Mogwai – Young Team (1997)

O Mogwai é um banda preguiçosa.

Seu som é preguiçoso.

O Mogwai é mais preguiçoso que Dorival Caymmi.

O Mogwai é o Caymmi do indie rock instrumental experimental.

Calma, nada disso é pejorativo, trata-se apenas de uma constatação refletida sob as luzes dos fatos expostos e que nunca tinha me atentado em todos esses anos que acompanho os discos e shows dos escoceses.

O som do Mogwai é circuncêntrico e pouca coisa acontece nos seus álbuns, mas dentro do magma central, um turbilhão de guitarras distorcidas, junto a uma bateria por vezes nervosa, se formam como maremotos e da mesma maneira que emergem e agridem os ouvidos despreparados, lentamente desaparecem, diminuem seu volume e tudo acontece como um relógio.

Preciso e mortal.

O Mogwai conseguiu inventar Ambient Music barulhenta.

Toda a mecânica é igual a da Ambient: repetitiva, lenta, longa, composta por camadas que se somam, atingem seu topo quando tudo entra junto depois de 8 compassos, e devagarzinho vão saindo de cena.

Seria o “Ambient Hardcore”?

Viagem minha?

Enfim, de toda a discografia do Mogwai, resolvi puxar o álbum que rendeu mais fama e rasgados elogios de John Peel pra falar aqui (até porque ainda é o que mais gosto deles).

Young Team surgiu no meio da então onda do “pós-rock”, onde bandas e artistas transados faziam discos barulhentos, com influência de jazz, progressivo, Fugazi e sem vocal. Dentre elas destacaram-se: Tortoise, Trans Am e Dirty Three.

Young Team tem alguns dos melhores timbres de guitarras tirados na década de 1990, e ainda me lembro vividamente da sensação de fim de mundo que foi a apresentação deles aqui no Brasil há mais de 10 anos, onde as cadeiras do teatro do Sesc Vila Mariana pareciam que viriam a baixo tamanho o barulho provocado pelos escoceses.

Tive quase certeza que viria a baixo mesmo em “Like Herod”: Ensurdecedora, os ecos desse ruído ainda reverberam no meu cerebelo.

Show inesquecível, banda sensacional.

O álbum é a quintessência do Mogwai: coisas acontecendo aqui e acolá, explosões de um lado, quietude nervosa na maior parte do tempo, ótimos achados estruturais e boa música para se digitar sem perder a concentração.

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