5 motivos para se amar o Rock In Rio.
Publicado; 22/09/2015 Arquivado em: Música | Tags: Carlinhos Brown, Festivais, Happy Mondays, Neil Young, Prince, Queen, Rock In Rio Deixe um comentárioFestival corporativo por festival corporativo, o o Rock In Rio pelo menos é ou foi “Made In Brazil”.
Festival corporativo por festival corporativo, o RiR não é muito melhor nem muito pior que Lollapalooza ou que SWU ou Hollywood Rock ou qualquer outro festival mega boring que existe no mundo.
Nunca fui em nenhuma edição do RiR, e com o tipo de escalação que tem vindo pra cá, não será nessa vida.
Já não tenho quase paciência pra assistir show no Sesc, imagina essas atrações que só visam atender ao grande público com umas bandas de quinta e headliners que só conseguem o boi de fechar alguma coisa por aqui, ou voces realmente acham que Slipknot, System of A Down e Rod Stewart nos dias de hoje são atrações de fechar algum festival… really?
Mas como hoje é segunda, o começo de uma nova semana e olhar pra frente é sempre a melhor opção, resolvi deixar o amargor pro meio da semana e listar os 5 momentos memoráveis da história do Rock In Rio:
5. Queen em 1985
É brega? É cafona? É manjado? É lugar-comum?
A resposta pra todas as perguntas acima é um sonoro sim, mas nada disso impede que o pelo do Forevis se arrepie com esse cara comandando uma massa de mais de 400 mil pessoas do jeito que ele fez. Ninguém até então tinha feito isso e ninguém jamais faria de novo.
4. Prince em 1991
Até aquele presente instante, Prince era o pop star mais genial que pisava em terras brasileiras e fiquei profundamente triste de não ter conseguido ir nesse show. Sempre fui fã dele e nunca entendia exatamente o porque, seja a capacidade de esgotar temas de maneira seca e ao mesmo tempo rica, Prince sempre esteve um calcanhar na frente do resto, até que os anos 90 passaram por cima dele como um trator. Mas ai, a roda gira e todo o mundo que veio nessa época sumiu, mas a majestade púrpura continua firme e relevante como nunca.
Esse foi o único video que achei desse show no RiR, e o baixinho tava se preparando pra lançar o lascivo Diamonds And Pearls, quebra tudo nego:
3. Neil Young em 2001
Demorou mas ele veio.
Fez um show antológico! Daqueles de pegar o queixo caido no chão depois de duas horas, daqueles que te tiram do eixo e te colocam em contato com algo próximo do divino, do canone ou o que quer que seja. As frases de guitarra desse show ainda me emocionam.
Tinham a sua disposição um palco de 50 metros, mas usaram uns 5. Gênios as vezes precisam de menos do que se precisa.
Mais um que eu não fui também, mas daria meio dedo esquerdo pra ter estado lá.
2. Happy Mondays em 1991
Num horário perdido, meio de última hora pra preencher lacuna e de repente tinhamos no Brasil a banda mais pirada do universo tocando um clássico praticamente ao mesmo tempo que o mundo ainda tentava entender o que diabos estava acontecendo em Manchester e porque o som daquelas bandas de lá saiam desse jeito.
Tem coisas que não se explica, se sente, se vê.
Show grande e clássico com jeito de feito em casa num churrasco no quintal;
1. Carlinhos Brown em 2001.
Palavras são desnecessárias perante imagens tão lindas e expressivas, por isso o momento “Agua Mineral” ainda é e sempre será o momento mais sensacional de um show acontecido em terras brasileiras.
Sabe aquele velho dito popular: uma imagem vale mais do que etc. etc. etc.
Ta ai, não me canso de ver:
10 “clássicos” pra longe de mim, (ultima parte)
Publicado; 15/09/2015 Arquivado em: Listas | Tags: Dire Straits, Led Zeppelin, Pearl Jam, R.E.M., The Beatles Deixe um comentárioSeguindo com obrigação moral de desonrar vacas sagradas, mais 5 discos “clássicos” que eu detesto e se voce só curte os “clássicos do rock”, nem comece a ler:
5. Dire Straits – Brothers In Arms (1985)
Falar de discos detestáveis que tem a pecha de “clássicos” e deixar o Dire Straits de fora não seria justo. Em um dado momento da minha infância, uma maldita propaganda na TV me disse que o Dire Straits era a maior banda de rock do mundo e como eu era uma criança inocente e desprotegida, acreditei. Ai eu comprei uma fita K7 da coletânea Money For Nothing e escutei até a fita quase arrebentar. Eu realmente achei que tava arrebentando na escutação de rock. Logo depois apareceu a trilha sonora da novela Roda De Fogo que tinha Peter Gabriel, Genesis e Simply Red e eu achando que aquilo era Rock and Roll. Resumo da ópera: eu tava definitivamente indo prum lado muito errado e quase que sem volta. Ainda bem que no meio do caminho apareceram alguns acidentes como Jesus & Mary Chain e Pixies e sai dessa vida.
Voltando pra essa desgraça.
Eu poderia passar horas digitando adjetivos desqualificando esse disco e essa banda, mas contra fatos postos não se faria necessário gastar meu latim, mas quem disse que eu consigo?
Vamos lá:
O lado A dessa coisa é o mais pavoroso da historia música pop: So Far Away, abrindo os trabalhos com uma preguiça demente, seguida de Money For Nothing e uma das introduções mais longas, pretensiosas e sem impacto só pra “criar um clima” pra entrar o riff de guitarra mais vagabundo que eu conheço. Como todo disco muito “bem pensado”, a terceira era para levantar o Giants Stadium, Walk Of Life. Ela é ótima, pois propicia que todos os bobocas do mundo tenham a chance de colocar a gravata na testa, dobrar o terno do serviço e apavorar na caipirosca. Chegamos ao fim do lado A com as baladas Your Latest Trick (o solo de sax mais brega do universo) e Why Worry. Acho que já tá bom, não do conta de chegar pro lado B dessa tranqueira.
4. R.E.M. – Out Of Time (1991)
O ano era 1991, e eu não passava de um adolescente classe média (classificação da época do IBGE) e morava em Foz do Iguaçu. O Brasil passava por uma pindaíba braba (essa crise de hoje não chegava nem a fazer cosquinha), estávamos no meio da Era Collor com inflação, moeda desvalorizada, desemprego brutal, pouquíssimos motivos para termos orgulho de alguma coisa, éramos uma piada em dimensões continentais e o dinheiro lá em casa era contadinho pra coisas supérfluas como discos.
Com tudo isso em mente, quando eu gastava dinheiro com alguma coisa “supérflua” tinha que valer a pena e nessa época, tanto quanto hoje, eu adorava fuçar promoções atrás de bons discos que preenchessem o quesito “custo+benefício”.
Só comprava disco novo se realmente eu quisesse muito, e quando saiu esse do R.E.M. após ter lido rasgados elogios de crítica e público, juntei mesada e corri pra Combinato Discos buscar um exemplar.
Botei o disco na vitrola, rodei o lado A e tava me sentindo meio “enganado”, fui pro lado B e a sensação de arrependimento em ter investido uma grana alta veio a toda.
Terminei o disco achando que eu não estava pronto pra ele, tentei ouvir mais uma vez e nada.
Eu sempre gostei de pop e o R.E.M. tinha essa combinação rara de fazer pop e guitarras soarem como se tivessem sido feitas uma para a outra e eu não tava entendendo a proposta de rock adulto que o R.E.M. colocava no disco.
Cadê as porras das guitarras? Banjo? Melotron? Que b… era essa!
Whatever, não tive dúvida e voltei com o disco pra loja e troquei pelo anterior deles, Green (não me arrependo até hoje de ter feito essa troca).
Eu amo o R.E.M. mas Out Of Time foi a concessão mais cuzona que uma banda fez pra ganhar público e audiência. Tudo no disco é pasteurizado ao extremo e sem graça. Radio Song flertava com o Rap tanto quanto o Kriss Kross, Shinny Happy People dispensa comentários, chegava a ser embaraçoso ver a Katy Pierson dividindo vocal numa porcaria dessa, aliás era embaraçoso ouvir o Michael Stipe cantando aquilo.
Mesmo tendo uma música linda como carro-chefe, Losing My Religion tem um arranjo muito quadradinho, que pode ser chamado de perfeito, e que conseguiu ganhar execucão até numa rádio bosta como a Jovem Pan.
Ainda bem que esse foi o único deslize feio deles, pois no ano seguinte a banda já consertaria esse engano com o espetacular e soturno Automatic For The People e até 2004, um punhado de discos incríveis e inspirados viriam.
Mas não tem jeito, Out Of Time é intragável por ter sido certinho demais.
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV (1971)
Aproveito pra confessar algumas coisas sobre o Led com esse disco:
- Nunca fui fã de carteirinha de Led;
- Hoje só consigo dar conta de escutar o Led III;
- Não entendo como alguém ainda ache ok colocar esse disco pra tocar em público;
- Se isso foi o máximo que o rock and roll produziu, então esse negócio não é pra mim:
- Hoje sou muito mais o Deep Purple e o Sabbath ao Led.
Essa besteira de “deuses do rock and roll” nunca me pegou e o Led vestiu essa carapuça de “Deuses do Rock” como poucas bandas. Tudo era grandioso, gigante, majestoso e eu já tava aprendendo a gostar das coisas pequenas, intimistas, pra poucos, lugares menores para shows, bandas menos conhecidas e o Led era exatamente o oposto.
Ok, me lembro da primeira vez que escutei Stairway To Heaven e ela ajuda a cumprir a função de todo o “hino” de um gênero e faz com que você se apaixone, pule de cabeça e queira entender o que isso causa em você. Na minha história pessoal, comecei a ouvir rock achando que Peter Gabriel e Legião eram o máximo no rock and roll. Não me arrependo, guardo com carinho as boas lembranças, mas hoje não me dizem mais nada.
Assim é com o Led, definitivamente sua música não combina comigo e acho perda de tempo escutar Rock And Roll ou Black Dog ou Misty Mountain Hop nos dias de hoje. O que uma nova audição delas pode trazer de novo? Nada! Absolutamente nada. Na real, a única música desse disco que ainda me interessa é When The Levee Breaks, seja pelo som e andamento da bateria, seja pelo arranjo que prepara brilhantemente para seu final.
Deixei esse clássico de lado faz tempo e acho que a partir dele, comecei a deixar outros clássicos para fora de casa.
2. The Beatles – Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band (1967)
Deixei de gostar de “tudo” que os Beatles fizeram já faz um tempão, mas deixar de gostar do Sgt Pepper faz uns 3 ou 4 anos. Acho que foi quando sairam as edições remasterizadas em 2009 e peguei pra escutar de novo. Me senti o personagem do Jonathan Pryce tentando tomar um sol na cinzenta e desolada Manchester dos anos 80. Tudo no disco me pareceu velho, bobo e sem graça.
Sabe aquela piada que você adorava e agora não vê mais graça alguma? Então, é mais ou menos isso.
A long time ago, eu tinha uma fita Basf onde um amigo me gravou as 3 primeiras músicas do vulgo Sargento: Sgt Pepper, With A little Help From My Friends e Lucy In The sky with Diamonds. Ouvi essa sequência até a exaustão, gastava pilhas e pilhas no walkman me deliciando com essas 3.
Eu estava com 14, virando mocinho e achando tudo isso uma maravilha.
Como escrevi lá em cima, nunca nos faltou dinheiro em casa, mas não éramos de posses, assim o álbum completo só veio pra casa uns 2 anos depois como presente de aniversário e finalmente passei da faixa 3.
Confesso que já na época fiquei meio decepcionado. Getting Better e Fixing a Hole baixaram um pouco a minha bola e pensei “porra, começa desse jeito e cai nessas chinfrinzeiras” e ficava pensando “cadê o tal e genial Sgt Pepper?”
Adelante, caimos em She’s Leaving Home é linda e fiquei apaixonado por ela, e Being for Benefit Of Mr Kite depois de alguns anos virou a minha favorita do disco.
Hoje ainda acho que é disparado a mais legal, mesmo prum disco que tem A Day In The Life.
No frigir dos ovos, acho que gostar do Sgt Pepper era quase que uma obrigação e uma necessidade de afirmação de alguns patamares de gostos e predileções que marcavam um limite invisível ou um fronteira entre nós “os legais” e eles, os “não legais” que não curtiam esse disco.
O tempo passou e hoje acho que penso o oposto, gostar desse disco depois de tudo que passei e ouvi é quase um atestado de não evolução, de não ter ido pra frente em nada e ter estacionado na estupefação de um garoto de 14 anos.
O gostoso da evolução é voltar a sentir essa estupefação com novas experiências e não voltar prum estado de espirito que você já não tem mais.
É por isso que essa banda não toca mais pro lado de cá.
1. Pearl Jam – Ten (1991)
Poderia dar um monte de razões para colocar esse disco em primeiro lugar nessa lista.
Dentre elas:
- A produção exagerada a la hard rock do final dos anos 80, ouso dizer que nem o Skid Row ou o Warrant tinham um som de bateria tão brega quanto esse Ten.
- E os ecos? E os timbres das guitarras? De novo, acho que as guitarras do Warrant e agora também dos irmãos Nelson, eram melhores que a da dupla do Pearl Jam;
- O som desse disco não é e nunca foi “grunge”, esse Ten sempre foi um Hard Rock de quinta!
- E essa capa com os bracinhos fazendo um “hi-five”?
- Os hits mais grudentos e chatos da história do rock: Alive e Even Flow, que foram antipatia imediata junto a minha pessoa. Na primeira vez que ouvi no rádio eu achei que era o Queensryche que também gozava de relativo sucesso nessa época.
- Tudo é muito sério, sizudo e parecido com o que seria uma banda que os seus pais poderiam gostar. Tocando e contando todas as verdades do mundo e passando sermão pra todo o mundo;
- E Jeremy? Dá preguiça até hoje…
- Tudo isso foi um conjunto de argumentos sólidos que juntei pra tentar justificar porque eu nunca gostei desse disco, mas o verdadeiro motivo de eu detestar com todas as minhas forças o Ten está lá na faixa 5 e se chama Black, a pior música da história do Universo, o maior erro já cometido no gênero, aquilo que me faz ter vergonha de dizer que gosto de rock, que me dá vontade de ter nascido na idade média e nunca ter passado de Buxtehude.
A banda até que se ajeitou depois desse começo cheio de sucesso e titica, os 3 discos posteriores alternam bons e maus momentos, mas a lembrança e o estilo que impregnou logo de cara, parece que nunca largou a banda e por mais que eu ache o Eddie Vedder um cara gente fina, e os demais caras da banda parecem ser muito legais, ainda haverá um Ten no passado e sobretudo, ainda existirá Black.
10 “clássicos” pra longe de mim (parte 1)
Publicado; 11/09/2015 Arquivado em: Música | Tags: Black Sabbaht, Cabeça Dinossauro, O A E O Z, Os Mutantes, Paranoid, Pink Floyd, Rock and roll classics, The Doors, The Wall, Titãs Deixe um comentárioOi!
Dando um tempo nas crônicas diárias que esse blog se propos, que é o de dissecar um disco por dia retirado da estante aqui de casa, hoje resolvi dar uma lameada no negócio e dar uma pichada básica em discos que todo o mundo paga o maior pau, mas que eu acho um saco, que nunca me disse nada e provavelmente nunca me dirá:
10. The Doors – The Doors (1967).
É aquele mesmo, que tem Break On Through (que é legal) e que tem Alabama Song (que é a melhor do disco e nem deles é e sim um exercicio de puro esnobismo). Mas é nesse mesmo que tem Light My Fire (talvez a música que eu mais deteste no mundo ao lado de Black do Pearl Jam) e The End, a maior baboseira pseudo-intelectual pseudo-transgressora-roquenroll do mundo. Acho esse disco mais chato que tentar levar papo com estudante de humanas maconheiro pseudo-intelectual mas que curte um livrinho de colorir escondido da namoradinha. O The Doors é disco pra se ouvir com a mesma idade que você tiver para ler On The Road, ou seja, antes dos 18 anos.
09. Titãs – Cabeça Dinossauro (1986)
Nunca entendi e nunca gostei de Titãs. Lembro que mesmo muito jovem, o Titãs sempre me pareceu uma farsa mentirosa e metida a besta. O tempo só me ajudou a corroborar minha tese. Quanto mais velhos, piores eles ficaram e o conjunto da obra só depoe contra. Musicalmente sempre achei a banda mediocre, exceto talvez o Charles Gavin que mandava bem, mas a produção fazia o favor de destruir tudo e ele hoje é muito melhor como pesquisador musical. Os guitarristas sempre foram ruins, o Nando foi um baixista bem meia boca e cantor a banda tinha 4 que não valiam por 1/2. As músicas desse play fazem parte do repertório “crássico” e podem até ter a impressão de “transgressão” e “artístico”, mas como eu não acredito nos “transgressores”, então tudo não passa de mensagem inútil. O Cabeça é o “Romero Britto” do rock brasileiro.
08. Pink Floyd – The Wall (1980)
O Floyd sempre teve meio lá e meio cá na minha vida. Tive momentos de absoluta paixão e momentos de absoluto ódio, mas em nenhum desses momentos eu gostei de The Wall. Nas poucas vezes, ou na verdade na única vez que ouvi esse disco inteiro, percebi o sentido completo da expressão “perda de tempo”. Perda de tempo de quem fez, de quem produziu, de quem criou a arte da capa, de quem prensou milhões de cópias e de quem ouve. É o auge da “xaropice” em torno de um tema, de uma idéia e toda uma construção musical cheia de nove horas pra depois virar um show Megalomaniaco chato que nem o inferno. Se a banda tivesse parado em Animals, tudo teria sido diferente, mas eles seguiram em frente e só não queimaram seu filme porque fã de Pink Floyd é mais complacente e paciente que fã de Los Hermanos e nutre um misto de amor sem limites e radicalismo xiita na hora de defender seus “grandes artistas”.
07. Os Mutantes – O A E O Z (1973)
Os Mutantes foram uma das mais revolucionárias bandas dos anos 60, não só “a nivel” Brasil, mas “a nível” Mundo. Se ligaram no que acontecia por ai, tinham uma birutice original e se misturaram com os caras certos aqui no Brasil nessa época: Tom Zé, Caetano, Rogério Duprat e inventaram um tipo de som que só foi compreendido e admirado quase 20 anos depois que eles acabaram. Os 5 primeiros discos são geniais cada um a seu modo e deveriam ter acabado por ai. Com a saída de Rita Lee, eles ainda tentaram, estavam bem sintonizados no seu tempo, mas o problema era justamente o tempo em que eles se ligaram. Era a hora e a vez do Rock Progressivo. Isso só por si já deveria ser auto-explicativo no porque da ruindade desse play, mas vale uma breve digressão pra eu não ser chamado de teimoso. O rock progressivo tinha deixado de ser vanguarda e era o que dominava o rock no mundo e foi pra essa seara que todos se moveram, seguindo o que o Yes e o que o Floyd fizessem e dessa fonte nasceu Supertramp, Genesis e outras porcarias. Ai deu ruim, pois o virtuosismo dos irmãos Dias veio a tona, o humor saiu de cena e o resultado é essa lameira insuportável!
06. Paranoid – Black Sabbath (1971)
Sim, eu acho esse disco uma porcaria! Já tive uma edição em Cd bem vagabunda, o que só ressaltou os inúmeros defeitos desse disco. Primeiro que eu acho o som uma porcaria, parece a versão “demo” de algo que nunca chegou a ser lançado de verdade e o que seria considerado “cru” ou “visceral” na verdade é “tosco” e “mal tocado”. E olha que eu sou fã de punk rock, mas Paranoid não dá. A faixa título é uma porcaria e o resto não consigo passar. Ok, tem War Pigs, que é um “clássico”, daqueles de tocar obrigatoriamente na Radio Rock ou no Morrison Rock Bar. Se possível comigo longe de todos esses lugares. É inacreditável que eles tenham feito essa porcaria depois do inacreditável homônimo primeiro album e Master Of Reality que 250 vezes melhor.
Semana que vem eu continuo malhando mais 5 discos clássicos… ainda nem falei de Beatles…!
Black Sabbath – Sabotage (1975)
Publicado; 09/09/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: black sabbath Deixe um comentárioTem muito doido que acha esse o melhor Sabbath, e olha que ouvindo na sequencia do Vol. 4 chego a cogitar que ele talvez esteja hoje na frente do petardo de 1971.
Hole In The Sky é de arrebentar, a guitarra de Iommi parece uma serra cortando a música pelo meio e dando direto na cara do ouvinte.
Se o grave demolidor que ele tirou em Master Of Reality não é mais tão evidente em Sabotage, o grave desse Sabotage é mais apetitoso, mais abrasivo e parece que mais “quentinho”, e isso fica claro em Sympton Of The Universe, com um guitarra espetacular, um som de bateria inacreditável e o vocal do Ozzy mais Ozzy que se ouviu até então.
E o final? O final de Sympton resumiria em 1 minuto toda a carreira e tudo o que o Jane’s Addiction quis fazer mais de uma década depois desse play, que é misturar balanço com peso.
Megalomania termina o lado A ambiciosa, gigante mas meio maleta e dá um pouco da deixa do que viria a se tornar o Sabbath nos anos seguintes. Mais conceito, menos loucura e uma certa preguiça e conforto num lugar padrão que eles se colocariam e manteriam até o fim dos seus dias.
Sabotage é um disco pra se ouvir sem pressa, fazendo cafuné na bichana e tomar um whisky.
O lado B é mais elaborado, mais chique, mais metido a besta o que fez os fãs de um rock mais cabeça gostarem muito e os fãs mais toscos ficaram meio sem entender e acharam que isso é evolução, Supertzar chega a lembrar o Queen, com suas operísticas e The Thrill Of It All tem outra velocidade, outra proposta e também vai numa direção mais sofisticada que até então não existia no som do grupo.
Am I Looking Insane (Radio) também é outro tipo de som que beira o psicodelismo britânico tardio, ouvindo hoje acho que lembra um pouco um Stones na fase Their Satanic Majestic Request só que mais pesado.
E fechamos a conta com The Writ, outra psicodelia metal sensacional, som que deve ter servido de base de 10 entre 10 bandas que hoje fazem som pesado a la Earthless, Red Fang e alguns progers-metal-psicodelicos devem tudo a The Writ.
Sabotage é o de longe um dos discos mais influentes do rock moderno, cada faixa e cada pedaço de música desse disco parece ter influenciado artistas diferentes em diferentes épocas. Alguns ali na mesma época já surfaram no que esse disco oferecia como alternativas, outras foram beber dessa fonte décadas mais tarde, mas todo o mundo que fez rock pesado nas décadas seguintes bebericou até não poder mais nesse play.
E nóis gosta!
Black Sabbath – Vol. 4 (1972)
Publicado; 09/09/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: black sabbath Deixe um comentárioEsse era o meu disco favorito do Black Sabbath até perder o posto pro Master Of Reality.
Um disco que tem Supernaut, Snowblind e St Vitus Dance não poderia perder esse titulo tão facilmente né? Mas tem um lance no Vol 4 que passou a me incomodar muito, ouvindo esse disco hoje em dia.
Changes.
Não o verbo, e sim a música.
Eu nunca fui fã de Changes, de jeito nenhum. Nem quando ouvi no rádio pela primeira vez, nem quando ouvi no disco pela primeira vez, nem hoje, nem semana passada, nem no show do Ozzy que eu assisti há 20 anos nem quando toca em qualquer lugar que eu passe.
Simplesmente não gosto. E ponto.
E olha que tenho a moral de escrever que eu não gosto do Paranoid. Chego a levar bronca dos meus amigos por causa disso, mas é verdade.
Se não tivesse essa maledeta, o disco ia ser perfeito em sua concepção de explorar novos sons e tentar trazer novos ouvintes para o som do Sabbath, mas, paradoxalmente, se não fosse justamente por causa de Changes, talvez o Sabbath corresse o risco de continuar restrito a um tipo de publico e sua música dificilmente chegaria a ser um hit na Antena 1 por exemplo.
Está claro que os caras queriam mais, queriam mais do que estavam tendo e essa ambição por um público maior só seria possível se eles tivessem algo maior e mais acessível ao que eles tinha mostrado até então e ai veio Changes.
Veja, acho que sou voz dissonante nessa discussão, pois a maioria pega bem com a balada.
E ainda acho que essa música é uma droga e não combina em nada com o resto do disco. Perceba, ela vem logo depois de Tomorrow’s Dream e antes da vinheta FX e Supernaut, que pra mim é a melhor música do disco disparada e uma das 3 melhores do Sabbath ever, e são duas porradas diferentes, com arranjos mais abertos, levadas rápidas mas menos assustadoras, enfim, o Sabbath que viria a ser nos anos seguintes.
Muito do que a banda virou no futuro começou no Vol 4, pro bem e pro mal, as concessões podem ser ouvidas como naturais caminhos de um talentoso e inventivo grupo de músicos que se recusavam a ser rotulados de “adoradores de satã” e ajudaram a redefinir os caminhos que o rock tomou nos anos 70.
E essa capa?
Definitivamente não dá pra escutar esse disco num formato que não seja o Vinil.
Black Ivory – Baby, Won’t You Change Your Mind (1972)
Publicado; 04/09/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: American R&B Seventies, Black Ivory, cool R&B Deixe um comentárioÓtimo som para praticar o “deboismo”, nova modalidade que tem se feito necessária nesse clima de horror político e social que vivemos desde que decidimos dividir a miséria humana em direita e esquerda e fazer de conta que a merda do seu lado é mais jóinha que a do outro.
Bullshit, deboismo já.
Não conheço música mais apropriada para acompanhar esse deboismo do que um bom disco de Black Music bem no sapatinho, mas sem ser chabizeiro.
E calhou de hoje ser justamente esse disco delicia de estreia do competente e sossegado Black Ivory lançado no comecinho dos anos 70.
Macio como uma pluma se deitando no solo, suave e com firmeza, os meninos tocaram tudo nesse play e fizeram um som que é pura Nova York do inicio dos anos 70 antes das invasões da discoteca e do punk rock.
Suave, malandro e sofisticado, esse disco segue no paradigma dos álbuns de black music setentista, seguindo a risca a regra de trabalho de 10 entre 10 artistas que queriam se dar bem no business, e aqui eles seguem a cartilha direitinho.
E qual é essa cartilha?
Baladas.
Baladas melosas, baladas mais safadas, uma ou outra mais rapidinha pra dançar e tome mais balada.
Por que?
Ué, porque as mina pirava em balada romântica, ou isso é muito diferente nos dias de hoje? E os homens que queriam se dar bem com as mina, tocava umas baladas boas pra pegar as que tivessem precisando de um carinho.
Resumo, a necessidade de sexo casual leva 10 entre 10 pessoas a usar baladas para ajudar no clima (junto com birita, cinema, jantarzinho e outros recursos).
Das 9 faixas do disco, 3 são baladas estilo ultra melosas como a faixa titulo além de Time Is Love e Spinning Around, uns dois funkinhos sossegados pra mostrar que eles também quebram tudo quando chamados para a batalha como Just Leave Me Some e One-Way Ticket To Loveland, 1 estilo Motown, que é a ótima Time Is Love.
No lado B tem mais 3 baladas, algumas mais de dor de cotovelo, do estilo “patinha machucada” com It’s Time To Say Goodbye e No If’s And’s, Or But’s (tá ai um excelente nome de música né?) e uma lenta mais arrastando correntes que é a derradeira Wishful Thinking, hoje a minha favorita desse album.
Sei menos do que gostaria de música negra, mas gosto de fuçar e esse play quando achei, foi um tremendo achado.
Black Future – Eu Sou O Rio (1988)
Publicado; 03/09/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Black Future, Experimental music, Rio de Janeiro underground music Deixe um comentárioFazer música difícil é fácil, mas fazer música fácil é difícil.
O Rio de Janeiro é lindo e pode ser bizarro a maior parte do tempo.
Senão isso, porque então foi lá que apareceu a banda brasileira mais parecida com o Killing Joke fora da Inglaterra?
É doido, mas o Killing Joke é a referencia que mais me vem a mente quando penso na banda Black Future.
Anarquico e fortemente influenciado pelo No Wave, o Black Future era avant-guard demais para a sua provinciana e atrasada capital fluminense.
Ou não, o som que eles ousaram fazer na Cidade Maravilhosa e inspirado pela Cidade Maravilhosa é carioca as avessas, é o carioca branco classe média que nos anos 80 tinha ódio ao samba, as escolas de samba ou Rio do Chacrinha, da Globo e do Ibrahim Sued e com um monte de referencias sonoras gringas, resolveram importar a estranhice de um som que seria o arroz com feijão em cidades como Bristol ou Manchester e implantaram em terras cariocas um som que poderia muito bem ter sido feito em Sampa.
O Lado A desse play fantástico é puro pós punk britânico, gelado, sem refrão, experimental e que revelava a busca insana de uma sonoridade que fosse completamente do que tinha sido feito até então e estava muito próximo do anarquismo das Mercenárias ou de um mezzo gótico do Kafka, e se espalha com guitarras ruidosas, baixo marcado e ruidinhos eletrônicos em faixas sensacionais como No Nights e Piada, um desfile de desabafos contra tudo que tem de ruim na sua terra natal acompanhado por um instrumental soturno e longo.
Em Sinfonia Para Um Motor, uma faixa lenta com letra estranha, é quase uma ode ao assassinato (físico ou psicológico), mas confesso que ainda sinto falta de um pouquinho de harmonia nas vozes, por mais que saiba que talvez essa nunca fosse a intenção do grupo.
O lado B segue mais feroz, como em Bem Depois… e na derradeira Thor E Loki, quase um The Cure fase Pornography. A mais alegrinha é Eu Sou O Rio, faixa titulo em que eles procuram se colocar ao lado de outros baluartes da cidade como Joãozinho Trinta, Cartola e Sérgio Mallandro.
Melodia é algo que não se ouve em nenhum momento desse disco, o experimentalismo vai ao extremo e chega a ser indigesto, meio pretencioso, meio esnobe, mas é assim as vezes que ótimos discos são ouvidos .
No fim, a banda acabou não chegando a lugar nenhum, mas ficou por ai pra quem tiver curiosidade esse pequeno delito atonal como um dos registros barulhentos mais interessantes do BRock 80s, muito menos new wave, sem molejo, sem swingue recheado de esquisitices por todos os lados.
O Black Future partiu literalmente para o confronto com esse disco que merecia mais atenção dos pesquisadores e fãs de rock brasileiro.
Ainda dá pra descobri-los, o disco é relativamente fácil de se achar.
De uma voltinha pelo lado selvagem do Rio de Janeiro.
Blackbyrds – Flying Start (1974)
Publicado; 02/09/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: American Jazz funk seventies, Blackbyrds Deixe um comentárioTodo mundo pra cima!
Um.. dois … três … quatro!!!
Funk pra levantar pista, estádio, ginásio, defunto, jogo do Vasco e até o Ibope da Dilma.
A capa do disco já dá toda a letra do seu conteúdo. Alegria unida a uma competência e um molho musical daqueles de devolver a alegria de viver ao coração de qualquer um.
Cada faixa vem numa forma diferente, o ano ainda era o de 1974 e eles davam passos para o que seria o futuro da black music com I Need You, numa quase discoteca, The Baby vem meio funk, com pretensões jazzísticas a la Donald Byrd e depois uma delicia de baladinha malandra de filme de putaria light com Love Is Love… Mais um pouco de jazz funk safadão pra fechar o lado com a destreza dos grandes craques do ritmo e Blackbyrds Theme é tema inspirado e com aquele som que faz bem em qualquer hora do dia ou da noite.
O que mais me impressiona nesse disco é o som da caixa da bateria, seco, duro e que dá o tom diferente de um disco de funk soul jazz que saiam aos montes nessa época.
O disco de estreia desses estudantes de Washington é praticamente perfeito, reescutando essa maravilha, ainda não achei defeito, tudo é mais do que bom, é sofisticado sem ser pedante, é controlado sem ser careta, é adulto mas não é tiozão. Enfim, tem tudo que um disco bom de funk soul precisa ter.
Bixiga 70 – Bixiga 70 (2011)
Publicado; 01/09/2015 Arquivado em: Música Deixe um comentárioTem um negócio que vocês vão ver pouco por aqui é banda brasileira nova.
Nova do tipo, de 1994 pra cá.
O Bixiga é exceção por razões óbvias.
O som, a abordagem dos instrumentos, a dinâmica dos metais com a cozinha, as cordas que chegam suave, tudo costurado com piano elétrico tocado com destreza e encorpado numa produção de raríssima clarividência e sensibilidade e em especial no gênero que o grupo aborda, pois “instrumental brasileiro” é legal demais, mas faz tempo que não se produz um disco com essa maioridade.
Em tempos em que os sons Afro voltaram a pauta dos músicos, do público, de algumas casas que se atrevem e se arriscam a deixar a beleza do som afro vir a tona, os rapazes usaram sua bagagem sonora para construir um disco que vai além de meramente uma homenagem ao Afro-Beat.
Esse discasso de estreia da trupe reconecta sons ancestrais dos anos 70 e trazem um molho há muito esquecido aqui nos trópicos. O funk brazuca, a hard bossa, jazz orquestral brasileiro, “metais em brasa”, tudo sob a regência do afro sob as ações sonoras da moçada.
Pra quem tem um mínimo de cintura e sente o mínimo de sangue pulsando, não tem como ficar imune a balanços sensacionais como Balboa da Silva e Tema Di Malaika, que soam como trilhas de filmes policiais antigos, mas não ultrapassados.
É vintage, mas é anos 2000 e os rapazes escapam do meramente saudosista ou revisionista ou pior: reverencionista!
O som é quente e tão oportuno que quando surgiram, a internet fez o favor de fazer o som vazar pelo mundo e eles caíram nas graças do New York Times, que na época os apontou como um dos melhores grupos novos não norte-americanos.
Sobre os músicos, pouco a dizer: todo mundo é macaco velho de gigs, gravações, Sescs e tal, entraram muito maduros e seguros do que queriam fazer e resolveram fazer uma banda ducacete e um disco sensacional como esse.
A banda tá em atividade, os caras se dividem em projetos que dão um certo dinheiro porque afinal de contas, uma banda com 10 caras dá mais prejuizo que lucro, então só o fato de eles ainda existirem dentro de um modelo de remuneração que cada vez se ganha menos dinheiro com música gravada e show deles não dá exatamente o cachê de um Mc de funk, tão pouco de um Wesley Safadão, o negócio é se virar com o que dá e a banda vai fazendo disco…
E a barca segue…