A velha guarda do indie rock volta a ativa! Bom Pra nós!

Antes de descer a lenha nos indie de mentira que andam pela Terra há quase uma década proliferando uma gororoba gosmenta, nojenta e coxinha chamada “Indie”, eu queria dedicar algumas linhas para falar bem de alguns artistas que tal qual velhos indios comanches, resolveram sair de suas tocas e tacar o sarrafo em 5 discos lançados dentro dos ultimos 2 meses que conseguiram reavivar em mim, a fé (pouca) na humanidade só pelo fato de eles ainda estarem entre nós e produzindo, mesmo que seja pra poucos.

No fim das contas, parece que sempre foi isso nesse negócio de indie rock, mas a velhice, a falta de paciência e uma geração de fracassados bem sucedidos me fizeram pegar ódio por tudo que tenha a palavra indie como tag.

Mas eis que 5 discos incríveis de 2015 com cara de coisas que não se ouve mais nos dias de hoje surgem para deixar o velhinho aqui bem feliz:

  1. Music Complete – New Order

E não é que o New Order botou na rua o seu melhor disco em quase uma década? Digo que acho até melhor que Get Ready, que é um baita disco também.

Ouvindo depois de duas audições, cheguei a conclusão que Music Complete é bom demais, não é moderno, muito pelo contrário, o que para um disco que flerta com eletrônico é um perigo, mas só artistas soberanos nesse platô poderiam resgatar suas próprias coisas e de quem estivesse por ali, Plastic parece ter sido uma faixa do Technique remixada pelo Giorgio Moroder, Singularity é bem Joy Division e se tem alguém que pode emular Joy com propriedade são eles. Outro golaço é Tutti Frutti, que fica ali entre Kraftwerk e house anos 90. Academic é outra beleza que só fica bem com os vocais preguiçosos de Summer e sua semi-acustica tocada com esforço e precisao.

  1. Pylon – Killing Joke

O Killing Joke tem se mantido mais ativo do que eupensava, mesmo lançando material mais voltado pro rock industrial ou até pro publico metal, a banda tem seguido no seu caminho errante e errático, mas acertando mais que errando, o que é incrível pra uma banda velha guarda que já não está mais no seu auge.

Isso se deve principalmente a degenerada ideia que a banda faz de si mesmo e o quão serio eles levam sua arte, a ponto de navegar para mares sonoros que não faziam desde muito tempo.

Ouvindo Pylon, imagino estar escutando a banda no seu auge pop dos anos 80, ali entre os anos de 1985 até 1988, em álbuns incríveis como Night Time e Outside The Gate, quando a banda deliberadamente facilitou as coisas para seu publico, sem deixar de ser ela mesma.

Baita disco!

  1. Moonbuilding 2703 AD – The Orb

Acompanhar a cabeça dos doutores Alex Paterson e Thomas Fehlmann não é nada fácil.

Seus projetos são tão variados e ortodoxos que nunca se sabe o que vem a seguir. De 2010 pra cá eles fizeram os bizarros Metalic Spheres (projeto de dub eletrônico viajante de duas faixas longuíssimas e David Gilmour nas guitarras), e no ano retrasado um disco de dub com Lee Perry…

Honestamente, nenhum deles é legal pra carai…

Com isso posto, esperar algo mais palatavel a essa altura, só os fãs mais ardorosos (se é que eles existem ainda), mas eis que surge o doce, multifacetado e sensacional Moonbulding 2703 AD, melhor coisa que ouvi deles desde Toxygene de 1997. 4 faixas pra jogar na cara de todo o mundo que ainda transita pelos sons eletrônicos como fazer um baita disco de música eletrônica com alma, sem apelar para timbres baratos se valendo de alguns truques bons na manga.

  1. What The Worlds Needs Now… – P.I.L.

Confesso que tava com uma preguica danada desse novo disco do P.I.L. principalmente porque eu achei This Is PIl bem ruim, ruim no nível Flowers Of Romance, que é bem ruim, mas quando eu vi um vídeo deles no Jools Holand, e recolhi o queixo do chão, fui atrás de mais informações sobre esse novo álbum e dá pra afirmar sem muito rodeio que é a melhor coisa lançada pelo P.I.L. em muito tempo.

Raivoso, cínico e mais pesado, What The Worlds… é um tijolo nos cornos dessa sociedade artística politicamente correta, de postura corretinha, arrumadinha e sem sal. Nada como ter um gênio raivoso como John Lydon pra mesmo com sua cara de tia velha soltar um sonoro palavrão bem colocado no horário nobre britânico.

Violento e rock and roll, o P.I.L. tá na área e chutando.

É bom você sair da frente, senão ele chuta seu traseiro limpinho e perfumadinho.

  1. Twingy Wingy – The Brian Jonestown Massacre

E quando eu pesquisava coisas sobre o novo álbum do P.I.L., por acidente descobri que uma das bandas mais fodas dos últimos 20 anos está de material novo. Diretamente de Oregon, noroeste americano, a banda liderada pelo monstro Anton Newcombe nunca escondeu seu amor pela psicodelia sessentista e pelo peso das guitarras dos Stones e depois de muita treta, loucura e uns tempos fora da casinha, é bom saber que eles estão de volta e mesmo com um Mini Album, só reforça a teoria que meio álbum de uma banda tão boa quanto o Brian Jonestown já é melhor que 99% do que tem se tentado fazer em termos de rock nessa falida geração Y.

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