The Beat – I Just Can’t Stop It (1980)

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A santa trilogia do Ska britânico é composto da seguinte turma:

Specials na base, Madness na cabeça e The Beat no coração.

Tem muitos outros, é verdade, mas com esses três já dá pra se ter uma boa ideia do quão poderoso e delicioso foi esse movimento intruso e includente dentro da New Wave e do Punk britânicos.

A rapaziada branca e pobre da classes baixas britânicas se circulavam com os imigrantes negros que vinham do Caribe em busca de melhores condições de vida e acabavam encontrando os espaços reservados pela elite branca inglesa pra todos que não eram dos seus, isso quer dizer o subúrbio, o isolamento e o descaso conservador dominante no período.

Esse isolamento e espirito de confronto quando revertido em arte e música, liberta nossos sentidos e cria novas perspectivas, criando desse atropelamento um som urgente, verdadeiro e poderoso demais para circular somente entre os subúrbios.

Esse som atravessou o gueto e chegou a muitas partes do mundo, até em São Caetano nos anos 90.

I Just Can’t.. é um dos meus discos prediletos.

Já escrevi isso a respeito de um monte de outros discos, porque sou uma putinha, mas é verdade, gosto de muitos mais discos do que de gente na maior parte do tempo.

Um disco que começa com o baixo marcado e infalível de Mirror In The Bathroom, tem no meio do lado A, a ótima levada new wave Two Swords e vai chegando ao final do lado com o clássico Rough Rider, talvez a melhor homenagem ao som vindo da Jamaica feito por quem não nasceu na ilha.

No lado B a coisa fica mais politizada, mas não fica chata ou panfletária, pois o pano de fundo dos rapazes sempre está ventando a favor do povo fudido e que não tem muitas “segundas chances” com o ótimo sopapo musical Whine & Grine/Stand Down Margaret (com alvo a ex-primeira dama inglesa), Noise In This World e Can’t Get Used To Losing You falam de falsidade humana e dor de cotovelo de maneira que qualquer pessoa com o minimo de instrução e vivência consigam captar.

E ainda tem Best Friend, ótimo símbolo de new wave com boa pegada pop e acessivel sem ser idiota.

Esse play ainda tem uma baita vantagem em relação a alguns similares que é o esmero e inteligência de como a produção ajudou a manter o som fresco e atualizado com os timbres escolhidos nas guitarras e na cozinha, e o modo dos metais editados por dentro do som, quase na cara de quem ouve o disco, só ajudou a perpetuar o Beat como uma das melhores coisas a serem descobertas pelas novas gerações e causar a mesma alegria infinita que me causou na primeira audição e ainda causa quando o ponho pra rodar.

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