Beethoven / Richter – Appassionata & Funeral March (Sonatas)

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No livro Caninos Brancos, de Jack London, o personagem principal é um lobo selvagem, em seu processo de “adestramento” ou “castração” de sua liberdade perante a força e destreza de uma tribo de esquimós no Ártico e o relato traz, de maneira simples e cortante, se valendo do limitado e primitivo conjunto de valores do pequeno lobo, como ele “instintivamente” se domestica perante o homem e passe a aceitar seus mandos, seu domínio e sua autoridade.

De maneira que acreditemos fielmente na capacidade básica de entendimento do animal, ele demonstra sua admiração profunda pelos homens que o raptaram, num misto de medo/admiração, nascido da perplexidade deste perante a imensa capacidade do Homem de lidar e fazer coisas com objetos “inanimados” que ele nunca imaginou ser possível, dentre elas, criar fogo com espetos de pau e se valer de objetos da natureza para criar proteção e morada a todos.

Sobre Beethoven, eu sinto o mesmo medo/admiração que o Caninos Brancos sente pelo Bicho-Homem.

No compositor alemão, ouço a imensidão de um mundo antigo que nos sucedeu e um mundo muito melhor que sua capacidade aparentemente infinita de criar coisas belas nos proporiconou.

Sou absolutamente apaixonado pelas Sonatas do mestre Ludwig e a Apassionata é envolta de escuridões e belezas nas mesmas e gigantescas proporções. Instigante ao máximo, tanto a Apassionata quanto a Marcha Funebre são obras dificeis de serem igualadas em ousadia.

Ludwig é imenso demais, é como tentar descrever o Oceano Atlântico, é um tsunami de criações, revolucionou a música para sempre, sem ele não haveria evolução e sem ele, arrisco a dizer que não haveria: Rock, Beatles, Nina Simone, Heavy Metal, Música Gótica, Pop com Piano, Vinhetas, Desenho Animado, Wagner, Stravinski, ambição em se fazer música, músicos profissionais, Lino, etc.

Com tanto para se escrever sobre o homem e sua música, me pergunto porque não me calar e deixar que Richter se encarregue de depositar em nossos ouvidos a melhor ou uma das melhores interpretações das sonatas de Beethoven, que devem as mais sombrias e belas peças musicais já feitas.

E tá bom por hoje.

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