The Original Soundtrack – 10cc (1975)

10cc

Incrível como o rock progressivo influenciou todo o pop radiofônico nos anos 70.

Pelo menos é isso que parece passados tantos anos e tantas vidas.

É como se em um tempo muito distante, houvesse um momento em que muitas bandas compostas por ótimos músicos tiveram sua chance de chegar ao topo e um lugarzinho ao sol da eternidade.

A minha primeira lembrança a respeito do 10cc foi através de um livro chamado Grandes Estrelas Do Rock, que eu ganhei da minha tia quando eu era criança e começava a me interessar sobre esse negocio de roquenroll.

Um dos tópicos com muito destaque do presente volume era o 10CC.

Ai, um dia, ouvindo um programa de flashbacks em alguma radio aqui de São Paulo (talvez a 89 talvez a Antena 1, eu escutei Im Not In Love).

Mesmo a musica sendo linda, não bateu e como não tinha guitarras aparentes e nem era rock and roll, não dei bola.

Ficou pior quando alguém teve a brilhante idéia de fazer aquela versão em português… “somente só, você e eu”… lembra?

Durante muitos anos, virou sinônimo de breguice e cafonice em últimos graus!

O tempo passou e em outro acaso, já adulto, escutei uma coletânea de músicas escolhidas pelo Flaming Lips, chamada “Latenightales”, onde o Wayne Coyne, botou essa música como uma das suas influências para construir o som da banda.

E desde então, voltei a escuta-la sobre outro viés.

I’m Not In Love não é só um hit muito estranho, mas uma canção daquelas que flutuam no campo dos sonhos e da fantasia sem nunca tocar o solo (tudo que acontece fica em um eterno suspense e transe, não tem nenhum momento em que estoura uma batera, ou ganha em volume, fica mais alta, não, nada disso acontece com ela.

É como se fosse uma grande fumaça sonora frágil e doce. Difícil entender como ela fez sucesso, se você ouvir atentamente ela tem elementos estranhos as fórmulas corriqueiras de se fazer pop pra tocar no rádio.

É uma música que destoa de todo o resto do disco e basicamente de tudo que eu conheço como pop radiofônico. Isso é um feito! Enorme!

Sempre fiquei muito impressionado com bandas onde todos os integrantes sabem cantar e o 10cc é desse tipo de grupo. Todo os integrantes são multi-instrumentistas e multi-cantores.

Que inveja!

Isso é que é levar o oficio a sério.

O LP começa com uma suíte de 8 minutos chamada Une Nuit A Paris. Se o conceito do álbum era ser uma fictícia trilha sonora ou usar elementos que dessem essa ideia, abre acertando na mosca. O lado A fecha com Blackmail pop progressivo bem palatável.

E no meio das duas tem I’m Not In Love… que já falei bastante ai em cima.

O lado B é mais comum, lembra muito os trabalhos anteriores da banda, em especial Deceptive Bends, mais roquinho, tudo muito bem feito e com muito esmero, em especial Life Is a Minestrone e The Second Sitting For The Last Supper.

No fim, o disco é I’m Not In Love, Life Is A Minestrone com um punhado de canções bonitas e comuns ao redor… Mesmo isso é de matar de inveja 90% das bandas pops que surgiram nas décadas seguintes.

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