Bachman-Turner Overdrive – Not Fragile (1974)

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E continuando no quesito BTO, não tenho vergonha nenhuma em dizer que adoro esse tipo de som, meio velho, meio embolorado, mas muito bom.

Pra quem foi um velho fã de indie rock e punk, esse tipo de som é quase a antítese do que me fez me apaixonar por rock, mas nada melhor do que o tempo e a perspectiva histórica para nos fazer enxergar melhor alguns ângulos e propostas.

Além de dar luz a algumas afinidades que ficam escondidas em seu ser e que por vergonha ou convicções você vai deixando algumas coisas de lado e o passar dos anos faz seu ouvido ou olhar voltar para algumas coisas que estavam lá o tempo todo e você não deu bola.

Acho que desde que me entendo por gente eu já conhecia o BTO, como fui um grande ouvinte de rádio e de todo o tipo de rádio, me lembro de ouvir a noite as rádios que tocavam rock e de noite tocavam algumas coisas mais velhas e lá eu descobri Hey You e You Ain’t Seen Nothing Yet e simplesmente amava esse som.

Muito recentemente, voltei a escutar o BTO em sua integra e qual foi minha surpresa com a qualidade e maestria desses discos? Um melhor que o outro, mas esse Not Fragile é de longe o que eu mais gosto.

Mais hard rock que os demais, nessa época eles estavam no auge da popularidade e tocando na ponta dos cascos, senão não teríamos sons tão azeitados como Rock Is My Life, And This Is My Song ou a instrumental porreta Free Wheelin’.

O lado B é só porrada: Sledgehammer, Blue Moanin’ e termina com Givin’ It All Away. Pra mim tudo isso é o que de melhor teve no rock and roll nos anos 70.

E ainda tem You Ain’t Seen Nothing Yet, que é uma das minhas músicas de rock favoritas de todo o sempre, simplesmente adoro tudo nessa música, do violão, da levada ao jeito do Randy Bachman de mandar o refrão, com uma espécie de atraso como se estivesse gaguejando, o que é um artificio muito arriscado mas que quando dá certo, dá muito certo.

E tá bom por hoje..

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Bachman-Turner Overdrive – II (1973)

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Fato mais relevante que eu descobri no Wikipedia sobre o BTO: Eles são de Winnipeg, Canada.

Juro que eu sempre achei que eles fossem norte americanos.

Bem, isso só reforça que rock bom sempre veio de qualquer lugar.

Mesmo sendo canadenses, o BTO deve ser uma das bandas com o som mais “USA” feito por alguém fora dos “EUA”.

Rock com R maiúsculo, puxado no blues, com pitadas de country, bem ao gosto do interior de qualquer nação que tenha boteco, cerveja, mulher peituda, calça jeans, barba, umas meta ou rebite e festas que sejam regadas a sexo e álcool.

Parente bem distante do Kings Of Leon, o BTO era composto por 3 Bachmans, 1 Turner e nenhum Overdrive.

Das cinzas do Guess Who, o BTO é banda de rock com o que tem de mais legal e obvio que existe numa banda de rock que se preze. Tem Hard Rock, tem Blues Rock, tem Country Rock, tem solo de guitarra, tem bateria pesada, tem baixo gordo, tem um cantor com gogó de branco encharcado em música negra e discos que fizeram a cabeça da rapaziada no meio dos anos 70 e hoje fazem parte do repertório obrigatório de qualquer rádio que seja dedicada ao gênero chamado “Classic Rock”.

Só me dei conta que eu adorava o BTO muito tempo depois e nesse segundo disco dos caras, tem duas que eu adoro: Let It Ride e Takin’ Care of Business, não por acaso, foram as duas músicas que fizeram sucesso desse disco. E aqui fazem total justiça, pois são as duas melhores músicas. Let it Ride tem uma levada de violão que vira um hard com guitarra poderosa e volta pro refrão com o encontro dos dois pedaços e a vontade que dá é de botar um 4×4 numa estrada e ouvir esse disco ad infinito.

Randy Bachman tinha o toque de violão mais pesado que se tem notícia nos anos 70.

Outra muito boa desse play é Tramp, um duelinho de guitarras dobradas, com um riff que fica correndo todo o refrão e muita guitarra, mas muita guitarra.

Não que o resto seja ruim, nesse II, tudo parece tão perfeito no modelo de rock setentista que quando eu tenho vontade de ouvir um som encorpado, com alma e “pauderescencia”, eu apelo pros discos do BTO e não me arrependo.

Gosto mais deles do que de Creedence.

E olha que dos discos do BTO, esse é não é o meu favorito.

O favorito vem amanhã.


Bachman-Turner Overdrive – Bachman-Turner Overdrive II (1973)

Definitvamente as melhores gravações feitas e produzidas foram a dos discos lançados nos anos 70.

Ganham em tudo e de todas as épocas, inclusive da nossa: peso, dinâmica, fluência, inovações e mais quantos quesitos você quiser listar.

Com o avanço da tecnologia que cresceu um monte nos anos 60, somado a uma geração particularmente feliz de músicos, produtores e criadores todos cheios de ideias e sabendo como operar as novas mesas de som e os estúdios cheios de possibilidades, os anos 70 floresceram como uma década que vista hoje de longe com um olhar mais critico e analítico não deixa dúvidas. Foi a década da produção musical!

E todos os gêneros se beneficiaram com isso.

No rock e em todas as suas instancias, no jazz, no funk, na soul music, no country, no reggae e no pop.

Até discos comuns ficaram muito melhores graças ao modo como foram gravados e grupos como o Bachman-Turner Overdrive foram muito ajudados.

A banda em si é comum, igual a outras 30 do mesmo gênero de hard rock de arena, mas a produção em particular desse disco é um arraso. Até as passagens mais simples tem um peso daqueles, a cozinha bem tocada foi captada com rara destreza, as guitarras pulam nas caixas como flechas nos seus ouvidos, tudo junto numa mixagem que leva o som da banda lá pra cima e faz tudo parecer muito melhor.

O disco é ótimo mesmo sem ter nenhuma grande song, mas no todo as oito faixas do álbum dão bem a medida do que era o arena rock setentista que não encontraria nos anos seguintes nem sombra e nem rivais.

Grande BTO… rock de truck driver de primeira.