Mogwai – Young Team (1997)
Publicado; 10/05/2012 Arquivado em: Música Deixe um comentárioO Mogwai é um banda preguiçosa.
Seu som é preguiçoso.
O Mogwai é mais preguiçoso que Dorival Caymmi.
O Mogwai é o Caymmi do indie rock instrumental experimental.
Calma, nada disso é pejorativo, trata-se apenas de uma constatação refletida sob as luzes dos fatos expostos e que nunca tinha me atentado em todos esses anos que acompanho os discos e shows dos escoceses.
O som do Mogwai é circuncêntrico e pouca coisa acontece nos seus álbuns, mas dentro do magma central, um turbilhão de guitarras distorcidas, junto a uma bateria por vezes nervosa, se formam como maremotos e da mesma maneira que emergem e agridem os ouvidos despreparados, lentamente desaparecem, diminuem seu volume e tudo acontece como um relógio.
Preciso e mortal.
O Mogwai conseguiu inventar Ambient Music barulhenta.
Toda a mecânica é igual a da Ambient: repetitiva, lenta, longa, composta por camadas que se somam, atingem seu topo quando tudo entra junto depois de 8 compassos, e devagarzinho vão saindo de cena.
Seria o “Ambient Hardcore”?
Viagem minha?
Enfim, de toda a discografia do Mogwai, resolvi puxar o álbum que rendeu mais fama e rasgados elogios de John Peel pra falar aqui (até porque ainda é o que mais gosto deles).
Young Team surgiu no meio da então onda do “pós-rock”, onde bandas e artistas transados faziam discos barulhentos, com influência de jazz, progressivo, Fugazi e sem vocal. Dentre elas destacaram-se: Tortoise, Trans Am e Dirty Three.
Young Team tem alguns dos melhores timbres de guitarras tirados na década de 1990, e ainda me lembro vividamente da sensação de fim de mundo que foi a apresentação deles aqui no Brasil há mais de 10 anos, onde as cadeiras do teatro do Sesc Vila Mariana pareciam que viriam a baixo tamanho o barulho provocado pelos escoceses.
Tive quase certeza que viria a baixo mesmo em “Like Herod”: Ensurdecedora, os ecos desse ruído ainda reverberam no meu cerebelo.
Show inesquecível, banda sensacional.
O álbum é a quintessência do Mogwai: coisas acontecendo aqui e acolá, explosões de um lado, quietude nervosa na maior parte do tempo, ótimos achados estruturais e boa música para se digitar sem perder a concentração.