The Band – The Band (1969)

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The Band é um negócio muito sério!

Não é bandinha pra se ouvir toda a hora, nem bandinha pra ficar evocando o santo nome em vão!

Algumas bandas e artistas pra mim são sagrados:

The Band, Them, Link Wray, Joy Division, Neu, Jesus & Mary Chain são algumas delas.

Trata-se de álbuns e artistas que evoco de vez em quando pois estão em um panteão acima dos mortais e dos discos normais, assim é quase uma blasfêmia traze-los para o andar de baixo a todo o momento.

Robbie Robertson era o cara que criava quase todas as músicas, mas parece que o The Band sempre teve um espirito coletivo, onde todo mundo virava meio dono da composição, e o espirito que nascia em um era imediatamente incendiado nos demais integrantes e isso se sente na pulsação desse álbum.

Tudo bem que no Music From The Big Pink isso jorra dos sulcos, mas esse The Band de 1969 é tão pouco saudado e mediante alguns contemporâneos, acabou ficando pra tras, mas eu particularmente acho esse um dos discos mais bonitos daquele mágico 1969, só pra comparar com outros dois famosos desse ano, acho esse álbum muito mais foda que Abbey Road e Tommy ou Beck-O-La.

Só faltou um Hit poderoso nesse disco, pois os dois lados parecem uma única frequência, desde a primeira faixa, Across The Great Divide e Rag Mama Rag e terminando o lado Acom a balada vinda sabe-se lá de que parte do Paraiso, Whispering Pines.

Não é a toa que Bob Dylan adorava tanto o The Band. Alias, outro fã confesso da banda foi George Harrison, que quando ouviu pela primeira vez a trupe, teve vontade de largar os Beatles pra tocar com eles, se sentiu um lixo e achou que sua banda tava muito abaixo.

Concordo com o Beatle calado, o Band é uma banda muito mais foda que Beatles.

Ai vc vira o disco e começa com Jemima Surrender (acho que só essa música sozinha criou todo o som que todas as bandas de Alt-Country viriam a aparecer).

É covardia ficar listando as demais músicas, não tem uma que não seja no mínimo espetacular.

Estou exagerando?

Acho que não!

Amo demais esse disco, não consigo pensar em algo tão perfeito no quesito “Música Americana” quanto essa pepita do Band. Tem em si uma pureza, uma solenidade e mesmo assim, algo que nos linca ao chão e ao supremo de modo que não conheço em nenhum outro Play.

A produção é aberta e precisa e valoriza cada integrante e cada instrumento como nenhum outro, ou como poucos.

Seja pela bateria firme de Levon Helm, ou pelos gracejos guitarristicos econômicos de Robbie ou muito pelo órgão simples e bonito de Garth Hudson, tudo conspirou pra reproduzirmos um dos discos mais bonitos que se tem noticia nesse planeta.

E tenho dito.

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Bachman-Turner Overdrive – II (1973)

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Fato mais relevante que eu descobri no Wikipedia sobre o BTO: Eles são de Winnipeg, Canada.

Juro que eu sempre achei que eles fossem norte americanos.

Bem, isso só reforça que rock bom sempre veio de qualquer lugar.

Mesmo sendo canadenses, o BTO deve ser uma das bandas com o som mais “USA” feito por alguém fora dos “EUA”.

Rock com R maiúsculo, puxado no blues, com pitadas de country, bem ao gosto do interior de qualquer nação que tenha boteco, cerveja, mulher peituda, calça jeans, barba, umas meta ou rebite e festas que sejam regadas a sexo e álcool.

Parente bem distante do Kings Of Leon, o BTO era composto por 3 Bachmans, 1 Turner e nenhum Overdrive.

Das cinzas do Guess Who, o BTO é banda de rock com o que tem de mais legal e obvio que existe numa banda de rock que se preze. Tem Hard Rock, tem Blues Rock, tem Country Rock, tem solo de guitarra, tem bateria pesada, tem baixo gordo, tem um cantor com gogó de branco encharcado em música negra e discos que fizeram a cabeça da rapaziada no meio dos anos 70 e hoje fazem parte do repertório obrigatório de qualquer rádio que seja dedicada ao gênero chamado “Classic Rock”.

Só me dei conta que eu adorava o BTO muito tempo depois e nesse segundo disco dos caras, tem duas que eu adoro: Let It Ride e Takin’ Care of Business, não por acaso, foram as duas músicas que fizeram sucesso desse disco. E aqui fazem total justiça, pois são as duas melhores músicas. Let it Ride tem uma levada de violão que vira um hard com guitarra poderosa e volta pro refrão com o encontro dos dois pedaços e a vontade que dá é de botar um 4×4 numa estrada e ouvir esse disco ad infinito.

Randy Bachman tinha o toque de violão mais pesado que se tem notícia nos anos 70.

Outra muito boa desse play é Tramp, um duelinho de guitarras dobradas, com um riff que fica correndo todo o refrão e muita guitarra, mas muita guitarra.

Não que o resto seja ruim, nesse II, tudo parece tão perfeito no modelo de rock setentista que quando eu tenho vontade de ouvir um som encorpado, com alma e “pauderescencia”, eu apelo pros discos do BTO e não me arrependo.

Gosto mais deles do que de Creedence.

E olha que dos discos do BTO, esse é não é o meu favorito.

O favorito vem amanhã.