Billy Stewart – The Greatest Sides (1982)

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Acho que já escrevi sobre selos fonográficos nesse blog.

Não lembro bem quando nem qual exemplo foi.

Normalmente acho gravadora um saco, quase todas elas e trabalhando diretamente a maior parte do meu dia nos últimos 5 anos, faz meu ódio aumentar ainda mais.

Mas há dentre elas, alguns selos que mesmo compostos por sanguessugas miseráveis, deram ao mundo algumas das mais belas contribuições musicais do século passado e esse álbum traz dois deles juntos:

A Chess Records e a Sugar Hill Records.

A Chess foi um selo de Chicago fundado pelos irmãos judeus Leonard and Phil Chess nos anos 50 e foi a casa fonográfica de Bo Diddley, Etta James, Chuck Berry e Muddy Waters dentre outros, já a Sugar Hill foi um selo fundado nos final dos anos 70 por Joe & Sylvia Robinson e lançaram alguns dos mais importantes artistas do inicio do rap e hip hop como SugarHill Gang e Grandmaster Flash & Furious Five.

Ambos se dedicaram a lancar e registrar os mais importantes artistas de sua época, mas a Sugar Hill ainda tinha uma missão de resgatar artistas e álbuns importantes da música negra norte-americana que o tempo e as novas gerações foram esquecendo e alguns dos meus discos favoritos saíram justamente desses resgates.

Billy Stewart é um deles. A obra do homem estava praticamente inacessível as gerações que vieram depois dos anos 80 e a Sugar colocou no mundo essa belíssima e hoje rara coletânea com os compactos lançados nos anos 60 pelo artista.

Billy gravou pela Chess nos anos 60 e tragicamente teve sua carreira encurtada por causa de um acidente de carro em 1970, mas em vida, o cantor, compositor e multi-instrumentista deixou um legado de deliciosas gravações com o mais fino do R&B sessentistas, daqueles de te fazer levantar do sofá pra dançar, como nas incríveis Secret Love e Fat Boy, mas o homem era muito bom em baladas como I Do Love You e Sitting In The Park.

Com uma voz doce e de timbre diferente, com forte ênfase num agudo firme, parece que o ar circulava por seus dentes, pelas bochechas e saia com um sabor muito diferente. Somado a isso, o cantor tinha uma maneira particular e peculiar de cantar, usando e abusando de repetições de palavras dentro das estrofes, mesmo que originalmente elas não estivessem lá.

Isso fica evidente e brilhante em sua versão arrasadora de Summertime, fazendo dessa versão talvez a mais feliz e esperançosa, trazendo uma luminosidade que dificilmente Gershwin imaginou ser possível, pois os acordes e a cadencia levam muito mais a reflexão e uma certa saudade de bons tempos que é jogada por terra pelo simpático e carismático Billy.

Esse é daqueles discos que vale a pena estar vivo para ouvir e faz o termo “coletânea” ter seu real significado.

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