Quem Rouba ladrão tem…??
Publicado; 16/01/2018 Arquivado em: Música | Tags: Biquini Cavadão, Chuck Berry, Elastica, John Lennon, Lana Del Rey, Legião Urbana, Plagiarism, Plagios, Radiohead, Sam Smith, The Cure, Tom Jobim, Tom Petty, Verve, Wire Deixe um comentárioNo mundo da ultra velocidade das informações e do multitelar, polêmicas e indignações nascem e morrem com a mesma velocidade da vida de uma borboleta.
A última ou a penúltima ou a antepenúltima do mundo pop dito “adulto”, foi a noticia de que o Radiohead entraria com um processo por plágio contra a cantora Lana Del Rey.
A rebordosa está na canção “Get Free”, faixa do ultimo álbum da cantora, chamado Lust For Life.
Toda a levada e estrutura de Get Free “lembra” pra não dizer que é “completamente chupada” de Creep. Logo, o maior hit da banda.
Difícil não concordar com o time jurídico da banda, a canção da moça, que teve outros 2 autores é muito, mas muito parecida em clima, em “mood” e nos acordes, são pelo menos 2 minutos praticamente iguais ao hit dos ingleses.
A banda pede 100% do royalties e Lana tava disposta a dar 40%, agora o kiprocó vai pra júri e normalmente esse tipo de processo quem ganha é quem acusa.
Curioso que Creep sofreu o mesmo problema quando foi lançada em 1993, dois compositores da banda sessentista The Hollies alegaram plágio e acabaram ganhando, foram incluídos como co-autores do maior hit do Cabeca de Radio por conta da música “The Air That I Breathe”.
Honestamente, a turma do Hollies ganhou por conta do respeito, pois Creep chupinha com um pouco mais de disfarce. O clima lembra, faz referência mas não é tão na caruda como no caso de Laninha e suas blue caps.
A sequencia harmonica não é 100% a mesma, mas as vocalizações são muito parecidas e numa época em que a indústria tinha dinheiro de sobra (anos 90), apaziguaram a coisa dando crédito aos dois e o enterro seguiu.
Só na época do Britpop, Blur, Oasis, Pulp e Radiohead se fartaram em copiar quem veio antes: Bowie, Kinks, Beatles, etc.
Não é o primeiro, nem vai ser o último caso de “gatunagem” criativa, assim, resolvi listar alguns “plágios” clássicos do pop pra mostrar que até “gênio” passa umas rasteiras pra ganhar aquele dinheirinho.
Sam Smith X Tom Petty – Stay With Me…
O cantor inglês surrupiou quase toda a estrutura de I Wont Back Down, de Tom Petty. Sam e seu time alegou que foi um “acidente musical” e no acordo o nome de Petty foi incluído nos créditos. Faltou um pouco mais de óleo de peroba do inglesinho cara de bolacha!
The Beatles X Chuck Berry – Come Together.
É, até eles! A base do famoso clássico que abre o famoso disco da “faixa de segurança” é You Cant Catch Me, de Chuck Berry. A alegação foi a levada vocal e os primeiros versos que tem sua semelhança em Come Together. Tudo foi resolvido extra-judicialmente e foi tão de boa que até juntos eles tocariam depois, alem de ter rendido até uma versão do ex-beatle em seu discos de covers. Meio falsineide, mas John Lennon e Chuck Berry juntos é de tremer…
The Verve X The Rolling Stones – Bitter Sweet Symphony
A levada orquestral que permeia a música, foi “inspirada” em The Last Time, canção dos Rolling Stones, em uma versão orquestrada por Andrew Oldham Orchestra. Não dá pra negar… o seu cabelo despenteado tá lá nos Stones também.
Elastica x Wire – Connection
Plágio ou homenagem explicita? O fato é que o maior hit da carreira da fodastica banda inglesa é chupadissima de um clássico do pós-punk inglês Wire, na canção Three Girl Rumba, gravada em 1977. O caso de amor de Justine Frischmann (Elástica) com o Wire é tão grande que outras músicas do grupo guardam semelhanças com outras faixas do Wire. Alguém fez o favor de compilar tudo e botar no youtube pra gente.
Tom Jobim X Irwing Berlin – Samba de Uma Nota Só.
Até os gênios dão aquela lambidinha e nesse caso, o nosso maestro máximo tomou emprestado o jeitãozinho suave e “monótono” de Mr. Monotony, de Irwing Berlin. Como gênio que foi, Jobim se apropriou um tiquinho, o suficiente pra que nenhuma acusação de plágio fosse formalizada, além de que, Jobim deu um “upgrade” no “ragtime de uma nota só” de Berlin.
Os brazucas anos 80 chuparam os gringos até não poder mais (no bom sentido), acho que o The Cure foi de longe, a mais imitada (Legião, Biquini Cavadão, Zero, Plebe Rude, Ultraje), levantar todas as semelhanças de The Cure com o Brock ia dar um trabalho desnecessário e do cão, mas deixo aqui uma palhinha, peguem só o comecinho das duas músicas:
Ou essa aqui? Menos descarada mas no mesmo “clima”, especialmente nas introduções.
Não vou nem citar os históricos plágios de Rod Stewart com Jorge Ben, Raul Seixas com The Byrds ou Tim Maia com Booker T., mas uma ultima que me chamou a atenção logo no final desse texto, foi uma que apareceu na minha timeline e não pude deixar de compartilhar, que é tão imitado de Aquele Abraço do Gilberto Gil que é quase uma versão não autorizada.
Quer se divertir um pouquinho mais, abaixo tem um link em que alguém com muito tempo livre e paciência resolveu botar lado a lado copiador e copiado.
Sim, vamos falar a sério sobre Taylor Swift…
Publicado; 04/09/2017 Arquivado em: Música | Tags: John Lennon, Look What You Made Me Do, Reputation, Taylor Swift Deixe um comentário
Cada época tem a Madonna que merece.
E logo quando ninguém achava que num mundo de hoje pudesse surgir alguém pra colocar o pau na mesa como Madonna fez na virada dos 80 pros 90, eis que aos 27 anos, a cantora e compositora Taylor Swift, seguindo passos muito bem pensados e calculados, bota no mundo um baita clipe super produção como há algum tempo não vemos cá pelos lados do mundo Pop.
Look What You Made Me Do é a primeira música do futuro álbum da cantora, chamado Reputation com data prevista de lançamento mundial pra 10 de novembro desse ano.
O ponto aqui é: nada se faz sozinho, ela tem um batalhão de gente fazendo coisa para ela, desde cuidar de sua mídia social, produzir conteúdo para zilhões de sites, blogs e etc, além de assessores para as mais diversas e variadas necessidades da CEO dessa lucrativa companhia chamada Taylor Swift.
Isso sempre existiu, mas no fim, quem dá a cara a tapa é ela e ela tem dado bastante ultimamente.
Desde que largou o country pop dos seus primeiros álbuns e se jogou de cabeça no pop competitivo com o ótimo 1989, ela parece agora querer recontar sua historia recente, suas tretas, desavenças e rancores como outros artistas já o fizeram e seguindo as lições de mestres do passado que tourearam o mundo com louvor (Madonna, Bowie, George Michael), ela vem linda, loura e com a faca nos dentes pra soltar a melhor musica pop de 2017.
Nem em sonhos imagino alguém que consiga deter a moça, e se ela mantiver o nível afiado desse popaço que ela acabou de despejar nas nossas cabeças, segura que esse 2017 não vai ter pra ninguém.
Num mundo violentamente competitivo, Taylor saca qual é a do público consumidor de música hoje.
Primeiro e mais importante: não precisa nem ter álbum pronto, basta um petardo com um clipe super bem produzido pra deixar fãs ouriçados e todo o exército de “influenciadores digitais” só falarem a respeito dela. A repercussão está gigante!
Segundo: Referencias a dores, tretas e problemas pessoais expostas num mundo onde cada vez se tem menos privacidade, colocar na grande “arena” das mídias sociais, um pedaço cada vez maior da sua vida e usar essas situações para ganhar credibilidade de seu público, angariar likes, views, “engajamentos” e “data” no grande vale-tudo do entretenimento pulverizado de hoje traz mais retorno de que dinheiro (ou melhor, o dinheiro grande só jorra se voce tiver tudo isso junto).
Tudo deve e pode ser monetizado pra voce, e vida privada de artista é material monetizável desde sempre.
John Lennon fez um album inteirinho baseado em suas experiências pessoais e fez bastante dinheiro com ele. Plastic Ono Band, mira a metralhadora para a mãe ausente em “Mother”, e até para seu legado e quase todos os seus pares em “God”.
Katy Perry há pouco tempo não estava transmitindo suas sessões de terapia pra quem quisesse ver? Lançou disco novo também, chatissimo by the way.
Taylor sabe que no máximo vai ter mais uns 10 anos de carreira produtiva em alto nível, assim, ela acelera e caminha para atingir seu topo e olha que ela já tem 2 Grammys, mas esse clipe (guardada as devidas e merecidas proporções é o seu Vogue), Taylor destila veneno e ressentimento, empacota em formato de canção pop poderosa, em clipe milionário e bora conquistar a coroa de “Rainha do Pop”.
Ok, não é a Madonna cantando, nem o David Fincher dirigindo, mas já falei no começo que é o que temos pra hoje certo?
Considerando tempo, espaço e a era que vivemos, a beleza de Taylor combinada com uma atitude meio esnobe, egocêntrica e imperativa dá a esse clipe um tom documental bastante rico pra se estudar sobre essa geração dos 20 e poucos anos.
No mais, Taylor hoje é mais rock and roll que todos os artistas de rock juntos.
E nem precisei mencionar que ela é linda de doer né?
The Beatles – Revolver (1966)
Publicado; 06/08/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: George Martin, John Lennon, Revolver, Sixties, The Beatles Deixe um comentárioTento buscar na minha memória ou no que ainda resta dela (Para Sempre JP chegando ai?), quando foi a primeira vez que escutei os Beatles.
As vezes acho que foi Strawberry Fields, no ano em que Lennon levou o balaço? Yellow Submarine em algum programa da Globo ali naquela mesma época?
As vezes, meus sensores de idade e lembrança me mandam avisar que pode ter sido Eleanor Rigby, ali pelo final dos anos 70 em alguma repentina audição no rádio do carro do meu pai.
Tudo isso se resolveria se eu fizesse uma regressãozinha básica e essa dúvida besta e nem um pouco edificante seria esclarecida e eu poderia voltar a dormir o sono dos justos com minhas duas fatias de pepino cru no olho pra manter a pele saudável e as olheiras cuidadas.
E um dia íamos chegar aos Beatles e agora tenho a chance de confessar, estou de saco cheio de Beatles.
É claro que Revolver é um baita disco, mas é tão decantado em prosa e verso, com todas as suas mitologias e lendas contados e recontados de traz pra frente, com todas as suas segundas intenções e pegadinhas e sacadas e mistérios sendo revelados toda a hora, que dá realmente pouca paciência pra escrever sobre ele nos dias de hoje.
Acho que os Beatles tem a mesma importância na formação musical que um On The Road (Kerouac) ou Lobo da Estepe (Hesse) para formação de jovens leitores e como tais, só faz sentido e só arrebata quando se é jovem.
Honestamente não consigo mais ouvir esse disco depois dos 30 anos e muito menos agora que estou com 40. É como se eu estivesse escutando um disco da Xuxa ou do Atchim e Espirro.
Friamente sobre Revolver, eu acho que se trata de um disco irregular, alterna momentos altamente inspirados com bobagens inacreditáveis: Here, There And Everywhere e Yellow Submarine são duas faixas que eu sempre pulei quando escutei esse disco, Eleanor Rigby é linda, mas tão enjoativa quanto três pedaços de chocolate Suflair comprados no farol.
No lado B, For No One é outra tolice.
Do lado A, gosto mesmo é de She Said She Said por causa da sua guitarra e do curto espaço de tempo em que acontece um maremoto de informações dentro de uma estrutura sofisticada e simples. Outra ótima é Taxman, mas se não fosse por ela, não existiria rock no Rio Grande Do Sul, pois todas as bandas lá dos Pampas tentam reproduzir até hoje o som e o molho da guitarrinha de Paul (ta ai o Cachorro Grande que não me deixa mentir).
As vezes me sinto meio mal em ter passado a desgostar tanto de Beatles com o passar dos tempos, mas ai eu lembro de uma matéria em que Ray Davies, dos Kinks detonou esse disco na época do lançamento (ok, pode ter sido inveja), e me sinto melhor.
O lado B é infinitamente melhor: Paul manda sua melhor contribuição pro disco com a sorridente Good Day Sunshine, George não trazia ainda seu melhor, mas I Want To Tell You orna bem. Agora quem manda muito no lado B é Lennon com 3 canções que certamente figuram entre suas melhores canções desse período inicial/meio de carreira da banda: And Your Bird Can Sing foi flagrantemente chupinhada dos Byrds, mas é genial. Dr. Robert tem a sujeira perfeita dentro de um rockinho venenoso e poluído. E finalmente o “tour de force” Tomorrow Never Knows, essa sim, canção que parece ter vindo de outro plano astral, de outra esfera não conhecida pela raça humana e que encontrou na doidice de Lennon, a antena que capturou essa sensação e com a ajuda do maestro George Martin e do fiel escudeiro Paul, deram forma a uma obra-prima assustadora e que por causa dela que essa edição em vinil se manteve aqui na discoteca do Tio JP.
A maioria dos discos dos Beatles que eu tinha já foram embora, mas esse ficou. E até segunda ordem, vai ficar por um bom tempo ainda.