de boas melodias.

Essa escola de trilheiros a la Hanz Zimler, Alexander Desplat e mesmo o falecido Jóhann Jóhannsson seguem um padrão chatissimo e que se tornaram quase uma fórmula, tanto para Blockbusters quanto para filmes de nicho, sejam europeus ou americanos de baixo orçamento.

Johnny chega fresco, cheio de boas ideias e isso tem o ajudado a construir trilhas pra lá de especiais em filmes igualmente especiais.

Desde 2007, ele tem cuidado da parte musical dos filmes de Paul Thomas Anderson, seguramente o melhor diretor de cinema em atividade no mundo hoje.

A parceria começou no especial Sangue Negro, trilha percursiva e vertiginosa, que praticamente dita o ritmo do filme ou acompanha na pinta o ritmo desse filmaço.

Trilhas ótimas que ele fez para O Mestre e Vicio Inerente pareceram ser treinos para o “tour de force” que viria a aparecer ano passado para Trama Fantasma.

Enveredado em música clássica contemporânea, misturada a rock avand-guarde e jazz cabeça, Johnny segue o baile da proposta de P.T.A. e dá uma guinada surpreendente nessa nova trilha.

O salto dado por Joãozinho é (com o perdão do trocadilho infame) assombroso!

O filme Trama Fantasma se passa ali no meio do século XX, e marca mentalmente e afetivamente um fim de uma era de classe vitoriana e mostra a relação de amor e posse entre um famoso alfaiate especialista em vestir realezas e a elite inglesa com uma humilde, mas determinada garçonete interiorana.

Essa historia de “amor” é pontuada lindamente pela música de Johnny e nos guia de forma inteligente e sensível por esse terreno clássico e de costumes rígidos e tradicionais.

Um dos muitos pontos altos do novo filme de Paul T.A. é sem dúvida a música, tanto os temas originais compostos pelo guitarrista, como a delicada e precisa escolha de peças de Berlioz, Debussy e John Adams.

Johnny entrega composições de rara beleza e que ombreiam com os mestres desfilados na trilha.

Outra qualidade rara de se ouvir hoje dentro da música clássica contemporânea, (alias, mais um terreno baldio árido, onde nada novo acontece há um tempão) é sua capacidade de criar melodias secas e bonitas, que trazem um cheiro do passado, mas estão ligadas a grama de hoje.

Seu estilo próximo a Messiaen ou nas obras mais suaves de Ligeti ou Debussy, Johnny mostra talento para melodias e experimentações, já que o rock, em especial o indie rock já estão mortinhos da silva, o guitarrista apronta novos caminhos pra continuar na música sem depender tanto dos shows do Cabeça de Rádio.

A trilha de Trama Fantasma é linda, tirada fora do contexto do filme é música grandiosa pra se ouvir numa viagem ao campo, acompanhando um dia de trabalho ou no silêncio de um dia de semana em que trabalhar em casa quietinho faz um sentido danado.

 


Sim!!! Há Esperança no Ar!

Fazia aproximadamente uns 20 anos que eu não ficava tão empolgado com bandas e artistas novos como eu tenho andado atualmente!

Essa onda de otimismo que pode ser confundido com gaguice e identificado através de possíveis babas ao lado da boca e níveis de senilidade surgindo ali no horizonte cada vez mais próximo não atrapalham em nada, acreditem!, a visível e “ouvível” qualidade que esses artistas e bandas jovens apresentam é realmente especial, não se ouve toda a hora, e se não confiares em meus escritos, use seus ouvidos pra tirar a prova dos nove.

Lá no Sul de Londres vem duas bandas pra deixar seu dia e sua vida muito melhores:

Banda: Shame

Album: Songs Of Praise

Primeiro play do quinteto londrino lançado em janeiro desse ano já entra pra lista de favoritos de 2018 pelo simples fato de conseguir unir duas coisas que não se ouvia há tempos: bom rock com letras politizadas. Seguindo a boa tradição baderneira de um The Fall ou Half Man Half Biscuit, mas ouvindo com mais atenção me lembra um pouco as guitar bands final dos 80, tipo Family Cat, That Petrol Emotion, Midway Still (saca?). A banda tem aquela boa pegada roqueira inglesa daquele período dos anos 80 em que o pais tava num atoleiro de Era Tatcher e une maturidade e inconsequência. Como? Com um discurso direto contra o que de fato oprime um underdog com um pouco de cérebro e simancol (opressão, repressão, tempos reacionários e intolerantes, por ai vai). Outra boa noticia, o LP já está esgotado, ou seja, tem uma galera já atrás deles. Vida longa ao Shame!

Não bastasse as musicas dos caras serem boas, eles revelam o extremo bom gosto pra covers, acompanhe esse video de suas sessões pela BBC até o final e prepare-se para abrir aquele sorriso.

Banda: Madonnatron

Album: Madonnatron

Também do sul de Londres, mas esse disco saiu em 2017. Minas que lembram 4 Courneys Love, ou um L7 atualizado e menos rock mas nem por isso menos bom. Seguindo a trilha aberta pelo Savages, o Madonnatron tem tudo pra seguir um bom caminho se não se cansarem e ficarem pelo meio do caminho.

Não bastasse tudo isso, ainda tem musica nova da Courtney Barnett, e todo o mundo que ainda tenta achar coisa nova boa e parou de se contentar com essa horde horrorosa de indie pop bands imitadoras de Killers e Coldplays da vida tem na anti-musa australiana, a perfeita resposta pra quem ama o guitar rock 90s e andava meio saudoso, torcendo pra que alguém conseguisse superar os diques que separam bons artistas na margem e possam chegar num público maior, e quem sabe recolocar as coisas nos seus devidos eixos. Sonhar não custa né?

E viva o Roque!


O Fim da Guitarra Está Chegando!

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Não, não se trata de uma apologia catastrófica a la fim do mundo.

Isso é real, está rolando!

Assim como o Aquecimento Global, a imbecilização coletiva e a politização de qualquer coisa que se faça no mundo, a guitarra está com os dias contados!

Noticias ruins surgem a todo instante para corroborar essa tese:

Recentemente saiu um dado assustador sobre a queda do número de vendas de guitarras no Brasil, chegando a quase 80% de queda. Quem mora em São Paulo e por um acaso passar ali pela Rua Teodoro Sampaio, outrora meca dos instrumentos musicais, hoje encontra cada vez menos lojas oferecendo instrumentos.

https://m.cbn.globoradio.globo.com/amp/media/audio/160807/queda-nas-vendas-o-futuro-incerto-da-guitarra.htm?__twitter_impression=true

O que isso quer dizer?

Sem guitarra sem rock and roll, of course.

Se já não eramos uma nação lá muito roqueira, com o crescente desinteresse das novas gerações pelo gênero, a tendência é que só assistamos rock no Brasil em Museus, séries de TV ou no Youtube.

Se fosse uma tendência só no Brasa, beleza, mas isso está bem longe de ser verdade também.

Essa semana a famosa e icônica fabrica de Guitarras Gibson anunciou que está a um fio de declarar falência (tudo graças a baixa procura por seus instrumentos e grande queda de vendas no mercado Norteamericano).

https://news.sky.com/story/iconic-guitar-company-gibson-could-be-facing-bankruptcy-11257323

Somando isso ao fato de que rock and roll hoje em dia virou música de tiozinho, o futuro do rock é um belo dum ostracismo.

Assista ao vídeo abaixo do AC/DC no Grammy 2015 e veja o tipo de gente que tá lá “vibrando” com a banda.

Ano passado eu participei de uma feira de Lps em Botucatu (cidade no interior de SP) e troquei algumas palavras com o Ricardo Vignini, violonista da dupla Moda de Rock (duo especializado em fazer versões de rock em viola caipira) e ele soltou uma grande verdade sobre esse tema: “… o ultimo grande vendedor de guitarra no mundo foi o Slash, depois dele, acabou…”

Não precisa nem ser um grande fã de Guns e cia pra concordar que o cara tá certo.

Lá pelos anos 90 até pintou uma modinha por Fender Jaguar por causa do Nirvana e que depois o Los Hermanos transformou em cavaquinho, mas na real, por mais que a década de 90 e mesmo nos 2000 tenham tido bons guitarristas, ela deixou de ganhar importância no processo de composição e na própria estrutura das bandas e mesmo um Jack White hoje é muito mais ligado ao mercado de LPS do que no de guitarras e olha que ele talvez sim, tenha sido o ultimo grande guitarrista que poderia fazer algum moleque pegar o instrumento e tirar um som.

Enfim, como diria aquele outro grande guitarrista “…sad but true…”