Só surubinha não phode?
Publicado; 18/01/2018 Arquivado em: Música | Tags: Body Count, Liberdade de Expressão, MC Diguinho 1 comentárioA última do momento é a polêmica em torno do funk “Só Surubinha De Leve” do Mc Diguinho.
O funk tem sido alvo de diversos grupos feministas, simpatizantes e indignados em geral com o teor da letra e tem sido acusada de fazer apologia ao estupro.
O barulho foi tanto, que a música hoje foi banida de praticamente todas as plataformas de streaming (Deezer, Spotify, etc) e também do YouTube, ou seja, não dá pra escutar a “obra” e ter uma posição mais clara a respeito.
Não vou entrar na questão de analise de texto, contexto ou qual trecho faz apologia a estupro propriamente dito (eu diria que é o refrão).
Evidente que a letra é uma baixaria horrenda, no nível mais ralo imaginável, próximo a um estágio anterior ao do Homo Sapiens, desrespeitoso com mulheres, com homens, com trans e com qualquer pessoa que tenha olhos e ouvidos em funcionamento mínimo pra conseguir ler e ouvir essa “canção”.
Que o seu autor, que por sinal é também responsável por outras perolas como “Catucada”, “Sou Brabo na Catucada” e “Passa a Lingua e Lambe” não mereceria minha atenção, nem a sua e nem a de ninguém que tenha mínimo entendimento do processo civilizatório e da evolução da espécie humana.
Mas….
Aí vem o mas…
Acreditando piamente na democracia como um estado de direito, coberto das mais amplas liberdades por todos os lados, seguido de responsabilidades e deveres e na existência plena de dissonâncias vindas de todas as áreas e todos os setores da sociedade (política, cultural, comportamental, etc) e que a convivência das diferenças (gênero, sexualidade, religião, opinião, gosto musical, etc.) e o respeito absoluto a todas elas é que fortalecem a democracia não como algo imposto por um governo, arbitrado pelo estado, mas emanado da “polix”, entendido e praticado em qualquer esquina do Oiapoque ao Chui é que vejo com maus olhos esse tipo de cerceamento de liberdades.
Quem são essas empresas ou pessoas pra definir o que pode e o que não pode em suas plataformas? Como se define isso? Não é uma questão comercial? Se tá bombando e trazendo novos ouvintes e gerando receita, tá tudo certo, aí quando o barco vira e “pode” começar a pegar mal pra “marca/Branding”, tira do ar?
Eu só queria ouvir essa porcaria pra saber o quão lixo essa música é e não ouvi-la pra sair por ai com uma “validação” pra sair estuprando pessoas.
Estupradores de verdade não precisam de uma música pra isso: Woody Allen, Harvey Weinstein, Brett Ratner e mais milhões de anônimos que abusam e cometem crimes contra mulheres adultas ou crianças não precisam de trilha sonora alguma pra cometer seus abusos.
Agora estão estuprando a liberdade de expressão e nesse caso, ganha aplausos e claquete.
Fight fire, with fire… ou no do outro pode.
Quem se sentiu ofendido com a música tem também todo o direito e espaço pra protestar, xingar, mandar pro inferno, escrutinar, etc.
Não estou aqui defendendo a letra ou o conteúdo do Mc Diguinho (já escrevi o que penso no começo do texto), estou aqui defendendo a liberdade de se poder cantar ou falar sobre qualquer assunto, mesmo sendo contra o que acredito e gosto.
Uma das minhas músicas favoritas da minha juventude é “Cop Killer” do Body Count, que na época também foi censurada, perseguida, etc , mas que venceu essa barreira e foi mantida, dá pra se ouvir por ai e narra a história de um cara que sai por ai se vangloriando de ser um “matador de policiais”.
Como um legalista, defensor das instituições, acredito que “matar policiais” não é solução pra nada e repugno quem pensa o contrário, mas a música é boa pra cacete e eu adoro.
Dá pra listar diversas músicas com conteúdo impróprios e que adoro também (se for pro mundo do Rap dá umas 20 páginas de músicas desrespeitosas e ofensivas).
Por outro lado, se eu listar temas que acredito e respeito (amor, amizade, conhecimento, lealdade, etc) e músicas que versam sobre esses temas e eu pudesse banir do planeta, 95% do que foi gravado no mundo não existiria.
O crescimento e aprendizado de cada um se dá do entendimento dessas dissonâncias, da reflexão que pode ser colhida até em coisas pavorosas e que arte é representação da realidade, não a realidade em si.
Assim como tá errado Museu ceder a pressão de moralistas de plantão contra exposições “polêmicas”, tá errado igualmente banir uma canção por conta de seu tema.
Quer gostem ou não, liberdade de expressão é pra todos.
Abaixo a letra do Mc Diguinho:
Pega a visão, pega a visão
Pega a visão, pega a visão
Aquele pique, óh!
É o Selminho que tá mandando
Anda, chama!
É o Diguinho que tá mandando
Anda, chama!
Pode vim sem dinheiro
Mas traz uma piranha, aí!
(Pode vim sem dinheiro) (chama, chama)
(Mas traz uma piranha, aí!) (chama, chama)
Brota e convoca as puta
Brota e convoca as puta
Mais tarde tem fervo
Hoje vai rolar suruba
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Taca a bebida, depois taca a pica
Taca a bebida, depois taca a pica
Ta-taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
O ritmo do Diguinho é esse aqui, óh
Pega a visão, pega a visão
O ritmo do Selminho é esse aqui, óh
Aquele-aquele pique, óh
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Taca a bebida, depois taca a pica
Taca a bebida, depois taca a pica
Ta-taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
É o Selminho que tá mandando
Anda, chama!
É o Diguinho que tá mandando
Anda, chama!
Pode vim sem dinheiro
Mas traz uma piranha, aí!
(Pode vim sem dinheiro) (chama, chama)
(Mas traz uma piranha, aí!) (chama, chama)
Brota e convoca as puta
Brota e convoca as puta
Mais tarde tem fervo
Hoje vai rolar suruba
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Taca a bebida, depois taca a pica
Taca a bebida, depois taca a pica
Ta-taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
O ritmo do Diguinho é esse aqui, óh
Pega a visão, pega a visão
O ritmo do Selminho é esse aqui, óh
Aquele-aquele pique, óh
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Só uma surubinha de leve, surubinha de leve
Com essas filha da puta
Taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Taca a bebida, depois taca a pica
Taca a bebida, depois taca a pica
Ta-taca a bebida, depois taca a pica
E abandona na rua
Por posts como esse que seu blog é ótimo! Onde mais citam Body Count?! rs