A velha guarda do indie rock volta a ativa! Bom Pra nós!
Publicado; 03/11/2015 Arquivado em: Discos, Listas | Tags: Killing Joke, New Order, New releases 2015, P.I.L., The Brian Jonestown Massacre, The Orb Deixe um comentárioAntes de descer a lenha nos indie de mentira que andam pela Terra há quase uma década proliferando uma gororoba gosmenta, nojenta e coxinha chamada “Indie”, eu queria dedicar algumas linhas para falar bem de alguns artistas que tal qual velhos indios comanches, resolveram sair de suas tocas e tacar o sarrafo em 5 discos lançados dentro dos ultimos 2 meses que conseguiram reavivar em mim, a fé (pouca) na humanidade só pelo fato de eles ainda estarem entre nós e produzindo, mesmo que seja pra poucos.
No fim das contas, parece que sempre foi isso nesse negócio de indie rock, mas a velhice, a falta de paciência e uma geração de fracassados bem sucedidos me fizeram pegar ódio por tudo que tenha a palavra indie como tag.
Mas eis que 5 discos incríveis de 2015 com cara de coisas que não se ouve mais nos dias de hoje surgem para deixar o velhinho aqui bem feliz:
- Music Complete – New Order
E não é que o New Order botou na rua o seu melhor disco em quase uma década? Digo que acho até melhor que Get Ready, que é um baita disco também.
Ouvindo depois de duas audições, cheguei a conclusão que Music Complete é bom demais, não é moderno, muito pelo contrário, o que para um disco que flerta com eletrônico é um perigo, mas só artistas soberanos nesse platô poderiam resgatar suas próprias coisas e de quem estivesse por ali, Plastic parece ter sido uma faixa do Technique remixada pelo Giorgio Moroder, Singularity é bem Joy Division e se tem alguém que pode emular Joy com propriedade são eles. Outro golaço é Tutti Frutti, que fica ali entre Kraftwerk e house anos 90. Academic é outra beleza que só fica bem com os vocais preguiçosos de Summer e sua semi-acustica tocada com esforço e precisao.
- Pylon – Killing Joke
O Killing Joke tem se mantido mais ativo do que eupensava, mesmo lançando material mais voltado pro rock industrial ou até pro publico metal, a banda tem seguido no seu caminho errante e errático, mas acertando mais que errando, o que é incrível pra uma banda velha guarda que já não está mais no seu auge.
Isso se deve principalmente a degenerada ideia que a banda faz de si mesmo e o quão serio eles levam sua arte, a ponto de navegar para mares sonoros que não faziam desde muito tempo.
Ouvindo Pylon, imagino estar escutando a banda no seu auge pop dos anos 80, ali entre os anos de 1985 até 1988, em álbuns incríveis como Night Time e Outside The Gate, quando a banda deliberadamente facilitou as coisas para seu publico, sem deixar de ser ela mesma.
Baita disco!
- Moonbuilding 2703 AD – The Orb
Acompanhar a cabeça dos doutores Alex Paterson e Thomas Fehlmann não é nada fácil.
Seus projetos são tão variados e ortodoxos que nunca se sabe o que vem a seguir. De 2010 pra cá eles fizeram os bizarros Metalic Spheres (projeto de dub eletrônico viajante de duas faixas longuíssimas e David Gilmour nas guitarras), e no ano retrasado um disco de dub com Lee Perry…
Honestamente, nenhum deles é legal pra carai…
Com isso posto, esperar algo mais palatavel a essa altura, só os fãs mais ardorosos (se é que eles existem ainda), mas eis que surge o doce, multifacetado e sensacional Moonbulding 2703 AD, melhor coisa que ouvi deles desde Toxygene de 1997. 4 faixas pra jogar na cara de todo o mundo que ainda transita pelos sons eletrônicos como fazer um baita disco de música eletrônica com alma, sem apelar para timbres baratos se valendo de alguns truques bons na manga.
- What The Worlds Needs Now… – P.I.L.
Confesso que tava com uma preguica danada desse novo disco do P.I.L. principalmente porque eu achei This Is PIl bem ruim, ruim no nível Flowers Of Romance, que é bem ruim, mas quando eu vi um vídeo deles no Jools Holand, e recolhi o queixo do chão, fui atrás de mais informações sobre esse novo álbum e dá pra afirmar sem muito rodeio que é a melhor coisa lançada pelo P.I.L. em muito tempo.
Raivoso, cínico e mais pesado, What The Worlds… é um tijolo nos cornos dessa sociedade artística politicamente correta, de postura corretinha, arrumadinha e sem sal. Nada como ter um gênio raivoso como John Lydon pra mesmo com sua cara de tia velha soltar um sonoro palavrão bem colocado no horário nobre britânico.
Violento e rock and roll, o P.I.L. tá na área e chutando.
É bom você sair da frente, senão ele chuta seu traseiro limpinho e perfumadinho.
- Twingy Wingy – The Brian Jonestown Massacre
E quando eu pesquisava coisas sobre o novo álbum do P.I.L., por acidente descobri que uma das bandas mais fodas dos últimos 20 anos está de material novo. Diretamente de Oregon, noroeste americano, a banda liderada pelo monstro Anton Newcombe nunca escondeu seu amor pela psicodelia sessentista e pelo peso das guitarras dos Stones e depois de muita treta, loucura e uns tempos fora da casinha, é bom saber que eles estão de volta e mesmo com um Mini Album, só reforça a teoria que meio álbum de uma banda tão boa quanto o Brian Jonestown já é melhor que 99% do que tem se tentado fazer em termos de rock nessa falida geração Y.