Menos um no Mundo… Mark E. Smith (R.I.P.)
Publicado; 31/01/2018 Arquivado em: Música | Tags: Mark E. Smith, The Fall Deixe um comentárioE nem findamos direito Janeiro e vem uma chapuletada dessas?
Logo tu, Mark?
Mais do que ser um fã do Fall (confesso que gosto muito, mas não me considero um fall maníaco), Mark E. Smith representava o tipo de atitude e visão de mundo que tenho muito na minha vida e quero ter na minha vida daqui pra frente, ou daqui até o fim dela.
Desde que surgiu, lá nos meados dos anos 70, o Fall e seu lider foram incansáveis, levando a arte, o rock e suas convicções até as ultimas consequências, quase como uma missão eclesiástica, espiritual por entre descrentes e bárbaros.
Se tem dúvida, repare no video abaixo gravado em algum momento de 2017, com um Mark severamente debilitado, porém sem fugir da raia (tem muito “artista” por ai, que bastou uma gripezinha e já sai cancelando show a torto e a direito).
A legião de fãs só comprova como o cara era f***.
John Peel, Damon Albarn, Cat Power, Pavement, Justine Frishman entre outros são só alguns artistas legais que adoram o cara.
E ai vão algumas das minhas favoritas em que o Mark dá o “tostão” da sua presença:
Elastica – How We Wrote Elástica Man : homenagem tão explicita ao Fall (a canção How I Wrote Elastic Man), ao estilo e a forma. Clássico dos nossos tempos.
Inpiral Carpets – I Want You – outra música feita quase de encomenda para homenagear Mark. Pesada, rápida e mortal. Um dos melhores rocks dos anos 90.
Gorillaz – Glitter Freeze – só alguém tão foda e tão bom quanto Damon Albarn pra fazer Mark E. Smith cantar em um album “mainstream”. Artistas grandes se respeitam.
John Peel, lendário dj da BBC também já falecido, tinha aproximadamente 35 mil LPs, mas os do Fall eram tão especiais que ficavam em local a parte.
Numa definição rasteira, o The Fall era punk na atitude, krautrock com pos-punk no som e letras que beiram o surrealismo.
Uma combinação de arte erudita e arte de rua, Mark era do asfalto, das esquinas, das mesas de pub, das noites regadas a álcool, de uma vida regada por arte e música na frente de todo o resto.
Produção praticamente regular durante mais de 40 anos de atividade, o Fall passou por incontáveis formações e mesmo assim, ouvindo um disco como Grotesque (1980) ou The Unutterable (2000), são discos que se tivessem sido lançados em anos trocados, não seriam datados, tão pouco avançados.
De uma maneira estranha, desde que o Fall surgiu, ele criou uma linha do tempo própria, que não obedeceu a modismos, outros gêneros ou modinhas pra ganhar mercado ou público. O som da banda nasceu de um jeito e nele permaneceu, mesmo agregando algo de eletrônico, batidas mais fortes, ou riffs mais modernos, tudo contribuiu para fortalecer uma sonoridade facilmente identificável a milhas de distância.
Um cara tão particular como ele fará falta. Não se repõe alguém como Mark E. Smith. O rock perde mais um artista com A maiúsculo.
Abaixo uma pequena galeria com meus momentos favoritos envolvendo esse figura:
Como disse John Peel, tudo do The Fall é bom, não dá pra escolher uma coisa só, então faça um favor a si e baixe a discografia do Fall e caia de cabeça. Não falta material online.