Bixiga 70 – Bixiga 70 (2011)

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Tem um negócio que vocês vão ver pouco por aqui é banda brasileira nova.

Nova do tipo, de 1994 pra cá.

O Bixiga é exceção por razões óbvias.

O som, a abordagem dos instrumentos, a dinâmica dos metais com a cozinha, as cordas que chegam suave, tudo costurado com piano elétrico tocado com destreza e encorpado numa produção de raríssima clarividência e sensibilidade e em especial no gênero que o grupo aborda, pois “instrumental brasileiro” é legal demais, mas faz tempo que não se produz um disco com essa maioridade.

Em tempos em que os sons Afro voltaram a pauta dos músicos, do público, de algumas casas que se atrevem e se arriscam a deixar a beleza do som afro vir a tona, os rapazes usaram sua bagagem sonora para construir um disco que vai além de meramente uma homenagem ao Afro-Beat.

Esse discasso de estreia da trupe reconecta sons ancestrais dos anos 70 e trazem um molho há muito esquecido aqui nos trópicos. O funk brazuca, a hard bossa, jazz orquestral brasileiro, “metais em brasa”, tudo sob a regência do afro sob as ações sonoras da moçada.

Pra quem tem um mínimo de cintura e sente o mínimo de sangue pulsando, não tem como ficar imune a balanços sensacionais como Balboa da Silva e Tema Di Malaika, que soam como trilhas de filmes policiais antigos, mas não ultrapassados.

É vintage, mas é anos 2000 e os rapazes escapam do meramente saudosista ou revisionista ou pior: reverencionista!

O som é quente e tão oportuno que quando surgiram, a internet fez o favor de fazer o som vazar pelo mundo e eles caíram nas graças do New York Times, que na época os apontou como um dos melhores grupos novos não norte-americanos.

Sobre os músicos, pouco a dizer: todo mundo é macaco velho de gigs, gravações, Sescs e tal, entraram muito maduros e seguros do que queriam fazer e resolveram fazer uma banda ducacete e um disco sensacional como esse.

A banda tá em atividade, os caras se dividem em projetos que dão um certo dinheiro porque afinal de contas, uma banda com 10 caras dá mais prejuizo que lucro, então só o fato de eles ainda existirem dentro de um modelo de remuneração que cada vez se ganha menos dinheiro com música gravada e show deles não dá exatamente o cachê de um Mc de funk, tão pouco de um Wesley Safadão, o negócio é se virar com o que dá e a banda vai fazendo disco…

E a barca segue…

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