Everything Now é a melhor coisa de 2017 até agora

Só por que eu resolvi curtir a banda, o mundo inteiro resolveu virar a cara pra eles?

Bem, ai vem outra pergunta importante: existe “influenciadores” ou mídia musical hoje?

Ok, sites e blogs com noticias é o que mais tem, afinal, no mundo da big data, informação rápida e instantânea com vídeo, ponderações, analises profundas escritas de maneira bem rasa é o que manda.

Aconteceu precisa virar Manchete rápido.

Periga de alguém, há quase 1 mês do lançamento oficial do álbum me chamar de Rubinho Barrichelo da resenha musical.

Ok, aceito, mas tenh um bom motivo.

Hoje em dia resenha não vende mais disco (disco?), o que vende é numero, likes, quantidade de vídeos compartilhados, vídeo bacana, show com covers maneiras, quantas estrelinhas estão no Metacritic, quantas vezes a banda postou alguma coisa nas redes sociais e o povo curtiu…

Ou seja, até o que eu escrever aqui a rigor, não fará a menor diferença em coisa alguma.

Será apenas mais uma resenha de um fã de música escrevendo para algumas poucas pessoas.

Normal, segue a vida.

Então tive tempo de ouvir com mais calma, atenção e realmente entrar no espirito do disco, coisa que ninguém mais nem quer? Afinal, já saiu o novo do Queens of The Stone Age, o novo do Killers, a nova musica do Foo Fighters e o novo clipe da Taylor Swift e tudo precisa ser resenhado pra ontem…

Voltando ao cerne da questão, Everything Now é somente o 5o álbum do Arcade Fire em 13 anos de carreira discográfica. Cada vez, se produz menos musica nova e pensando nos artistas grandes somando tudo que o AF fez não chega a produção dos Beatles em 2 anos e meio de atividade.

Isso é só um detalhe, mas digo pra vocês, pra mim é o melhor disco deles desde que eles surgiram (guardem isso para 2027, quando fizerem retrospectiva desse ano e alguém vai falar levantar essa lebre e falar muito bem desse álbum).

Com eles, o mundo inteiro se apaixonou pelo Indie (não confunda com indie rock) e eu honestamente sempre achei a banda bem superestimada. Comecei a prestar atenção justamente quando eles resolveram adotar um som mais eletrônico (precisamente na deliciosa The Sprawl e seu clima Blondie total), e num mundo indie em que todo o mundo usa eletrônico com violão, estão querendo que eles sejam diferentes (vai entender).

A grande maioria das resenhas negativas foca nessa questão e que eles se repetiram em relação a Reflektor (2013), que hoje já não me parece tão mal assim.

Fato é: o álbum vem com uma mensagem clara e criticas ardidas e docinhas a “Era da Informação”, embalada por músicas animadas que nos remetem ao bom pop eletro de eras passadas que vão de Simple Minds a Abba e a banda criou um enxoval muito bacana pra embalar esse conceito.

Veja essa apresentação que eles fizeram no Late Show do Stephen Colbert para a faixa titulo.

Fora isso, musicalmente Everything Now é muito mais divertido que os álbuns anteriores do Arcade Fire e saiu meio torto, tá sendo recebido com narizes tortos e o pessoal só não fala muito mais mal porque a banda é amada demais pelo que restou de “mídia musical” mundo afora, mas enxergo uma semelhança grande em conceito com outro grande álbum que saiu meio de repente e causou impressão ruim em 1993, chamado Zooropa do U2.

O disco foi um preciso documento musical carregado de ironia, raiva e atitude em tempo, espaço, som e politica e acho bem mais importante e legal que Achtung Baby, que todo o mundo resolveu amar pra sempre.

Everything Now segue essa mesma pegada, com músicas excepcionais como “Creature Comfort”, talvez a música mais 2017 de 2017.

Outro ponto alto é “We Don’t Deserve Love”, que finaliza uma sequencia bem esquizofrênica iniciada com a meio reggae rápida Good God Damn (me lembrou um B.A.D. do Mick Jones mais comportado), vem com outra boa “Put Your Money On Me”.

Agora, pra mim a mais divertida e legal do álbum é “Signs of Life”, me lembra muito uma banda dos anos 90 genial chamada Stereo Mcs. (procure saber, na verdade vocês já conhecem… Connection é um clássico da década).

A faixa titulo vem com um refrão pra lá de “Simple Minds” fase “Alive And Kicking” que é delicioso, além de seu pianinho a lá ABBA e uma alegria musical que não condiz com a letra.

Há uma escorregada para um reggae meio vabounds como em “Chemistry”, mas olha que até ela é um erro pequeno e delicioso em um álbum cantarolavel do começo ao fim e mesmo assim soar ambicioso como nenhuma banda ou artista parece ter capacidade ou vontade de ser.

Parece que tentar fazer um disco legal virou um risco, mas foi esse risco que a banda hoje pode correr, gravam por conta própria, controlam sua obra desde 2013 e podem se dar ao luxo de lançar o álbum com títulos diferentes por pais (sim, já tem uma edição com o título em português, assim como tem em Mandarim, russo, húngaro, alemão e etc).

Se vai vender tudo que mandaram prensar, eles não sabem. O cachê deles é de banda grande, isso garante o leite das crianças no final do mês, além de garantir o posto (hoje sim) de maior banda Indie do Mundo.

Pra quem não gostou do disco hoje, voltaremos a conversar em 2027 (se o mundo não tiver sumido com algum asteróide se chocando com a Terra ou com algo pior).

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