Legião Urbana – Amor e muito amor nessa vida.
Publicado; 10/11/2015 Arquivado em: Música | Tags: André Frateschi, BRock 80s, Dado Villa-Lobos, Legião Urbana, Marcelo Bonfá, Renato Russo, Rodrigo Amarente 2 Comentários
“Ame ou Odeie” , é o que normalmente se usa para artistas como Legião Urbana.
Essa mesma expressão serve pra Rush, Engenheiros do Hawaii, Ramones (tem gente que odeia, cruzes…), Radiohead entrou pra essa lista recentemente e mais alguns ai.
Artistas populares desse calibre despertam esse tipo de sentimento porque em algum momento da nossa vida, nós amamos demais, depois crescemos, criamos certa vergonha desse “gostar”, passamos a detestar e em algum vetor do destino nos faz cruzar com o “voltar a gostar”.
Foi mais ou menos isso que aconteceu comigo em relação ao Legião e acho que no fundo, bem no fundo, até quem detesta Legião, gosta de alguma coisa. Já cansei de ler e ouvir críticos de música ou jornalistas descendo a lenha pra anos depois falar bem.
Assim como nunca achei a hojeriza ao grupo totalmente fundamentada, também nunca me desceu esse fanatismo que os fãs tem pelo mito Legião.
Mas ai é uma questão minha, não entendo o fanatismo por coisa alguma, seja Renato Russo, seja Kurt Cobain, seja Maomé, seja Jesus Cristo.
Em muitos momentos, fanatismo e estupidez estão na mesma lança, pois motivado pelo primeiro se comete muito o segundo.
Enfim, tudo isso só pra escrever que nesse ultimo sábado, dia 07 de novembro de 2015 assisti ao meu primeiro show da Legião Urbana. Eu, homem feito e barbado e com 40 anos.
Explico, a ultima grande turnê do Legião foi pra promover o álbum As Quatro Estações, lançado em 1989 e a banda tava tão grande que o show em São Paulo foi no extinto Parque Antártica, duas noites lotadas. Nem se eu quisesse e como eu já era bem bundão nessa época, desisti fácil.
Já na turnê do Descobrimento do Brasil eu não tava mais na onda deles.
Me arrependo até hoje.
Voltando ao presente, resolvi encarar e ver o Legião, no começo muito mais como acompanhante da minha amada namorada, fã incondicional da banda, mas eis que quando dei por mim, lá pelo meio do show, já estava lá por mim mesmo, ou pelo garoto de 11 anos que ouviu num aparelhinho de vinil portátil na casa do primo de segundo grau em Mogi Guaçu, o então recém-lançado Que Pais É Este? e começou ali a dar os primeiros passos em direção ao rock.
Ao vivo, o Legião era legal por que tinha o elemento mais raro de se encontrar em uma banda grande ou um show grande, que é a imprevisibilidade. O temperamento de Renato era o que dava o tom do show, não eram shows 100% profissionais, com schedule redondo, programadinho e certinho. Renato bagunçava essa dinâmica com discursos, improvisos e dependendo de seu humor e feeling, era capaz de proferir os maiores absurdos, quebrar o pau com a plateia ou dos mais sensacionais “mash-ups” antes disso virar modinha quase 20 anos depois.
Nesse sábado vimos uma banda que não evolui muito, Dado continua fazendo o seu feijão com arroz, agora com menos erros que antes, e Bonfá manteve sua tocada rudimentar eternamente adolescente.
Não tinha o elemento mágico e fora da casinha de Renato, mas tinha um cantor profissional brilhante que é André Frateschi. Chamado pra assumir uma responsa, não decepcionou em nenhum momento, assim como não tentou emular os maneirismos de Russo ou substitui-lo no discurso e no papel de front-leader. Nesse quesito, a tarefa ficou com o antes quietíssimo Dado, que por força da circunstancias, se abriu e falou mais. Tudo muito correto.
Com Frateschi, fizeram o primeiro disco inteiro na sequencia. Depois de algumas papagaiadinhas simpáticas, como trazer alguns convidados ao palco (seja um fã ou Rodrigo Amarante), o show foi ganhando em velocidade e barulho e mostrou como o repertório da banda sempre foi poderosíssimo com muitos momentos altos.
Pais E Filhos botou os filhos de Bonfá e Dado respectivamente em seus instrumentos, e Bonfá assume os mics pra conduzir a plateia nos vocais. O Reggae, ainda lá no começo do show serviu de fundo para que Dado pudesse brincar de Paul Simonon e mandasse um pedacinho de Guns Of Brixton (clássica faixa do London Calling). Dezesseis ficou legal também e Perfeição ganhou novas cores por ser exatamente ou praticamente igual ao que foi concebida em 1994. Mais atual impossível!
E pro final veio Faroeste Caboclo, Indios e Que Pais É Este? e vamos embora pra casa depois de quase 2 horas de bom rock and roll brasileiro. Sim, isso existe e goste ou não, o Legião é parte importante nessa história.
Além do que, ao vivo eles ainda conseguem fazer mais barulho que 95% das bandas de rock existentes no Brasil, todas muito sensíveis, todas muito arrumadinhas, todas incapazes de pregar uma surpresa aos seus respectivos públicos como o Legião era capaz de fazer.
Pode ser muito pouco, mas a culpa definitivamente não é do Legião.
Boa Jota! :*
Jaqueline K. Sturm
Claro: +55 (84) 99450-0603 (whatsapp) Tim: +55 (84) 99627-8760
Tks… 🙂