Mstislav Rostropovich – Cello Concertos (1978)
Publicado; 11/08/2012 Arquivado em: Música | Tags: boccherini, rostropovich, tartini Deixe um comentário
Rostropovich não foi somente um dos mais completos celistas de todos os tempos, como também foi uma figura politica muito importante.
Abandonou o regime comunista e atacou diretamente seus camaradas dirigentes, o que lhe rendeu asilo imediato da antiga União Soviética.
Pelo mundo, desfilou seu talento e versatilidade em centenas de concertos e gravaçõese aqui foi capturado tocando o fino do barroco em uma de suas mais brilhantes atuações.
Neste concerto, ele toca Boccherini, Vivaldi e Tartini, ou seja, deleite absoluto para quem ama Cello e para quem ama o barroco (esse é o meu caso).
Se vivo estivesse, certamente estaria chutando a bunda dos atuais lideres russos e quem sabe não chamaria as meninas do Pussy Riot para uma parceria.
Defende-las seria o mínimo que esse senhor faria.
Smack – Ao Vivo no Mosh / Noite e Dia (1984-1986)
Publicado; 10/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records Deixe um comentário
Essa turma era do tempo em que ser indie significava:
Bater muito a cabeça;
Explicar milhões de vezes que tipo de som você ouvia e mesmo assim pouca gente entender;
Falar de bandas que ninguém conhecia;
Torrar toda a sua grana para conseguir ouvir e ter os discos legais que não saiam por aqui;
Torrar toda a sua grana se você quisesse tocar sons diferentes.
Isso era ser indie nessa época e não era nada facil.
E tudo se orientava para o rock, pos-punk, punk, mod e quetais e essa era a praia do Smack.
Banda paulistana que tinha na sua formação músicos, jornalistas e fanáticos por rock que queriam botar as mãos na massa e fazer música boa, pra frente, alinhada com esse som underground que se fazia na gringa.
De todos, Edgard Scandurra era de longe o mais talentoso e não por menos, foi o que seguiu mais longe e ganhou a merecida fama de guitarrista mais original do Brasil nos últimos 30 anos.
O Smack era o pos-punk tardio que também foi tardio em grande parte do globo, mas só o fato deles terem existido e feito o que fizeram, mereciam uma estatua na frente de cada barzinho que se vangloria de tocar indie rock.
Eles foram nossa vanguarda e ninguém realmente deu bola pra isso.
Vários Artistas – 7”Up! Singles Only UK 1978-1982 (….)
Publicado; 09/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: john peel Deixe um comentário
Ai Inglaterra, what a place.
Lá na ilha, algumas tradições não desapareceram com a modernidade.
O chá;
A monarquia;
E os compactos!
Compactos esses que saíram e ainda saem aos milhões.
Todo artista tem que fazer um compacto caso ele queira ser aceito na comunidade musical inglesa e principalmente pelo público.
Muitos desses hoje valem uma nota.
John Peel era um devoto fã dessa modalidade.
Enfim, tudo isso pra dizer o seguinte:
7” Up! É uma compilação feita na Alemanha onde os organizadores se focaram em compactos (somente compactos) de punk, pós-punk e new wave entre 78 e 82 e conseguiram fazer a melhor coletânea de obscuridades desse período que eu já ouvi.
Graças a esse cd, tomei contato com artistas que jamais teria como Glaxo Babies, Brian Brian, Weekend, I Jog & the Tracksuits, dentre outros.
E melhor, uma música mais fantástica que a outra.
O que dizer de: Dont Try To Cure Yourself da banda They Must Be Russians (uma das minhas favoritas all-time), que consiste em uma descrição pormenorizada e cientifica da gonorreia com um riff explosivo e simples substituindo um refrão que não existe.
Rigosoramente enquadrados nesse gênero refrescantes e libertador que foi o punk, são bandas que simplesmente evaporaram da face da Terra, tanto que dois deles sequer foram localizados para autorizar essas faixas nesse CD.
Precioso e necessário, essa é uma coletânea que poderia salvar a vida de qualquer um.
Leonard Cohen – Live At The Isle Of Wight 1970 (2009)
Publicado; 08/08/2012 Arquivado em: Música | Tags: joan baez, kris kristofferson, leonard cohen Deixe um comentário
As vezes, quando tudo tem jeito que vai dar errado, o errado acaba errando e dá certo, sabe cumé?
Figura isso:
Festival de música no cú da Inglaterra, multidão muito doida de todas as drogas possíveis e imagináveis, somado a um clima de hostilidade entre artistas e plateia, principalmente plateia, que já havia atirado paus e garrafas em Kris Kristofferson, aprontado baderna no show da cândida Joan Baez e tacado o foda-se no de Hendrix.
Motivo: hiperlotacao, um publico que seria estimado em 600.000 para uma quantidade de ingressos de 150.000, ou seja 450.000 penetras.
Ai sobra para um ainda pouco conhecido cantor e compositor canadense a missão de subir ao palco as 2 da manhã num clima de horror, tocando com uma banda boa mas não completamente ensaiada e depois da apresentação habitualmente incendiaria de Hendrix.
Pronto… merda a caminho!
Ai é que um milagre se fez.
E o curandeiro atendeu pelo nome de Leonard Cohen.
Esse álbum é o registro matador e definitivo desse balsamo que foi capaz de calar, arrepiar e pacificar 600.000 selvagens, quando ninguém acreditava mais que o festival não fosse terminar sem morte, destruição e tragédia.
Mostrando um poder de comunicação impressionante, Cohen brindou a plateia com um show transcendental, poético e de beleza impossíveis de serem ignoradas e combatidas.
Passeando pelo folk, sua voz grave, anasalada e reconfortante foi um sossega-leão coletivo, caiu como uma luva e virou esse CD com DVD impressionantes, com o show na integra, além de depoimentos de testemunhas do show e músicos.
Meat Puppets – Huevos (1987)
Publicado; 07/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records Deixe um comentário
O Meat Puppets é uma banda difícil de se gostar logo de cara.
O som deles sempre foi propositalmente estranho, mesmo sendo ridiculamente trivial e convencional.
Guitarra, baixo e bateria e só.
Solos de guitarra para carai…
Referencias da banda: ZZ Top e Grateful Dead.
Claro que tudo devidamente revisado para os anos 80, década de florescimento do rock alternativo americano e diretamente da SST, a melhor gravadora de rock oitentista, não tinha como sair errado.
Caipirassos e matutos, já tão na pista desde 1982 sem parar, produzindo ótimos discos ao longo desse tempo todo.
Por uma dessas inconscistencias que acontecem na vida, toda a discografia dos caras foi lançada no Brasil nos anos 90 para os 2000 pela quase extinta Trama e esse Huevos é resgate dessa leva.
Um dos discos menos importantes da carreira do Meat, mas que por razoes cientificamente inexplicáveis é o que eu mais gosto deles, por que talvez seja o disco mais bem resolvido e ao mesmo tempo ainda rápido, riffudo e com um timbre de bateria chapada que eu simplesmente amo ouvir em rock.
Quase um Southern rock punk.
I love it, i really do.
Isaac Hayes – Hot Buttered Soul (1969)
Publicado; 06/08/2012 Arquivado em: Música | Tags: hot buttered soul Deixe um comentário
E diz se 1969 não foi um ano muito foda?
Tenho ouvido esse cd no meu “discman” na ida e volta ao trabalho há pelo menos uma semana seguida…
É, você leu direito, eu escrevi “discman”, é esse o “device” que eu prefiro para escutar música em locomoção pela cidade e no transporte coletivo. Com um fone razoável, dá pra ouvir musica na melhor e mais barata qualidade possível sem ficar dando pala pra malandro, afinal, quem vai querer roubar um Discman…
Pois bem, o “Chef” tem sussurrado seu soul arrastado e viajandão acompanhado pelos fabulosos BarKeys na minha orelha a semana toda e a cada nova audição, uma nova descoberta, uma batida nova que pinta junto ao ruído do metro, uma virada que se modifica e se revela ao longo das 4 músicas presentes nesse álbum, que se alongam em viagens sonoras onde cada músico tempera cada faixa com seu mel, com sua pimenta e deixando o “chef” livre para entrar só quando tiver vontade, afinal esse é um disco pra quem curte “som”.
O “som” desse álbum é surreal e irreproduzível em formato digital, simplesmente não cabe em wav ou mp3.
Ou é tudo ou é nada com ele.
Ou você dá atenção aos pormenores desse filé, ou vai deixar passar batido toda a riqueza soul contida nessa pepita…
Acompanhado dos Barkeys, que estavam na ponta dos cascos, Isaac revisita e reinventa dois standards da música americana: Walk On By e By The Time I get to Phoenix que respectivamente abrem e fecham Hot Buttered Soul e no miolo tem Hyperbolicsyllabicsequedalymistic e One Woman, dois temas originais absurdos.
Hot Buttered Soul deve ser o disco mais sampleado de Hayes, e seus grooves foram usados por todo mundo desde então.
Uma aula de soul e veneno.
Jack Bruce – Songs for a Tailor (1969)
Publicado; 05/08/2012 Arquivado em: Música | Tags: felix pappalardi, jon hiseman, nick drake, wishbone ash 1 comentário
Ta ai mais um daqueles músicos enigmáticos que surgem de tempos em tempos, segue zilhoes de caminhos, tocam de tudo e ajudaram a revolucionar o rock e o blues inglês.
O cara é fora da casinha.
Ainda tá vivo e ativo, seu som hoje é étereo e inclassificável, já não segue rótulos musicais há um tempão.
Coisas de gênio.
Songs for a Tailor foi o primeiro álbum solo de Jack com o fim do Cream e na minha opinião, o melhor, e mais bem resolvido deles.
Inspirado, Jack despejou algumas de suas melhores músicas que não couberam no Cream e contou com uma turminha do barulho para acompanha-lo (George Harrison, Jon Hiseman, Dick Heckstall e Felix Pappalardi), não conheçe? Procure saber então…
Fazendo o som que praticamente todos os grandes faziam na época, e grandes eu incluo Tim Hardin, Nick Drake, Traffic, Family, Wishbone Ash e por ai vai nessa viagem mais sofisticada, elaborada e rica que poucas vezes se ouviu na história.
Depois desse, as viagens de Bruce ficariam absurdamente herméticas, idiossincráticas e de difícil degustação, mas como ele é gênio e eu não, a culpa é mais minha que dele, afinal ele sabe de coisas que me esforço pra entender ou conhecer.
Ministry – Psalm 69 (1992)
Publicado; 04/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records Deixe um comentário
Resolvi me dar um mimo essa semana.
A edição 180 gramas de Psalm 69 para botar no prato, girar o volume para o talo e ouvi-lo todinho, com todo o peso, velocidade, insanidade que nunca achei em nenhum outro álbum desde que me conheço por gente.
Não quer dizer que não tenham melhores, mais pesados ou tão insanos, mas Psalm teve o timing perfeito, saiu na época certa, nem um mês antes, nem um mês depois, cravado no incrível ano de 1992, no ano em que o bom rock tomava de assalto as paradas com os grunges de plantão, abrindo espaço que artistas como o Ministry, que já tinham batido na trave pudessem dessa vez acertar um sem-pulo no angulo como poucas vezes se ouviu.
Não sei como vai ser o juízo final, mas se existir um juízo final de verdade, como descrito no “Bom Livro” e existir alguma sonorização que represente a ruina, o pavor e a catástrofe, esse álbum certamente poderia preencher esse vazio.
Galgando entre o Industrial e o Heavy Metal, o Ministry sempre foi inclassificável e seus mentores: Al Jourgensen e Paul Baker fazem o contraponto da insanidade com o rigor de caxias, suficientes e eficazes para transformar a fúria em uma produção expansiva, mecânica e milimetricamente calculada em cada uma de suas explosões.
Resumo. Doido, mas friamente planejado.
Assim como o fim do mundo.
The Boomtown Rats – A Tonic For The Troops (1978)
Publicado; 03/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: bob geldof, boomtown rats, i dont like mondays, live aid Deixe um comentário
Bob Geldof foi só um cara legal que liderou uma banda legal de New Wave dentre um zilhão de outras.
Eu disse foi, e isso foi antes dele se meter a salvador da pátria, virar ativista xiita chato visionário, criar o Live Aid (o similar a Revista Caras para artistas engajados) e por fim antes de cometer I Dont Like Mondays (música que se encaixa no padrão “Mais Ruim que Merda”).
Antes de tudo isso, ele fez um disco legal que é justamente esse sensacional A Tonic For The Troops.
Com todos os elementos que um belo disco de new wave precisa, A Tonic é a ponte exata entre a fúria do punk, o desleixo carpe diem da new wave e a descrença niilista do Pós-punk, mas com a luminosidade que músicos de bem com a vida conseguem imprimir no som.
Limpo quando tem que ser limpo, sujinho quando precisa, o Boomtown Rats conseguiu entregar canções sofisticadas, com bons arranjos, altos e baixos com perfeito senso pop, jovem sem ser retardado.
Depois desse, o Boomtown Rats seria só mais um no meio da multidão, sofisticando demais seu som, mas sem a graça desse inicio.
Até que o espertão Bob Geldof fez tudo aquilo que já tratamos por aqui.
E deixou de ser só o carinha legal.
Hubble Bubble – Faking (1979)
Publicado; 02/08/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: plastic bertrand Deixe um comentário
Punk belga hoje…
A única banda de punk e new wave belga que conhecia era o Plastic Bertrand, que nem é tão punk assim, mas a Belgica não é uma Inglaterra ou Estados Unidos, lá tudo é certinho, todo mundo tem a mesma cor, curtem um chocolate e tem uma estatua do Tin-Tin em Bruxelas.
Mas o Hubble Buble é até uma surpresa.
Não adianta procurar muita coisa pela internet, que as informações não são confiáveis.
Mas como esse blog não é informativo e sim opinativo… tudo certo!
Excelente álbum, talvez seja o melhor disco de punk pop produzido na Bélgica, o que não quer dizer muita coisa também.
O Hubble Buble foi um projeto de um dos integrantes do Plastic Bertrand, antes do Plastic Bertrand existir, assim o som da banda é menos punk e mais próximo do pub rock que se fez antes da explosão punk e new wave.
Guitarras espertas, canções pop excelentes e ótimo approach, Faking é um LP sensacional e voltado especialmente para os já iniciados em punk pop setentista e oitentista e para quem gosta de escavar preciosidades e raridades perdidas no tempo.