Djs Diretores ou diretores Djs…
Publicado; 13/12/2016 | Autor: jpbueno | Arquivado em: Música | Tags: Bobby Fuller Four, Dick Dale, Guadians Of The Galaxy vol. 2, Guardians Of The Galaxy, James Gunn, Johann Strauss, Kool & The Gang, Ligeti, Martin Scorsese, Master of the Flying Guillotine, Neu!, Nico, Pulp Ficiton, Quentin Tarantino, Stanley Kubrick, Sweet, Wes Anderson |Deixe um comentário
Escolher a música certa para uma cena, trilha sonora ou incidental nem sempre é função do diretor. Muitas vezes ele só dá a palavra final para o compositor ou para o encarregado em escolher a música, mas não tem muito tempo ou paciência ou jeito pra escolher a song.
Exceto os chapas aqui abaixo, que muitas vezes chegam a pensar na cena com uma certa música na cabeça e obcessivamente e obstinadamente constroem seus enquadramentos muitas vezes só pra emoldurar uma canção.
Tudo isso só pra comentar a felicidade que eu tive em escutar Fox On The Run, do Sweet no iradíssimo e sensacional teaser da continuação dos Guardiões das Galáxias e introduzir James Gunn a essa seleta lista de Diretores que pensam na música tanto quanto pensam no “Ação”.
Ai vão as cenas e diretores com essa pegada:
Martin Scorsese: Já se disse que Scorsese foi um roqueiro frustrado, como não sabia tocar nada, seguiu a vida de cineasta. Sorte nossa! Marty construiu cenas incríveis para músicas sensacionais, mas nenhuma delas supera essa entrada triunfal de De Niro em Caminhos Perigosos (1973). Jumpin Jack Flash parece ter sido criada para sonorizar os passos insolentes e em Slow Motion do personagem Johnny para dentro do buteco risca faca da Little Cosa Nostra nova-iorquina.
Stanley Kubrick: sua ranhetice perfeccionista não se restringia somente ao dirigir, produzir e escrever. Ele tinha que dar pitaco em tudo e como um profundo conhecedor de música clássica, a trilha sonora tinha que passar por ele. Tudo isso porque o mestre sabia da força de uma grande canção para causar os impactos necessários as suas cenas, senão o que dizer das suas ortodoxas escolhas da manjada valsa de Johann Strauss para fazer suas naves flutuarem lindamente num balé espacial.
Ou o uso da música de Gyorgy Ligeti tanto em 2001 quanto em De Olhos Bem Fechados. O compositor contemporâneo de origem húngara usou sua música vanguardista para, em muitas vezes, afrontar e enfrentar as agruras da opressão dos regimes comunistas pelo qual passou e captando essa angustia, Kubrick colocou uma das mais perturbadoras de suas composições para enfatizar a alguns momentos capitais do seu ultimo filme.
Mas a minha favorita ainda é a abertura de Doutor Fantástico (1964), em que pega a bonita mas melosa Try A Little Tenderness e usa como fundo para mostrar duas aeronaves fazendo uma acoplagem em voo para abastecimento, e dando a essa trivialidade bélica, uma imensa conotação de coito. Provocativo!
Quentin Tarantino: geek musical tarja preta, reinventou o modo de usar música pop no cinema. Inegável talento para associar grandes canções com cenas impactantes, Tarantino foi de longe uma das maiores influencias da música nos anos 90 pela capacidade impar em resgatar temas famosos e obscuros e coloca-los na mesma bandeja para um público avido por novidades. Dificil escolher uma só, mas ainda me causa arrepios como ele reinventou a arte de abrir um filme com todos os elementos que um filme legal precisa ter, assim a sequencia Dick Dale / Kool And The Gang presente em Pulp Fiction (1994) ainda é a mais impactante.
Wes Anderson: outro nerdinho tarja preta, também é difícil escolher uma canção da sua “discoteca” cinematográfica selecionadíssima, mas a ultra coreografada cena de “Os Excentricos Tenenbaums” onde Margot Tenenbaum chega ao porto de Nova York para buscar seu “irmão” é belíssima e naquele momento, acho que todo o mundo se apaixonou pela esquisitinha ao som de Nico. Causa e efeito na medida, Wes sabia onde queria chegar.
Outra do dj Anderson, é a deliciosa opção por um dos pais do rock americano, Bobby Fuller Four para encerrar os trabalhos na animação Fantástic Mr. Fox. Só pra constar, Bobby Fuller é mais conhecido como o compositor de I Fought The Law.
Jimmy Wang Yu: Quando eu vi O Mestre da Guilhotina Voadora (1976) e me deparei com a música de abertura, a cargo da banda de krautrock Neu!, percebi imediatamente que não seria um filme normal. Não sei de onde o ator, diretor e produtor chinês tirou a ideia de botar o Neu! pra abrir um filme de Kung Fu. Coisa de nerd musical? A investigar.
James Gunn: esse tá caminhando muito bem pra se juntar aos coleguinhas Djs/Diretores. Com dois ótimos filmes no currículo em que a música é o pilar e carro chefe e no bom sentido, faz os dois filmes serem incríveis é de se esperar e torcer que o novo Guardiões seja também um deleite áudio visual. Como diz Star Lorde, há os que dançam e os que não dançam, que tipo é você?