E o 1997 foi o meu 1967

Não lembro de muita coisa que eu fazia nessa época.

Mas de alguma coisa sim.

Estava trabalhando, tive apendicite no dia da colação de grau na faculdade e fui dançar na festa de formatura com um estêncil e sangrando que nem um porco.

No mais, só lembro de ter escutado a maior quantidade de discos incríveis que escutei na minha vida de jovem adulto fã de indie rock e praticamente toda a semana eu comprava Cds incríveis lançados naquele ano.

A efervescência estava no máximo!

Praticamente tudo era boa noticia no campo dos lançamentos em 1997!

Como eu transitava pelo indie rock, aquele ano foi apoteótico. Rupturas por todos os lados.

O Radiohead calava fundo o mundinho com seu lindo e festejado Ok Computer, o Oasis botava gente de madrugada na fila de loja de discos para comprar seu novo single e posteriormente pra comprar seu álbum Be Here Now (na época recebido friamente, ouvindo hoje, sobreviveu bem ao tempo, um disco que tem uma balada linda como Stand By Me não pode ser de todo o ruim, certo?).

O “Techno” avançava sobre nossas cabeças provocando discussões acaloradas sobre o futuro da música enquanto Chemical Brothers e Prodigy levavam seus beats a todos os cantos do mundão e tomavam de assalto a atenção de todos, no caso do segundo com direito a algumas polemicas no campo videoclipico como no emblemático e clássico da subversão Smack My Bitch Up.

O conglomerado Wu-Tang Clan apavorava em um segundo álbum mais festejado hoje do que na época e apontava uma direção do que viria a ser o Rap nos anos 2000.

Roni Size fez o disco do futuro que menos se lembra hoje em dia (drum and bass fazia parte do reino “Techno”), mas outros também embalaram de cabeça no d&b como Bowie e Nine Inch Nails. Mas nessa praia ainda sou fã do Photek:

Porém não posso negar que o NiN quase chegou la:

Mesmo no campo rock and roll, tudo ia bem obrigado: O Foo Fighters lançava seu melhor disco: The Colour And The Shape e o Blur surpreendia de novo e conquistava o resto do público que lhe faltava com seu album homônimo, com a ajuda da famosa “Song 2”.

Outros grupos incríveis como Superchunk, Geraldine Fibbers e Guided By Voices arrebentavam com ótimos plays e na area do violão com emoção Elliot Smith lançava o mágico Either/Or e um tal de Belle And Sebastian vinha com If You’re Feeling Sinister e um Ep com a melhor música daquele ano: Lazy Line Painter Jane.

 

No frigir dos ovos, alguns dos melhores discos daquele ano não tiveram a devida atenção, e outros dos meus favoritos sequer foram citados em alguma lista.

Num exercício de listas, faço um afetivo esforço pra empilhar os meus 10 favoritos desse ano intenso, e que não necessariamente apontaram o futuro, mas se tornaram eternos para mim. Deixei o Radiohead de fora de propósito, semana que vem escrevo sobre Ok Computer, o disco que mais amei e odiei na vida.

 

  1. Dig Your Own Hole – The Chemical Brothers

Esse segundo álbum da dupla britânica foi lançado com o jogo praticamente ganho, a torcida para que o disco fosse bom era tão grande que mesmo se fosse um meia boca já ia ser bom. Mas o álbum é espetacular, ultrapassou a fronteira do gênero techno, foi adiante (muito adiante). Agregando Hip Hop, eletrônico antigo, psicodelia e pop, as camadas de influencias desse play desafiaram o ouvinte a uma divertida aventura pelos bimps and bloims…

 

  1. In It For The Money – Supergrass

O Supergrass já era uma banda legal em 1995, fizeram um dos melhores shows de festival que eu vi em 1996 (segunda banda, do segundo dia de Hollywood Rock no Pacaembú em SP) e lançaram essa obra prima de rock e do pop britânico absolutamente 90s. Infelizmente, prestou-se pouca atenção a esse disco do trio de Oxford, o mundo e a “maldita” mídia queriam coisas mais complicadas, e In It era simples demais para eles. Hoje soa melhor que na época e se o mundo jovem ainda curtisse um rock, esse seria um ótimo disco pra se lembrar 20 anos depois.

 

  1. The Soateramic Sounds of Magoo – Magoo

Direto da Escócia, não só um dos meus favoritos do ano, mas favoritos da vida. Guitar band soturna, com algumas das minhas favoritas ever. Não saiu do gueto e tão pouco pegou lista em alguma publicação musical, mas aqui no coração desse jovem adulto indie rocker, bate e cala fundo ainda hoje.

 

  1. Ladies and Gentlemen… We’re Floating in Space – Spiritualized

Jason Pierce, o cabra por trás desse grupo produziu alguns dos maiores petardos sônicos dessa década, seja ao lado do Spacemen 3, seja com o Spiritualized. Nunca fez discos ruins, mesmo quando enveredaram para um perigoso caminho de progressivo/psicodelismo. Aqui, eles estão maravilhosamente equilibrados nessa beirada dúbia e esse álbum foi decisivo para a banda. Tão decisivo que dividiu a preferencia dos especialistas britânicos na época. Ou era Spiritualized ou Radiohead e ainda tinha o Verve de opção.

 

  1. Time Out Of Mind – Bob Dylan

De tão bonito, chegou a dar aperto no coração na época. Parecia disco do tipo “Canto do Cisne”, ultimo momento antes do fim. Felizmente ele continua vivo e lançando álbuns incríveis, e Time aparece não só nessa lista de 97, mas com certeza entre os melhores disco de Dylan desde sempre.

 

  1. Tellin’ Stories – Charlatans

O disco é não só incrível por sua qualidade musical, mas veio carregado de muita emoção por ser um álbum homenagem ao tecladista Rob Collins, que faleceu em um acidente de carro um ano antes. A banda juntou os cacos, exorcizou a tragédia e colocou no mundo esse belíssimo tributo, regado de referencias a Bob Dylan, Band e mesmo assim, não saudosista. Absolutamente 1997.

 

  1. Evergreen – Echo & The Bunnymen

A melhor volta de uma banda em disco. Escutei esse disco até furar. Presente, atual e eterno. Letras incríveis e extremo cuidado na produção fizeram desse álbum uma deliciosa e inesperada surpresa pra quem não esperava mais nada dos “Coelhinhos”. Pop britânico grandioso, ambicioso, a moda antiga (não tão antiga assim, by the way).

 

  1. I Can Hear The Heart Beating As One – Yo La Tengo

O Yo La Tengo já era uma banda incrível, mas aí eles cometem um disco como esse. Não dá pra não amar loucamente. Na medida certa entre o sensível, o rock, a vanguarda. Parece ter sido produzido sob a mesma poeira sônica edílica que um álbum do Velvet Underground. Sutileza, beleza, estranhezas… inesgotável qualidade de cabo a rabo.

 

  1. The Boatman’s Call – Nick Cave & The Bad Seeds

Disco da fossa de Nick Cave, quase um barroco contemporâneo. O álbum mais bonito da carreira da banda onde tudo é tocado com tranquilidade e beleza, sem barulho. Ouve-se os ecos das cordas reverberando no fundo do salão de gravações e parecem acrescentar texturas extras aos sulcos desse play. Execução impecável, instrumentação perfeita e um som quase sobrenatural que ouvimos silêncios, respiros, cadencia além das canções desse álbum. Triste e bonito como poucos.

 

  1. Vanishing Point – Primal Scream

De longe, deve ter sido o Cd que mais escutei naquele ano. Primal Scream estreando Mani (Ex-Stone Roses) no baixo. O que era bom, conseguiu ficar muito melhor. Vinhetas instrumentais matadoras, clima 70s, produção destruidora, flerte de psicodelia, rock, eletrônico, dub e uma cover de Motorhead… precisa de mais? Ignorado em quase todas as listas, Vanishing seguiu um ponto que o Primal iniciou em Screamadelica (1991) e culminaria na pancada Xterminator (2000).

Menções honrosas, só não entraram por que eram só 10:

Dig Me Out – Sleater-Kinney

 

Lunatic Harness – µ-Ziq

 

Brighteen The Corners – Pavement

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Os piores discos de Techno ….. de artistas não technos…

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Lembro da primeira vez que escutei um disco dito de “techno” de ponta a ponta e achei realmente que o mundo tava mudando, ficando menos velho e isso foi bom!

Isso aconteceu em 1990 com o álbum 90 do 808 State (grupo que tive a sorte e privilégio de assistir ao vivo em 1996 abrindo pra Bjork no extinto Free Jazz Festival).

Ao longo dos anos, tal qual um Mr. Hyde escondido, meu amor por música eletrônica foi ocupando espaço ao passar da década de 90 e tive a sorte de ver o surgimento de alguns dos artistas mais talentosos e importantes não só dessa década, mas quiçá do gênero todo.

Underworld, Chemical Brothers, Roni Size, Moloko, Grooverider, Orbital, The Orb, Aphex Twin, Goldie, Portishead, Sneaker Pimps, Adamski, Dj Shadow, Paul Oackenfold, and go on… a lista é imensa.

E claro que de paraquedas, uma pá de gente resolveu se meter a fazer musica eletrônica também e muitos deram com os burros n’água e como hoje em dia, muitos deles posam de santos ou vacas sagradas, resolvi listar os piores casos de “apropriação cultural” da cultura “Clubber” por “não clubbers”:

Gargalhadas são permitidas:

10o David Bowie – Earthling (1997)

Sim, David Bowie tem lugar garantido no topo de qualquer lista que voce possa imaginar (melhor disco de Glam Rock, melhor disco de Krautrock de artista não alemão, melhor disco de Pop anos 80 e melhor disco póstumo), mas o camaleão também cometeu seus pecados e tentar fazer um disco de rock com drum and bass foi um tremendo furo, mas por absoluto respeito ao gênio e mesmo quando ela escorrega a gente respeita, ele fica em 10o .

 

9o Eric Clapton – Pilgrim (1998)

O “Deus” da guitarra não afirmou com todas as letras que esse é um disco de “techno”, mas foi assim que sua gravadora o apresentou ao mundo. Movido por baterias eletrônicas e sintetizadores programados por Simon Climie (da dupla de tecno pop oitentista Climie Fisher) o álbum é regularmente esquecido pelos fãs do guitarrista e muitas vezes, até por ele próprio mesmo tendo sido um de seus melhores resultados comerciais desde o Acustico.

 

8o John Lydon – Psycho’s Path (1997)

Conhecendo o nosso amável Johnny Rotten, ele sempre quis que o mundo pegasse fogo, então não consigo botar muita fé que ele tenha feito essa porcaria de cara lavada. Pra mim, foi alguma aposta que ele ganhou por ter feito um disco tão ruim assim. E olha que tem uns discos do P.I.L. que são duros de ouvir, mas esse é imbatível no quesito trashice.

 

7o Barão Vermelho – Puro Extase (1998)

Essa foi a onda mais errada do Barão, pois não deu pra entender se eles tinham entendido o que era “Techno”, pois a única coisa de dançante que a banda fazia era mais responsabilidade do Peninha do que da bateria eletrônica. O disco teve Hits, mas é ruim demais… eu gosto do Barão, mas esse não dá pra defender não.

 

 

6o David Byrne – The Visible Man (1998)

Byrne é gênio, acho que quando ele e eu formos para o além mundo, alguém vai descobrir que esse disco é muito avançado pra sua época ou pra qualquer época, mas enquanto nada disso acontece, o que tenho a dizer dessa porcaria é que ela só reforça a minha tese de que a carreira solo de Byrne só se salva por que ele montou o selo Luaka Bop que lançou pro mundo alguns dos discos mais legais que tenho aqui em casa, além de ter ajudado o Tom Zé a ganhar uma sobrevida artística mais que merecida.

 

 

5o Varios Artistas – Spawn O.S.T (1997)

Ah essa indústria cultural que me mata de orgulho.

Alguem teve uma brilhante ideia de aproveitar o auge do movimento de música eletrônica e casar artistas e djs com bandas de rock. No papel, as parcerias prometiam: Slayer e Atari Teenage Riot era promissor, e Prodigy com Tom Morello (Rage Against The Machine)? Outras boas ideias: Golide com Henry Rollins, Mansun com 808 State, etc. Mas o disco é uma merda, parece que eles tiveram meia hora cada um pra entregar o que tinham, e nessa época, 15 minutos era o tempo que eles tinham só pra ligar os equipos. Enfim, boa ideia, péssima execução.

 

 

4o Lulu Santos – Eu e Meme Meme e Eu (1995)

Visionário do caos, Lulu antecipou a febre de discos de Techno ruins antes de outros artistas. Ponto pra ele. Sem precisar defender o cantor carioca, mas no fundo acho que vale uma menção que eu acho o seu Assim Caminha a Humanidade uma beleza de álbum. Agora esse Meme e Eu é só mais uma prova de como se jogou dinheiro fora nesse negocio de indústria da Música.

 

 

3o U2 – Pop (1997)

Ri litros quando vi o Bono e o The Edge com camisetinha colada e dançando no clipe de Discoteque. Se em algum momento (e esse momento certamente existiu), eu tive algum respeito pelo quarteto irlandês, eles se dissipou com esse álbum e com a tune sequente. O disco tem algumas coisas que até passam, mas foi um movimento muito oportunista que daqui de São Caetano do Sul eu consegui enxergar pelos óculos escuros do Bono que ele não acreditava em uma virgula do que ele cantava.

 

2o Bloc Party – Intimacy Remixes (2009)

Pior do que uma banda véia tentar surfar numa onda que definitivamente não era a deles é ver um artista mais ou menos novo, que depois de lancar uma ou outra coisa razoável, me vem em pleno anos 2000 pegar um disco ruim (Intimacy) e lançar uma versão remixada horrorosa do mesmo álbum. Isso tudo em 2009, só uns 12 anos depois que essa onda tinha acabado. Trofeu Rubinho Barrichelo pro Bloc Party.

 

1o Bush – Deconstructed (1997)

Foi graças a minha linda e jovem namorada que buscou do fundo de sua lembrança clubber grunge, o álbum que ocupa com dignidade (ou não) esse ranking. Sem ela, o primeiro lugar dessa lista teria sido ocupado por outro álbum, mas relembrar que o Bush lançou no seu “auge” um disco de Remixes tosco desses me leva honestamente a duas perguntas pertinentes: 1. Por que as pessoas depois de duas décadas insistem que o Bush era uma banda boa? 2. Por que em algum momento, alguém achou que essa banda servia pra alguma coisa. Confesso, sempre detestei esses caras, e não adiantava botar o Steve Albini pra produzir disco. É uma m… sempre foi…. sempre será. Independente do gênero que eles toquem. Ponto.

Ps. : Menção honrosa:

R.E.M. – R.E.M. IX (2002)

O R.E.M. só escapou da lista pois não achei nenhum link confiável com esse álbum de remixes de faixas do álbum Reveal pra atestar se isso era ruim ou não.


Melhores de 2016 – The New hope

Quando eu revejo as listas que eu fiz de melhores discos do ano (e todo ano eu faço uma, como quase todos os meus amigos fazem), duas coisas saltam aos olhos:

  1. Sempre reclamo que a safra tá ruim, que tamo indo de mal a pior, mas que apesar dos pesares, algo levanta do lodo e faz o ano valer a pena.
  2. Quase não escuto mais os discos dessas listas que eu fiz, salvo uma meia dúzia e bem contada.

Assim, conclui com isso, que esse tipo de lista hoje não faz mais sentido, digo, no sentido como conhecemos esse tipo de listas (10 melhores, 20 melhores, etc), assim aproveito esse singular momento desse inesquecível (mais para o mal) 2016 para fazer uma lista diferente e aproveito para fazer meus votos para que os artistas do mundo todo se manquem e aproveitem a infinidade de idiotice, caretice e retrocesso galopando em nossas direções e realmente usem esses tempos bobos e sombrios como vitamina pra produzir coisas ótimas!

Ai vai a minha lista desconstruida e sem ordem fixa, mas com algo em comum (em 5 anos certamente estarei escutando esses discos ainda):

 

Melhor Revival/Ressurreição musical de 2016:

The Monkees – Good Times!

E não foi só de mortes que vivemos o 2016, O Monkees voltou com um disco ótimo (sua ultima ressurreição foi o fraco Justus em 1996). Pop/rock old fashion, meio 90’s, com produção competente de Adam Schlesinger (do Fountains Of Wayne), trouxe uma boa vibe e de quebra conta com duas pérolas do pop rock contemporâneo “She Makes Me Laugh”, melhor composição que o River Cuomos (Weezer) fez em décadas e “Birth Of An Accidental Hipster”, parceria de Paul Weller e Noel Gallagher.

 

Melhor Disco de Heróis Dos Anos 90 Que Ainda Tem Garrafa Vazia Pra Vender:

Underworld – Barbara, Barbara, We Face A Shining Future

Fazia tempo que eles não lançavam um disco tão bom quanto esse. Passado da 5a faixa e o disco continua excelente, pros dias de hoje isso é muito, believe me!. Essa surpresa pode ser, em parte, atribuída as andanças de Karl Hide (vocalista e letrista) com outros músicos (aproveito pra indicar também seu álbum em parceria com o Brian Eno). Ajudou a repaginar o Underworld dentro desse mundo dominado por DJs superstars pouquíssimo criativos. Tem um que de The Fall ou eu to muito louco?

 

Melhor Disco de Krautrock Fora Dos Anos 70:

Sunns – Hold / Still

Vi que não entrou em nenhum lista das modernidades e dos sites e blogs de musica descolados. Não entendi? O som dos caras é hipnótico, tive o prazer de vê-los ao vivo nas férias e o disco tem todos os bons elementos de um krautrock com strudel, mas os canadenses devem ter atrasado o boleto do jabá para os blogs e ficou de fora de todas as listas.

 

Disco Mais Importante de 2016:

David Bowie – Blackstar

Por razões óbvias, Blackstar já nasceu clássico. Confesso que só consegui ouvi-lo 1 vez, ainda não estou completamente pronto pra ele. Hoje como álbum, não consegui gostar de verdade, não como gostei do anterior The Next Day (esse figura entre os melhores de Bowie). Volto a falar de Blackstar daqui uns 10 anos. Em tempo, I still miss Bowie …

 

Melhor Disco do Melhor Artista Ainda Vivo:

Nick Cave & The Bad Seeds – Skeleton Tree

Já escrevi sobre ele há alguns meses atrás e não retiro uma virgula. Passou o ano e continua sendo tocante, importante e espero que a coragem e forca que os fizeram levar o disco ao mundo como o fizeram, os façam levar essa beleza aos palcos também. Esperamos todos ainda estar vivos para ver Mr. Cave e trupe destruindo tudo.

 

Segundo Melhor Disco Da Melhor Artista Mulher Ainda Viva:

PJ Harvey – The Hope Six Demolition Project

O disco é ótimo, inferior ao seu anterior Let England Shake, mas infinitamente superior a todas as demais artistas de saias que circulam pelo planeta.

 

Melhor Disco de Metal de 2016:

Kverletak – Nattesferd

Ótimo ano para ser metaleiro, daria pra listar aqui pelo menos mais uns 4 ou 5 discos ótimos de metal lançados em 2016 como os franceses Gojira, (álbum: Magma); os americanos Ustalost (álbum The Spoor Of Vipers), as japas cabulosas Babymetal (álbum Metal Resistance) e Megadeth (álbum: Dystopia), mas os noruegueses do Kverletak conseguiram fazer um quase hit unindo produção hard rock com vocais de doom metal. Vida longa ao metal!

 

E agora os CINCO melhores discos de Rock de 2016: Sim isso ainda existe e melhor, 3 bandas novíssimas!!!

The Dandy Warhols – Distortland

Esses também esqueceram de pagar os jabás pros blogs, disco moderníssimo e de altíssimo nível, muito melhor que quase todos os 20 albums de Rock que a Pitchfork teve a manha de publicar. A banda continua em plena forma, se reinventaram e seguem muito bem obrigado.

 

Dinosaur Jr. – Give a Glimpse Of What Yer Not

Depois que eles voltaram com a formação original, só tem lançado discos bons e esse Give a Glimpse supera o anterior Farm (que já é ótimo). Bela barulheira, J.Mascis continua solando como se não houvesse amanhã e as canções de Lou Barlow estão entre suas melhores contribuições para o grupo. De quebra são donos do show mais barulhento em atividade no mundo.

 

Savoy Motel – Savoy Motel

Meio Glitter, esse disco de estreia dessa turma de Nashville podia tocar tranquilamente em casas que tenham o novo rock como pilar sonoro. Bem tocado, ótimas ideias, a banda já abriu alguns shows pro Dandy Warhols e tem um disco que na média é mais bom que mais ou menos, o que já é uma esperança.

 

E agora rufem os tambores para os dois melhores discos de rock de 2016 com as duas melhores bandas de rock que ouvi esse ano:

Oh Boland – Split Milk

Pra voltar a ter esperança que jovens possam fazer discos incríveis e o trio irlandês Oh Boland pegou a receita mais velha do mundo: junte boas composições, grave com urgência mas não com velocidade, faça um disco que voce possa ouvir sem vergonha daqui a uns 20 anos. Meio Punk, meio garagem, produção meio tosca, propositalmente desleixada, tudo mixado e masterizado com boa sujeira e canções tão boas que não vou nem escrever mais, abaixo o link dos rapazes no bandcamp, compre o disco digital ou físico e ajude a uma grande banda a não parar.

https://volarrecords.bandcamp.com/album/oh-boland-spilt-milk-lp-limited-clear-vinyl

 

Personal And The Pizzas – Personal And The Pizzas

Outra gratíssima surpresa, do 0 ao infinito, banda de Sao Francisco faz a melhor mistura de punk 77 com punk 80’s branco e new wave de guitarras do inicio dos 80s. Só que melhor, feito hoje em dia. Letras idiotas excelentes como há muito não se ouve nos dias de hoje, onde todo o jovem quer trazer sua mensagem capsuladinha dentro do seu Twitter, tem um pezinho no retro, mas é tão fresco e jovem que to completamente apaixonado! Vale o mesmo para o Oh Boland, tá lá no bandcamp, pague alguma coisa pra eles! Eles merecem nosso dinheiro!

https://slovenly.bandcamp.com/album/personal-and-the-pizzas-personal-and-the-pizzas-lp


Minha viagem particular por David Bowie em 10 músicas

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Já adianto logo de cara, nada do que vocês vão ler aqui é analítico, crítico ou revelador a respeito da vida e obra de David Bowie, assim como não vou chama-lo de “Camaleão” ou “Figura icônica do Rock” como andou saindo por ai pelos obituários e quetais.

Não tenho a clareza de texto nem a fluência necessária para discorrer sobre o homem e o mito melhor do que já saiu por ai também…

Tanto aqui quanto lá fora, tenho lido textos ótimos e incrivelmente pessoais. Parece que todo o mundo tem uma historia de amor com Bowie e resolveram expressar esse amor e admiração em belos ensaios.

A falta que ele já faz é acompanhada de uma dor nostálgica, pois já sabemos de cara que nunca mais aparecerá outro igual e nos damos conta o quão privilegiados fomos de vivermos na mesma época que ele.

Tal qual um Bach, um Wagner ou um John Lennon, posso afirmar sem medo que Bowie foi o maior artista que eu vi e ouvi.

Bowie surgiu na hora certa, desenhou uma década inteira com sua assinatura (e o que foi essa década de 70 heim?), rabiscou um tiquinho os tons verde-limão dos anos 80, bagunçou e se perdeu um tanto nos 90 e se reencontrou nos anos 2000 com seu Eu velho e quieto, mas não menos radical e foi com essa armadura que ele se despediu do mundo, deixando tantas perguntas (ele premeditou todo o seu fim? Há quanto tempo ele sabia que ia morrer? Tem mais alguma surpresa escondida?) e respostas escondidas em suas charadas musicais.

Há tanto a agradecer ao velho David.

Agradecer a ele por ter emprestado seu tempo, fama e músicos para ajudar Lou Reed a fazer Transformer (1972) ver a luz do dia (se não fosse por esse álbum, Lou possivelmente só seria lembrado como um dos integrantes do Velvet Undergound).

Idem em relação a Iggy Pop (The Idiot e Lust For Life, de 1977 foram compostos praticamente inteiramente por Bowie e entregues de bandeja ao amigo/mestre).

E agora uma lista muito particular da minha história de vida e onde o Bowie se conectou a ela, trazendo iluminação, alegria, informação ou o sentimento de curiosidade que nos assemelha a outras espécies animais, mas que somado a racionalidade e criatividade é capaz de nos mover a criar coisas lindas e instigantes como a carreira discográfica do homem.

Here we go:

 

Modern Love

A minha mais remota lembrança de Bowie foi justamente com o clipe de Modern Love. Eu adorava a dancinha e a energia dos músicos no palco. Parecia que todo o mundo estava se divertindo muito nesse dia e eu ainda garoto, dançava sozinho no quarto, usando uns ternos do meu pai e até uns blazers da minha mãe (galera, era anos 80, as pessoas dobravam a manga do blazer, super normal). Ainda hoje, acho o refrão dessa música uma coisa de gênio.

 

 

Absolute Beginners

Ainda nos final dos 80, eu gostava muito de ouvir radio de noite sonhando garotas distantes, menos aporrinhações na escola e um algo que ainda não sabia o que era. (sempre gostei mais de rádio do que de TV, by the way) e essa música tocava a beça na faixa das 22h30 ou 23h00 que era quando entravam as faixas mais românticas e Absolute Beginners tocava com certa sequencia e era ótima pra acompanhar o pré sono… Uma das melhores coisas do Bowie pós Lets Dance.

 

 

Starman

Bá, todo o mundo sabe porque. Goste ou não, graças ao “O Astronauta de Mármore” do Nenhum de Nós, a fase antiga do Bowie voltou a circular pelo imaginário coletivo da moçada no final dos anos 80. No meu caso, pela primeira vez. Como não havia internet e os discos do Bowie não se achavam tão fácil, as rádios de “rock” resolveram incluir a versão original em suas programações. Se o Bowie voltou a ficar famoso por aqui, agradeçam aos gaúchos por essa versão honesta.

 

 

Changes

E eis que no começo dos 90, sai no Brasil as reedições de seus primeiros álbuns pela incrível série Sound And Vision, com faixas bônus e tudo o mais. E ai, de presente de aniversario de 17 anos pedi logo uns 3 e quando botei Hunky Dory para ouvir pela primeira vez, logo na faixa que abre, que é Changes, literalmente cai de quatro, não podia acreditar que se podia fazer música assim e fez desse álbum, seguramente o que eu mais escutei na vida. Escutei tanto a faixa 1, que ela literalmente furou.

 

 

Suffragette City

E se já não bastasse Hunky Dory ter causado o estrago irreparável, ainda tinha o Ziggy pra conhecer… e de novo meu queixo foi pro chão. Eu simplesmente não acreditava que existia essa pegada no som do Bowie. Rise And Fall é fantástico, com algumas das melhores guitarras gliter que se tem noticia e Suffragette que é a coisa mais próxima de alegria pura e concentrada em 3’27’’. Outra que eu escutei até furar (quase)…

 

 

The Bewlay Brothers

 

O cara fez letras estranhas, complexas e que pareciam dizer um monte de coisa e nada ao mesmo tempo. Sua capacidade de se esconder por trás de palavras e imagens, fez dele um dos caras mais intrigantes que se tem notícia. Tão intrigante que até suas influências eram codificadas e retorcidas para não se tornarem óbvias. Mas em Bewlay ele presta, na minha opinião, a melhor e mais brilhante homenagem/chupada a um de seus pilares sonoros, o cantor e compositor Peter Hammill. De longe, Hammill foi a figura musical mais importante no som do Bowie (pelo menos nesse começo de carreira).

 

Word On A Wing

Um belo dia de maio ou abril, achei uma edição baratinha do LP Station To Station num sebo em São Caetano, e desocupado/desempregado que estava, levei o trem pra casa e se eu ainda tinha alguma duvida que Bowie era o cara, ela se foi quando eu terminei a primeira audição desse play inacreditável. Aquela edição em vinil baratinha não tenho mais, passei pra frente quando há alguns anos saiu uma edição tripla em CD com um duplo ao vivo dessa época que é uma das coisas mais maravilhosas que existem. Word On A Wing é tão bonita que dói.

 

Boys Keep Swinging

Dos 3 discos alemães do Bowie, o meu favorito é o Lodger (só pra ser do contra) e talvez o seja pois é menos experimental que Low e menos Hit Parade que Heroes. Sacanagem pura, eu adoro os 3 igualmente. O negócio com o Lodger, é que lá tem uma daquelas músicas que só o Bowie sabia fazer, que é o tipo de música que parece ter sido feita só pra você e mais ninguém. Essa é Boys Keep Swinging.

 

The Man Who Sold The World – Lulu

Uma das composições mais geniais e estranhas de Bowie. Ficou histórica com o Nirvana, é estranha com o Midge Ure, mas com a Lulu ficou outra coisa. Com a produção da dupla Bowie – Ronson, arrisco dizer que ficou melhor que a original. Menos hermética, mas sexy e não menos esquisita. Bowie tirou Lulu da candura e a transportou para o bizarro e kinky. I just love it.

 

Scary Monsters

A minha favorita do Bowie. Depois de 10 anos inventando modas e se reinventando em cada disco, ele ainda conseguiu fechar esse período inigualável com um disco soturno, estranho e de beleza indiscutível. Com Scary Monsters, a faixa título ele ajudou a sedimentar e moldar o que viria a ser o rock alternativo dos anos 80. Peso, velocidade e um senso de urgencia e demência. Perfeita.


Os melhores de 2013? E teve?

2013 foi parecido com 2012. Coisas interessantes absolutamente escondidas no mundareo de “datas” que são despejados diariamente no mundo da música. Quando você acha que nada mais pode acontecer, não é que ainda tem uma galera fazendo coisas decentes?

E lá vem elas:

12. Parquet Courts – Light Up Gold

Meio punk, meio indie rock 90’s, diretamente do Brooklin novaiorquino, atual epicentro musical norteamericano mais quente de bandas, casas minúsculas de shows e uma galera de movimento.

O Parquet traz boas referências sonoras e um certo desinteresse genuíno em querer ser aceito pelo maldito mainstream indie que insiste em te vender Vampire Weekend (que é lá do Brooklin também) e Lorde como tais.

Barulhinho bom e meio destrambelhado, o Parquet é bem decente e virou favorito aqui em casa.

11. M.I.A. – Matangi

M.I.A é a artista feminina mais importante dessa decada.

Mesmo com discos espetaculares, eu ainda achava que ela não tinha achado sua voz de verdade.

Acho que em Matangi ela achou! E como!

Sexy, moderna e com um apetite pela destruição, M.I.A. quer ver o circo pegando fogo e seu som traduz bem essa busca.

Pesado, estranho e sem amarras, Matangi é compreensível em qualquer lugar que tenha periferia, violência e esperança, mesmo que ínfima.

10. Grant Hart – The Argument

Um disco pequeno. Pequeníssimo!

Que poderia ter sido lançado em 2013, em 1993 ou em 1988.

Atemporal e urgente como tudo que Grant Hart fez em sua vida útil com o Husker Du e fora.

Grant é um outsider legítimo, dono de seu tempo e obra. Talvez um dos últimos que ainda circulam por ai.

9. Kavinsky – Outrun

Absolutamente animal! Esse disco é pra quem gosta mesmo de música eletrônica movida a botões, válvulas e um cheiro de retro por todos os lados.

A melhor coisa do filme Drive é a trilha sonora de eletro-rock, synth pop e robot house sabiamente empregada durante todo a fita e foi nesse contexto que o nome de Kavinsky aparece pela primeira vez para o grande público.

Kavinsky é um personagem de fiçção retro-futurista, inventado pelo produtor musical frances Vincent Belorgay, cabeça por tras da persona e do album.

Petardo rigorosamente ignorado nas listas de final de ano da galerinha sabida.

8. Charles Bradley – Victim of Love

A história do cara é tão boa quanto a música que sai desse álbum maravilhoso.

Charles viveu na rua, passou por programas de inclusão social, seguiu com subempregos por quase 30 anos, enquanto seus projetos musicais não davam certo, até que o cabeça da Daptone Records escutou o vozeirão de trovão de Charles e finalmente aos 54 anos, conseguiu lançar seu álbum de estréia em 2012.

Victim of Love é seu segundo álbum, feito com esmero e timbragem dignas dos grandes discos de soul music dos anos 60, cortesia dos músicos apaixonados por soul que fazem o selo Daptone ser um dos mais sadios e espertos refúgios de boa música nessa decada digital.

Seguramente trata-se de um album completamente dissociado de nosso tempo, é quase uma pedra de Rosetta de nossos tempos. Dane-se, Victim é impressionante e prova cabal que talento com perseverança um dia dá em alguma coisa.

7. The Strypes – Snapshot

Sim, o The Strypes tem todo o jeito e cara de armação da semi-morta indústria da música (eu adoro armações desse tipo, porque alguém dorme no ponto e coisas boas acontecem!).

Sim, o The Strypes foi descoberta e apadrinhada por Noel Gallagher e Elton John.

Sim, o The Strypes é banda de moleque, o mais velho não tem 18 anos.

Sim, são eles que tocam e compoem as songs (quando eu ouvi pela primeira vez eu não acreditei que uns pirralhos de 17 anos estivessem tocando com essa maturidade e pegada).

Se rock and roll tem algum futuro e se é que precisa de um, então o The Strypes tá no caminho.

6. David Bowie – The Next Day

E quando ninguém mais esperava nada do Bowie, não é que ele me solta um disco como esse The Next Day.

Um senhor álbum com muita cara de final dos anos 70 e começo dos 80. A referencia é o Scary Monsters, mas acho que Next Day poderia ter sido o disco seguinte, ao invés do popaço Lets Dance, ou algo ali no periodo Tin Machine.

Nada em The Next Day sugere mostras de ferrugem ou limo, tudo ainda soa fresco, esperto e com muita fome. Bowie sugou seu próprio sangue mais jovem pra criar um sensacional e nada maduro álbum pra ensinar como se faz um bom esporro com pouco barulho e idéias arejadas.

5. Chance The Rapper – Acid Rap

Olhando pra frente, um moleque de 19 anos chamado Chancelor Bennett, usou a informação e o boldo cultural de sua Chicago (leia-se, todos os blacks que o antecederam, no Jazz, no Soul e no Rap) e criou uma deliciosa Mixtape que espanta pela leveza e modernidade. Só faltou um hit a la Hey Ya pra transformar esse cara no cara logo no seu primeiro respiro ao mundo.

Guardem esse nome, se o futuro ainda privilegiar talento e visão (acho que sim), a ponta de lança da música americana está na voz e nos beats de Chance The Rapper.

4. Death Grips – Govemment Plates

Violento, moderno e extremo.

O projeto Death Grips desafia generos, rótulos e carimbos desde que eles apareceram chutando todas as portas em 2011. Impressionante, não dá pra ficar em cima do muro.

Mais do que se posicionar, é entender o que está acontecendo. Muita coisa acontece em pouco tempo, você fica tonto e quando começa a entrar no som dos caras, a viagem vai fundo.

Digital e artificial, tudo é construido sob base de ruidos, barulho metálico e um senso quebrado de ritmo que não tem adversários a altura.

3. Daft Punk – Random Access Memories

De longe, o álbum pop mais importante do ano.

Pro bem e pro mal (mais pro bem), o Daft Punk bolou um surpreendente e ambicioso retorno a um tipo de pop construido nos anos 70 que não emula somente o funk ou a disco, mas também um tipo de pop radiofônico feito por gente barbuda nessa mesma época.

Random é um excelente e inesquecível apanhado do bom pop pra adultos que se fez nessas últimas decadas (tem referencia pra todo mundo, seja Mike Oldfield a Chic, passando por E.L.O. e Steely Dan).

Todos os créditos e glórias que o disco e o Daft estão colhendo são justos e confesso que relutei a aceitar esse álbum.

Não reluto mais.

2. My Bloody Valentine – Mbv

Só existe uma razão sensata para esse álbum estar aqui nessa lista. O disco existe e ponto.

22 anos se passaram e o som da banda continua praticamente igual ao seu clássico Loveless. Músicas longas, guitarras que vão longe nos efeitos, vocais que vão longe também, praticamente indecifráveis.

Continua tudo lá, inclusive a sensação de que as músicas vão se despedaçar no meio ou virar fumaça de tão frágeis.

Mas a sensação quase familiar de reencontrar alguém muito querido é reconfortante e nem sempre se precisa andar pra frente em busca do novo. Ele pode estar estacionado bem do seu lado e te fazendo olhar pra tras.

1. Kanye West – Yeezus

Well baby, isso é a coisa mais inesquecível de 2013.

Goste-se ou não do cara e ele nunca fez questão de agradar ninguém aliviando no quesito som.

Ultimamente ele tem chutado o balde em disco após disco e Yeezus é um passo gigantesco para fora do gênero de Rap pra começar a virar algo muito maior, talvez ficando do tamanho de seu ego.

De todo o modo, Yeezus é o marco musical desse ano. Não teve a visibilidade de outros pares, mas a dureza de seu discurso, a virilidade do som e a escolha pelo soturno, já fazem desse disco um clássico.

Se o Rap é o som que melhor representa a Black Music nos ultimos 20 anos, então me permito uma digressão.

Pode parecer uma grande viagem minha, mas em termos de rompimento com o gênero e ponto de mutação pra algo que virá no futuro, Yeezus pode significar o mesmo estrago que Whats Going On, do Marvin Gaye causou nos anos 70 do século XX.

Queria explicar melhor, mas deu.