The Flaming Lips – Cloud Taste Metallic (1995)
Publicado; 21/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: christmas at the zoo, flaming lips, soft boys Deixe um comentário
Esse foi o ultimo disco de rock do Flaming Lips.
Depois desse, as pirações de Wayne Coyne não conheceriam mais limites.
Olha a lista:
Zaireeka (1997), álbum quadruplo cuja proposta quadrifonica previa que a experiência sonora só seria completa se ouvidos os quatro discos simultaneamente, oi? Christmas on Mars (2008) é uma “trilha sonora” surreal de ficção cientifica e psicodelia de um filme que nunca existiu, oi? E recentemente fez um álbum com a banda Heady Fwends em que a edição em vinil colorida vem com uma bolsa de sangue colhida de artistas como Chris Martin (Coldplay) e do próprio Coyne, oi?
Mas tanta piração infelizmente não é sinônimo de qualidade.
Por isso que Cloud Taste Metallic é bom.
Antes que as alucinantes ideias de Coyne dominassem completamente as ações da banda, ainda restou um tiquinho de guitarras e rock até que elas fossem extintas do som do FL nos anos seguintes.
Muitas ideias e poucas músicas que prestem, essa tem sido a rotina do grupo.
Clouds… está cheio de grandes canções: This Here Giraffe, The Abandoned Hospital Ship e principalmente Christmas At The Zoo (coisa de gênio 1) e Bad Days (coisa de gênio 2).
O Flaming Lips conseguiu a incrível combinação de inocencia, birutice e ambição que seriam levadas as ultimas consequências, mas que aqui ainda se encaixam, fazem sentido em sua mistura de Beach Boys, 10CC e Soft Boys.
Sensacional canto do cisne do bom Flaming Lips guitar, os Lips são a maior influencia do novo indie 2000, para o bem e para o mal.
John Coltrane – Meditations (1965)
Publicado; 20/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: elvin jones, jimmy garrison, mccoy tyner, rashied ali Deixe um comentário
Finalmente um disco do Seu João por aqui.
Pra falar a verdade, eu evito um pouco as unanimidades ou vacas sagradas por uma razão muito simples, eu não curto unanimidades.
Coltrane, assim como Miles Davis, é um dos mais iconográficos representantes do jazz de todos os tempos e um dos principais artistas aglutinadores de publico, seja de novo público que se aprochega aos sons do jazz, seja de ouvintes mais experimentados.
Coltrane é ou deveria ser presença obrigatória nas discoteca de qualquer cidadão que goste de música.
Os favoritos de grande parte do público são, em ordem decrescente: Blue Train, Ballads e principalmente A Love Supreme, talvez o mais amado disco de jazz da história.
Mas como eu sou do contra, escolhi Meditations.
Gravado em 1965, Meditations é incomodo, barulhento, frito e marcaria uma virada definitiva na carreira de Coltrane em direção ao free-jazz experimental, por muitas vezes, insuportável (é verdade!), mas revolucionário em forma, conteúdo e expressão.
Como é pra frente que se olha, Coltrane tinha mudado sua banda e pra esse álbum, tinha a companhia mais segura e poderosa de Pharoah Sanders que com seu sax tenor dividiu com João a responsabilidade em gerar o caos e linhas diferentes de harmonias difusas dentro de um amplo espectro de possibilidades delineadas e comandadas pela base mais poderosa de toda a historia do jazz: McCoy Tyner, Jimmy Garrison, Elvin Jones e Rashied Ali (um verdadeiro dream team do jazz).
Meditations é uma viagem em espiral ao inferno, a danação e ao lado escuro da luz (viagem né?), mas é um disco tão espinhento e tão dolorido que também não é um disco pra se ouvir o tempo todo e a qualquer momento.
Fritação das boas.
VCMG – Ssss (2012)
Publicado; 19/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: tecno, vince clarke Deixe um comentário
Dificil achar algum artista novo que preste né?
Você, amiguinho atualizadinho, bem que tenta, vai lá, devora a Uncut e a Mojo, passa a vista na Spin e na Rolling Stone, zapeia nos blogs, clica em todos os links do Pitchfork, lê o Lucio Ribeiro, essa coisa toda.
Ai você escuta todos os artistas e faz um monstruoso favor para gostar, mas lá no fundo, bem nos fundilhos de vossa alma você sabe que a maioria dessas coisas não passa de merda.
É isso mesmo, não se iluda…
Já passei por isso também nos anos 90, onde a gente tinha menos acesso a informação, não tinha internet, nem blog, nem site, nem merda nenhuma. Tudo era na raça, na confiança que você depositava em alguns faróis e vamos embora.
Mas é pra frente que se anda, então voltemos pra 2012 e tentar achar alguma coisa que preste…
É dificil, mas não impossível.
O VCMG não é um projeto de garotos ou amadores, e sim um projeto de música eletrônica séria capitaneada por dois monstros do tecnopop: Vince Clarke (cabeça musical por tras do Erasure) e Martin L. Gore (gênio que inventou o som do Depeche Mode).
Esses dois senhores, de trajetórias, histórias e biografias tão ricas finalmente se juntaram para fazer um disco juntos e o resultado é um perturbador, instigante e monumental álbum de Tecno, com forte cheiro de passado, mas totalmente ligado aos anos 2000.
Pesado, dançante, com bases cavalares que trafegam entre o House, o Tecno clássico anos 90 e até alguns sons Garage ingleses.
Rico em camadas, a dupla não economizou esforços, se inspirou nos caras que mexeram o mundo nos anos 2000 e lançaram desde já, um dos mais interessantes discos de 2012.
Pelo menos não vai ser um daqueles discos ou artistas hype descartáveis que a mídia inteligente não se cansa e nunca se cansará de jogar em vossos colos.
Os “garotos” mandaram muito bem, prova viva que para fazer musica jovem não é privilegio de jovens.
Glenn Gould – A State of Wonder (2009)
Publicado; 18/07/2012 Arquivado em: Música | Tags: geoffrey rush, glenn gould, thomas bernhard Deixe um comentário
Bach foi o maior compositor da história.
Completo em quase tudo, o alemão revolucionou a música tanto ou mais do que Beethoven ou Wagner.
Bach assim como Deus, está em tudo que se fez na música nos últimos 3 séculos.
Glenn Gould é tido como o mais genial pianista de todos os tempos (se não for o maior, está lá na cadeia evolutiva do instrumento entre os grandes e maiores).
Genial, genioso e estranho, Gould é objeto de duas peças ficcionais que fazem jus a sua história e trajetória. “Naufrago”, livro de Thomas Bernhard tem Gould como um dos personagens de sua estranha e bizarra ficção cabeçuda, e claro o filme “Shine”, onde o gigante Geoffrey Rush interpreta o pianista numa performance mediúnica que lhe valeu um merecido Oscar em 1997.
Isso posto, faça um favor a si mesmo e escute essa edição magnifica das “Variaçoes Goldberg”, obra pianistica do mestre barroco em que o pianista a interpreta em dois momentos distintos de sua carreira.
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Estão lá sua primeira gravação de 1955 e a segunda em 1981, ambas geniais e que dizem muito sobre o espirito conturbado do pianista em sua busca incessante por paz, Deus e redenção.
Nunca me canso de ouvir esse CD, remasterizado especialmente para essa edição dupla, traz tudo o que se espera de uma obra de piano solo.
Não pense que vai ser fácil, mas vai valer cada microssegundo de vossa atenção.
Se desligue do planeta por algumas hora e absorva esse néctar.
Se Deus existe ou não isso é outra conversa, mas Bach existiu e isso as vezes basta.
Mudhoney – Superfuzz Bigmuff (1988)
Publicado; 17/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: black sabbath, mark arm, steve turner Deixe um comentárioNaquela história da carrochinha que te vendem o Nirvana como expoente máximo do grunge, faz um favor: cut the crap e bota esse disco pra escutar.
Tudo que o grunge foi e seria tá todinho aqui!
A quintessência do que o rock alternativo de guitarras foi até aquele instante e o que viria a ser nos anos seguintes, até que fosse completamente aniquilado pela modernidade dos anos 90 e sepultado pelo britpop e pelo pós-britpop praticado por Radiohead e quetais…
A diversão, o ruído, a velocidade, o Black Sabbath, o Black Flag, tudo junto e misturado ao clima “tocando o foda-se” até as últimas consequências e instancias que só uma banda tão boa como o Mudhoney poderia ter feito.
Tudo que veio depois desse disco sempre bateu na trave, o Mudhoney nunca repetiria outro momento tão furioso, tão urgente e tão divertido como Superfuzz Bigmuff.
Eles sempre foram uma banda muito legal, que fizeram músicas de dar inveja em 95% dos artistas de rock das ultimas 3 decadas e são tão lo-profile, que hoje vivem vidas normais com empregos tão normais que chega a ser espantoso saber por exemplo que Steve Turner virou marceneiro e carpinteiro e que Mark Arm (líder e guitarrista), trampa ou chegou a trampar na própria Sub Pop como gerente de estoque da gravadora.
Desde sempre, Superfuzz Bigmuff será um disco de guitarras originais, explosivas e destruidoras.
E fica melhor ainda nessa edição em vinil remasterizada lindona.
Traffic – John Barleycorn Must Die (1970)
Publicado; 16/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: blind faith, spencer davis group, steve winwood Deixe um comentário
Pensa numa banda muito profissa e muito focada!
Esse era o Traffic!
Na real, um grupo de músicos muito caxias que faziam de tudo, tocavam tudo muito bem, que faziam tudo nos conformes e construiram uma baita carreira daquelas de dar orgulho…
No combo do Traffic, tinha folk, r&b, progressivo, psicodelia, jazze uma proposta sonora bastante sólida para músicos tão jovens.
John Barleycorn é um disco que serve para mostrar como Steve Winwood foi um dos mais fodasticos band leaders da história do rock inglês, se pá, mundial, afinal o cara esteve a frente do Spencer Davis Group e tocava no Blind Faith, junto a Eric Clapton.
Como diz aquele ex-gordo da TV, “o loco meu, só fera!”.
Agora pensa num disco sem defeito…
Não precisa pensar mais, basta escutar John Barleycorn Must Die e se deparar com uma aula de arranjo, de execução, de gravação e de tudo de ótimo que um disco de rock que transcende gêneros precisa ter.
Que baixo, que condução de bateria…
E olha que não tem nenhuma grande canção, mas tem músicas espetaculares.
Impossível não gostar…
Baita disco!
Joe Jackson – At The Bbc (2008)
Publicado; 15/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: john peel Deixe um comentário
Adoro um pop careta de vez em quando.
Eita gênero malfadado a ser incompreendido.
Joe Jackson é uma figura rara e tremendo fazedor de canções.
O cara tava sempre por ai, fazendo seu soft rock e pop “de elevador” (definição muito da preguiçosa) de maneira muito competente ao longo de mais de 30 anos.
No meio dos anos 70, como quase todo mundo, fez new wave e um tiquinho assim de punk, mas o termo power pop é mais a cara desse sujeito feio, magrelo e que parece já ter nascido careca e com cara de velho.
Inglês com cara de inglês… manjou?
Em 2008, saiu essa compilação dupla com as passagens do homem pelas ondas sonoras da BBC inglesa, dentre outra coisitas estão lá sua ida ao programa do monstro John Peel, além da compilação de 3 shows que Jackson fez em 1980, 1982 e 1983.
Que momento!
Apresentações arrebatadoras, shows de pop branco que muitos se esforcam em fazer mas poucos conseguem. Joe Jackson tem o raro talento de fazer um pop que passa como careta e quadrado, mas com uma cama sonora rica, simples e parruda.
E ainda por cima o homem fez duas das minhas musicas pop favoritas all-time: I’m The Man, pérola pub/new wave/power pop com uma das linhas de baixo mais furiosas do pop e Steppin Out, clássico absoluto das rádios de soft rock oitentistas, que me enche de alegria em cada nova audição e traz um conforto saudosista que só uma canção pop velha perfeita como essa foi capaz de radiografar naquele inicio brabo de anos 80.
Desemprego, crise, Guerra das Malvinas, governo Thatcher… get the picture?
Joe Jackson émMais um dos grandes que ficaram pra tras, mas que você pode resgatar do ostracismo injusto e se deliciar com essa pepita que só a BBC fez para mim, para tú e para vós.
Man Or Astroman? – Experiment Zero (1996)
Publicado; 14/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records | Tags: experiment zero, galaxy trio, man or astroman, phantom surfers, television man Deixe um comentário
Que momento!
O que se pode esperar de uma banda que era o cruzamento do Devo com Dick Dale?
Só coisa boa, claro!
O MoA teve uma carreira totalmente lo-profile sem grandes voos, sem capa em revista moderninha, sem fãs “mudernos” lhe deitando elogios, nem mídia “paga-pau” gringa babando ovo pra eles, o que os torna uma excelente banda média querida por quem curte rock alternativo ou “indie” e tem mais de 30 anos.
Uma banda média, porém sensacional.
Fez carreira ativa e produtiva durante a década de 90 e inseriu doidices nérdicas no surf rock garageiro que proliferou nessa década.
De repente, você olhava em volta e tinham umas 15 ou 20 bandas de surf music e todas bem boas: Impala, Galaxy Trio, Mermen, Phantom Surfers, dentre outras.
Mas o Man Or Astroman? teve publico forte no Brasil, o que fez com que eles viessem tocar por essas bandas algumas vezes e tive a felicidade de ve-los ao vivo por duas vezes em locais bastante peculiares.
A primeira vez foi na extinta Broadway (lá na Marquês de São Vicente), casa que normalmente abrigava festa para “cybermanos”, lembra desse termo? E a segunda foi em uma casa de shows em São Bernardo do Campo, num buraco que devia ter sido uma garagem mecânica, mas sensacional para abrigar shows legais de rock.
Bandassa, dois baita shows que guardo na retina e na memoria até hoje.
Por puro saudosismo, trago a tona esse belíssimo e certamente seu melhor disco, com direito a cover espetacular para “Television Man”, clássico dos Talking Heads.
Experiment Zero é o melhor caminho para quem quiser se aventurar nesse mundinho de nerds musicais, que usavam seus conhecimentos para gerar música divertida e alta.
Terráqueo, aproveite!
L7 – Hungry For Stink (1994)
Publicado; 13/07/2012 Arquivado em: Música | Tags: butch vig, fuel my fire, l7 Deixe um comentário
Bricks Are Heavy (92) foi um dos discos mais certeiros da história recente do rock (era o disco certo, no momento certo com as músicas certas).
No começo da MTV no Brasil, cansei de ver todos os clipes que saíram deste álbum. Só músicas legais e clipes bacanas: Pretend, We´re Dead; Monster, Shitlist… que disco!
Grupo de meninas iradas, nervosas e legais!
Ai veio o disco que deveria manter a peteca lá em cima e infelizmente não aconteceu.
Adoro tentar entender essas catástrofes…
Hungry é muito mais pesado que Bricks, ouvindo hoje, ainda é um ótimo álbum, mas passou despercebido porque o “Zeitgeist” tinha passado e o grunge que era moda em 92, ficaria ultrapassado em 94.
Culpa do Britpop.
Elas lancaram um petardo errado, na hora errada, mas não por culpa delas.
O L7 sempre foi esporrento, barulhento e tosco, basta revisitar os dois primeiros discos delas para perceber isso e Hungry retoma essa barulheira que elas inteligentemente e intencionalmente deixaram de lado em Bricks para conseguir o tal e malfadado sucesso e reconhecimento.
A custa claro, de uma aliviada na barulheira e uma acomodação dos sons em um formato mais palatável (nenhum problema nisso, uma das qualidades do produtor Butch Vig é justamente essa, manter o peso mas aliviar nos ruídos).
Hungry tem ótimos esporros: Andres, que abre o disco é L7 dos melhores, ainda tem The Bomb e Fuel My Fire (faixa que seria tocada pelo Prodigy em seu “clássico” The Fat Of The Land).
Enfim, foi injusto o fracasso que o álbum e as meninas tiveram nos anos seguintes.
Milton Nascimento – O Milagre dos Peixes (1973)
Publicado; 12/07/2012 Arquivado em: Discos, Música, records Deixe um comentário
Yes, nós tivemos nosso folk progressivo barroco um dia.
Ou tem outro jeito de definir essa viagem do Milton?
Violão, corda, faixas longas, viagens vocais impregnadas de uma melancolia que só essa turma de Minas Gerais sabia incorporar no som, na voz e nas músicas desse álbum estranho e lindo.
Soturno mas leve, o álbum só tem feras:
Paulo Moura, Wagner Tiso, o grupo Som Imaginário, Naná Vasconcellos e nas letras Fernando Brandt, Ruy Guerra…
Sentiu a ambição da empreitada?
O disco está longe de ser altamente palatável, de fácil aceitação ou pop, O Milagre dos Peixes é um dos discos mais complexos da carreira do grande Milton, que nos últimos tempos tem visto sua obra ser alçada a patamares altos de consideração por parte do público fã de música brasileira ou das novas gerações de artistas e ouvintes que vão se apaixonando pela obra do mestre.
Projeto ambicioso, o álbum tinha a proposta do som quadrofonico (para ser tocado com 4 caixas de som para captar todas as nuances), como nós somos pessoas normais que tem no máximo 2 caixas, ficamos sem toda a experiência sonora proporcionada pelo disco.
Mais uma viagem muito loucas desses mineiros.
O que seria do Brasil sem eles?