Bachman-Turner Overdrive – Not Fragile (1974)
Publicado; 17/07/2015 Arquivado em: Música | Tags: 70's Hard Rock, B.T.O., bachman turner overdrive, Canadian Rock, Not Fragile Deixe um comentárioE continuando no quesito BTO, não tenho vergonha nenhuma em dizer que adoro esse tipo de som, meio velho, meio embolorado, mas muito bom.
Pra quem foi um velho fã de indie rock e punk, esse tipo de som é quase a antítese do que me fez me apaixonar por rock, mas nada melhor do que o tempo e a perspectiva histórica para nos fazer enxergar melhor alguns ângulos e propostas.
Além de dar luz a algumas afinidades que ficam escondidas em seu ser e que por vergonha ou convicções você vai deixando algumas coisas de lado e o passar dos anos faz seu ouvido ou olhar voltar para algumas coisas que estavam lá o tempo todo e você não deu bola.
Acho que desde que me entendo por gente eu já conhecia o BTO, como fui um grande ouvinte de rádio e de todo o tipo de rádio, me lembro de ouvir a noite as rádios que tocavam rock e de noite tocavam algumas coisas mais velhas e lá eu descobri Hey You e You Ain’t Seen Nothing Yet e simplesmente amava esse som.
Muito recentemente, voltei a escutar o BTO em sua integra e qual foi minha surpresa com a qualidade e maestria desses discos? Um melhor que o outro, mas esse Not Fragile é de longe o que eu mais gosto.
Mais hard rock que os demais, nessa época eles estavam no auge da popularidade e tocando na ponta dos cascos, senão não teríamos sons tão azeitados como Rock Is My Life, And This Is My Song ou a instrumental porreta Free Wheelin’.
O lado B é só porrada: Sledgehammer, Blue Moanin’ e termina com Givin’ It All Away. Pra mim tudo isso é o que de melhor teve no rock and roll nos anos 70.
E ainda tem You Ain’t Seen Nothing Yet, que é uma das minhas músicas de rock favoritas de todo o sempre, simplesmente adoro tudo nessa música, do violão, da levada ao jeito do Randy Bachman de mandar o refrão, com uma espécie de atraso como se estivesse gaguejando, o que é um artificio muito arriscado mas que quando dá certo, dá muito certo.
E tá bom por hoje..
Bachman-Turner Overdrive – II (1973)
Publicado; 16/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: B.T.O., bachman turner overdrive, Classic Rock, Guess Who, Hard Rock Seventies Deixe um comentárioFato mais relevante que eu descobri no Wikipedia sobre o BTO: Eles são de Winnipeg, Canada.
Juro que eu sempre achei que eles fossem norte americanos.
Bem, isso só reforça que rock bom sempre veio de qualquer lugar.
Mesmo sendo canadenses, o BTO deve ser uma das bandas com o som mais “USA” feito por alguém fora dos “EUA”.
Rock com R maiúsculo, puxado no blues, com pitadas de country, bem ao gosto do interior de qualquer nação que tenha boteco, cerveja, mulher peituda, calça jeans, barba, umas meta ou rebite e festas que sejam regadas a sexo e álcool.
Parente bem distante do Kings Of Leon, o BTO era composto por 3 Bachmans, 1 Turner e nenhum Overdrive.
Das cinzas do Guess Who, o BTO é banda de rock com o que tem de mais legal e obvio que existe numa banda de rock que se preze. Tem Hard Rock, tem Blues Rock, tem Country Rock, tem solo de guitarra, tem bateria pesada, tem baixo gordo, tem um cantor com gogó de branco encharcado em música negra e discos que fizeram a cabeça da rapaziada no meio dos anos 70 e hoje fazem parte do repertório obrigatório de qualquer rádio que seja dedicada ao gênero chamado “Classic Rock”.
Só me dei conta que eu adorava o BTO muito tempo depois e nesse segundo disco dos caras, tem duas que eu adoro: Let It Ride e Takin’ Care of Business, não por acaso, foram as duas músicas que fizeram sucesso desse disco. E aqui fazem total justiça, pois são as duas melhores músicas. Let it Ride tem uma levada de violão que vira um hard com guitarra poderosa e volta pro refrão com o encontro dos dois pedaços e a vontade que dá é de botar um 4×4 numa estrada e ouvir esse disco ad infinito.
Randy Bachman tinha o toque de violão mais pesado que se tem notícia nos anos 70.
Outra muito boa desse play é Tramp, um duelinho de guitarras dobradas, com um riff que fica correndo todo o refrão e muita guitarra, mas muita guitarra.
Não que o resto seja ruim, nesse II, tudo parece tão perfeito no modelo de rock setentista que quando eu tenho vontade de ouvir um som encorpado, com alma e “pauderescencia”, eu apelo pros discos do BTO e não me arrependo.
Gosto mais deles do que de Creedence.
E olha que dos discos do BTO, esse é não é o meu favorito.
O favorito vem amanhã.
Baby Huey – The Baby Huey Story The Living Legend (1971)
Publicado; 15/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Baby Huey, Chicago Soul, Curtis Mayfield Deixe um comentário“I’m Big Baby Huey and i’m 400 pounds of soul. I’m like fried chicken, girls, i’m finger-lickin’ good”.
Se o ano de 1970 literalmente enterrou tudo que veio de revolucionário nos anos 60, pode incluir na lista o nome de Baby Huey.
Soulmen de pegada própria, ele pode ser considerado uma espécie de Tim Maia americano: talentoso, meio encrenqueiro, um cara exagerado, gordão precoce, apreciador de boa comida, boa bebida e boas drogas, mas que diferente do “sindico”, abusou muito mais e faleceu com 26 anos ainda com o primeiro disco completo a ser lançado.
Big Baby era mais um daqueles performers/cantores simplesmente adorado por seus colegas de profissão.
Há alguns discos atrás, falei da Ann Peebles. Bem, o Huey tinha fãs ilustres como Mick Jagger e Paul Mccartney que quando passavam por Chicago no final dos anos 60, davam um jeito de dar um pulo onde Baby Huey e seu grupo Babysitters estivessem tocando para prestigiar a rapaziada e sugar um pouquinho.
Esse album foi produzido pelo monstro Curtis Mayfield e o som desse play é das coisas mais quentes e poderosas que esse ouvido escutou nesses 40 anos de vida nesse planetinha. Um som de bateria e baixo com azeite de oliva, metais vindo diretamente de algum lugar entre o céu e o mundo melhor. Sem falar do vozeirão casca grossa de Baby, ou Big Baby.
Sem exagero, eu adoro black music e esse Baby é muito sem noção de bom! A pegada dessa banda descende diretamente do som que James Brown criou nos anos 60, só que ele levou para outras dimensões.
O que dizer a respeito de Hard Times? Talvez seja a mais poderosa canção de protesto criada pela Soul Music, não por ser uma mensagem direta ou dirigida a uma nação, mas por sua capacidade contemplativa e analítica perante a perplexidade dos fatos que surgiram naqueles tempos loucos e difíceis.
E a versão instrumental de California Dreamin’ é de não deixar pedra sobre pedra e deixa para a posteridade a versão definitiva para uma das músicas mais importantes dos anos 60.
São só 8 faixas, que dá vontade de multiplicar por 50, ou botar pra escutar umas 3 vezes.
A tristeza de ser um disco tão curto de uma vida tão curta não deixa dúvida que o cara ia ser um monstro, tinha muito pra mostrar e tava só no começo.
Music For Teenage Sex – Baby Buddha (1981)
Publicado; 14/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Baby Buddha, Electro-punk, minimalist 80s Deixe um comentárioVamos ao tema disco de covers.
É um tipo de disco que precisa realmente fazer sentido para existir, pois já se faz discos de covers desde a idade média ou desde o barroco, quando Bach incluía temas de Buxtehude em sua “playlist” no teatro rival.
Aqui temos um caso bem interessante, pois esse álbum de estréia da dupla de eletro punk dos anos 80, Baby Buddha é um “Meio” disco de covers, pois das 10 músicas, metade são versões.
Coisa mais anos 60 né?
A dupla é tão obscura que fuçando pelo Google pra tentar achar mais alguma coisa sobre eles, me deparo com imensos vazios e pouquíssima informação.
Nem o Google registrou informações sobre eles? Será que tem na deepweb?
Saidos de São Francisco, esse álbum de estréia da dupla é uma deliciosa blasfêmia musical, onde alguns clássicos do cancioneiro popular norte-americano são profanados com sintetizadores sujos, baterias eletrônicas toscas e pouquíssimo respeito com o conteúdo.
O que é ótimo!
Pra mim, fazer uma versão é pegar a música que já existe e destruí-la completamente, trazer uma nova visão e deixar que o público decida se valeu a pena o risco.
Aqui eles transformam tudo em punk eletrônico a la Suicide, de All Shook Up do Elvis Presley até Your Cheatin Heart do Hank Williams.
Isso é todo o lado A praticamente, pois o lado B é composto de canções originais muito interessantes como Little Things e All Night Long, que são as minhas favoritas desse play.
Bem, a banda não chegou a lugar nenhum, mas cometeu esse belíssimo e estranhíssimo play que aqui em casa é muito querido.
Perfumes Y Baratchos – Ave Sangria (1974-2014)
Publicado; 13/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Ave Sangria, Brazilian-psyche-folk, Rock psicodelico nordestino Deixe um comentárioE era uma vez um lugar distante, longínquo, que se dizia muito atrasado e onde as pessoas eram incapazes, preguiçosas, indolentes, ignorantes, analfabetas e todos os adjetivos pejorativos que se puder acrescentar.
Esse lugar se chamava Nordeste brasileiro.
Sem abrir espaço nesse blog pra discutir sociologia, politica ou qualquer coisa que se valha, eu venho por meio desse meu pequeno pedaço de sitio virtual, veementemente refutar essa observações pejorativas.
Se nem ontem eu concordava, hoje menos ainda.
A riqueza da cultura e das múltiplas manifestações artísticas da região, mesmo a se manter somente no campo da regionalidade musical, já dá um banho em mais da metade da música produzida no resto do planeta terra.
Agora se entrarmos no campo de como aconteceu as simbioses e mutações estilisticas entre as referencias de outras terras com a maneira peculiar de se lidar com ela, através do viés nordestino, aí temos um caso sério, muito peculiar e ouvido em pouquissimas regiões do planeta.
Sem ficar só nos famosos psicodélicos nordestinos como Alceu, Ze Ramalho, Flaviano, Lula Cortes, Marconi Notaro, entre outros, há uma banda dos anos 70, que ressurgida como uma fênix, voltou a ocupar seu lugar de direito nos corações dos fãs de rock brasileiro, ou no meu caso, um curioso e distante apreciador de esquisitices maravilhosas que não escolhem local de nascimento.
Essa banda é o Ave Sangria, psicodelia rasgada made in Recife nos anos 70.
O primeiro cabra a me falar deles foi meu amigo Cassio Renovato, profundo conhecedor de sons maravilhosos que me deu essa dica há uns 3 ou 4 anos passados.
Se Recife sempre teve aptidão natural para receber ondas sonoras de lugares distintos e transformar em algo que só poderia ter nascido lá, caracteristica essa que virou “branding” da geração dos anos 90, deve bastante a desbravadores como o Ave Sangria.
Vai inventar de fazer rock psicodélico no nordeste brasileiro nos anos 70… é muita viagem e muita coragem!
Esse registro ao vivo foi feito em 1974 e relançado em 2014 junto com o primeiro e sensacional álbum do Ave, que de tão procurado, já acabou e deve aparecer mais por ai em breve, é fundamental na captura do espirito que a banda tinha em apresentações ao vivo, e carrega também muito na atitude agressiva e contestadora, pois o som é pesado com letras nonsense e muita piração na caixola.
Perfumes Y Baratchos é um registro comovente e poderoso, que não faria feio frente aos correlatos britânicos ou americanos, mas com um toque diferente na quebradeira e na bateria que botam um tico de tempero nessa viagem sonoro, que lá pelos lados anglo saxões não existiam.
Coisa linda de morrer.
Tirando o lado exótico, o Ave Sangria foi/é uma banda tecnicamente muito boa com ideias particularmente interessantes e composições sensacionais e esse ao vivo é prova irrefutável dessa competência e qualidades raras.
Das minhas favoritas desse play, fico com O Pirata e o Instrumental (que fecha o lado B).
A banda voltou as atividades recentemente, o que nos atiça ainda mais e espero ainda poder assistir a algum show deles.
Viva Ave Sangria!
Live In Berlin – Au Pairs (1983)
Publicado; 13/07/2015 Arquivado em: Discos | Tags: Au Pairs, Live in Berlin, pós-punk Deixe um comentárioJá mencionei por aqui o quanto eu gosto de Pós Punk certo?
Gosto a beça, tanto quanto de punk ou new wave.
Eram os 80s man e isso quer dizer basicamente o seguinte: um monte de gente interessante querendo pegar em microfones e instrumentos e dispostos a provocar e fazer som somado a uma demanda crescente por gente que fizesse um som assim.
Graças a Deus, tudo isso foi culpa do punk rock!
Mas se o punk abriu o rombo necessário para que todos os underdogs pudessem se fazer ouvir, ele democraticamente abriu espaços para que também os metidos a bestas e pedantes pudessem igualmente se pronunciar.
Ok, eles já faziam isso antes e fizeram isso a vida inteira, então não há movimento musical 100% livre dos maletas. Eles estão em maior número, isso é estatística.
Não sei se o Au Pairs foi uma banda metida, mas seu som definitivamente era metido a besta e “intelectualizado” e não tenho nenhum problema com som intelectual, mas no caso do Au Pairs parecia que era meio Fake.
Mais inteligentes e educados, o Au Pairs não se limitou somente ao esporro raivoso, mas ao esporro “intelectual” raivoso, e era isso que eu achava meio falsário.
Dentro da fórmula clássica de barulho, eles queriam enfiar um tiquinho de jazz e de funk, tal qual alguns pares britânicos como The Pop Group, e especialmente o Gang Of Four.
Pois é, no fim das contas o Au Pairs era só uma banda metida a besta que acabou influenciando um monte de outros artistas e bandas igualmente metidos e que algum momento nas décadas seguintes deu certo.
O Au Pairs durou dois álbuns e esse ao vivo.
Não deixou nenhum hit e na minha opinião nenhum grande legado, mas esse Live In Berlin só não de volta pra algum sebo por causa de uma única música, a que fecha o disco que é a cover de Piece Of My Heart da Janis Joplin. Versão muito boa, não sei se é melhor que a original, mas ao vivo eles deram uma mexida muito boa e me faz manter esse play em casa.
Arthur Verocai – Arthur Verocai (1972)
Publicado; 09/07/2015 Arquivado em: Discos | Tags: Arthur Verocai, Cool Brazilian Music, MPB Deixe um comentárioAbrindo um parêntesis antes de falar dessa beleza!
Um dos melhores momentos profissionais da minha vida foi numa tarde de sábado em 2012 quando tive a honra de conhecer o maestro Arthur Verocai e com ele passar algumas horas batendo papo sobre música, sua carreira a Mpb de hoje (no caso de 2012), em meio a alguns cigarros, uns saquês e o então re-lançamento de seu brilhante primeiro álbum.
Na época, estávamos relançando o Vinil.
O lançamento fez parte de uma programação de eventos e lançamentos chamada Vire o Disco, que temos organizado todo o ano desde então.
A presente edição foi uma parceria da Polysom com a Livraria Cultura S/A e foi nosso primeiro LP lançado nessa parceria.
Orgulho sem tamanho!
Além de termos ajudado a trazer para o mercado, um álbum importante e precioso para a música brasileira, o fato de Arthur ainda estar vivo e ter podido participar desse momento, também foi muito especial.
Agora vamos ao Play em si:
Dificil de classificar de primeira, o disco encontra paralelos com os artistas e grupos que faziam folk e folk progressivo ou folk orquestrado, na linha de Tim Hardin, John Martyn, Nick Drake (menos deprê), Fairport Convention, Family, mas com um certo swinge e groove que faltavam nos branquelos ingleses.
O disco é um passeio pela MPB, mas olhando pro resto do mundo, trazendo um tiquinho de jazz e assombrosos arranjos em especial Sylvia (totalmente anos 70, uma faixa mais chill out mas com uma flauta e um arranjo de bateria das pesadas).
As semelhanças com os companheiros britânicos fica mais evidente em Caboclo (balada soturna linda e inquieta), mas se separam completamente em Presente Grego (elo perdido entre o Clube da Esquina e o funk do Earth Wind & Fire), um dos pontos altos do Lado A.
O mais legal desse disco é que ele tem informação a beça, referencia pracas, faixas que vagam de um canto a outro no espectro de gêneros, mas é um disco curto (ótimo), as ideias chegam, são executadas e sem enrolação a música acaba e vamos pra próxima.
Arthur cria uma faixa soul psicodélica pra encerrar o lado A, Dedicada A Ela, lembra muito um outro gênio chamado Shuggie Otis (que lá na Califórnia dos anos 70 também seguia essa viagem), transmimento de pensação seríssimo!).
E o disco vai mantendo esse clima lúdico/edílico até o fim, produzindo sons e sulcos deliciosos, até chegar a estranha e incrível Velho Parente, com uma poderosa linha de baixo e um arranjo muito diferente de metais.
E fecha o disco com outra pedrada: Karina (Domingo no Grajau), queria eu saber o que foi esse domingo em grajau que inspirou essa insanidade impensável para um disco de “MPB”, uma faixa que não faria feio em nenhum disco do Ornette Coleman desse período ou do Hank Mobley ou do Lalo Schiffrin. Mesmo! Pra mim tá no mesmo nível, só que é muito mais legal! Tem um molho na cozinha que é foda.
Já falei que esse disco é uma aula de mixagem e produção também?
Tá, vou parar de elogiar esse disco que já deu na cara que sou muito fã.
Se alguém fizer uma lista séria um dia com os discos mais importantes feitos nessa terra, esse tem que aparecer e desconfie se isso não acontecer.
Adios Nonino – Astor Piazzolla (1960)
Publicado; 08/07/2015 Arquivado em: Discos, Música | Tags: Adios Nonino, astor piazzolla, tango Deixe um comentárioNão tenho intenção de dar aula sobre o tango ou sobre, tão pouco tenho a bagagem cultural e auditiva necessária para tanto e não tenho a predileção ou curiosidade necessária para investigar os meandros do Tango.
Como quase todo o mundo, minha referencias do gênero são Carlos Gardel e claro, Piazzolla.
Tão comum e óbvio quanto se referia a musica brasileira e puxar Tom Jobim da cartola é falar de Tango e se referir ao bandolonista.
Fato relevante é: depois que descobri esse disco, passei a adorar Tango e a vontade de procurar coisas similares e obscuras vai me levar alguma hora a achar outros tesouros.
Tudo isso começou com o gênio Piazzolla, que revolucionou e mexeu com um gênero sagrado, elevou-o a outros patamares quando se decidiu por sofisticar um gênero popular e dar a ele a riqueza que faltava e a eternidade que merece.
Esse é o único play que eu tenho dele, assim não sou capaz de afirmar se esse é o melhor, com certeza é o mais famoso.
Adios Nonino, a canção que dá nome ao álbum é de beleza quase indescritível. Começa com um clima de tensão lenta e arrisco a dar um chute que vai mandar a minha moral pra fora do estádio junto com uma bola chutada por Nelinho que voou pra fora do Mineirão, mas consigo ouvir em Adios Nonino o similar latino americano de Rhapsody In Blue do Gershwin. É aquele tipo de música grandiosa, com melodia arrebatadora e mudanças de andamento e cadência que nos fazem viajar pra abissais sentimentais.
É doída, daquelas de doer sem você identificar porque, ela vai te pinicando, te espetando, e quando ela abre num violino lindo trazendo uma melodia de arrebentar, você percebe que aquela dor toda trazida até então faz todo o sentido, e essa arrebentação emocional faz joguete e te faz querer passar por tudo isso de novo.
É o tipo de música que me pego ouvindo com mais frequência do que eu imaginava, fazendo dela uma das minhas favoritas de todos os tempos. Sua riqueza não tem paralelos na América Latina, e no Brasil não se produziu algo tão colossal assim.
Corrigindo o contexto pra não ficar parecendo caprichoso desden contra a terra pátria, acho que ninguém depois de Piazzolla produziu uma peça musical desse tamanho e dessa qualidade. Muita música que passeia por jazz, popular e regionais do mundo inteiro tentaram, mas não chegaram perto.
O resto do álbum é soberbo, pra se ouvir sozinho, acompanhado, na hora do jantar, de manhã, com sua gatinha de estimação ronronando ao som dessa maravilha.
Piazzolla fez de um tudo, conseguiu até se meter com jazzistas do calibre de Gerry Mulligan, mas ele foi gigante suficiente para dar rumos espetaculares ao seu som e Adios é prova disso.
Lindeza sem tamanho!
Insight Out – The Association (1967)
Publicado; 07/07/2015 Arquivado em: Música | Tags: Never My Love, Sixties pop, The Association, Windy Deixe um comentárioDurante um tempo, não tão longo que já não reste testemunhas oculares, nem tão curto que já não represente mais nada as gerações presentes, a música era/foi o ponto de encontro/veiculo ideal para que pessoas criativas e almas torturadas pudessem exprimir suas impressões sobre as transformações do mundo em si mesmas e como elas mesmas devolviam essa transformação para o mundo a sua volta.
E ainda assim, serem remuneradas por isso.
Lá nos anos 60, a explosão do rock deu a música pop a eternidade da juventude que nenhum gênero ainda havia conseguido.
A eterna briga entre maturidade e rebeldia, dava o caldo necessário para escolhermos nosso próximo disco favorito entre outros tantos que por ali saiam.
Essa fervura sessentista, no entanto, não era unanimidade entre as comunidades musicais e tinham os caras que só queriam fazer suas musiquinhas e seguir a vida mais cômoda sem revoluções e nem nada.
O Association foi dessas bandas caretinhas que surgiam para preencher os espaços necessários no boldo roqueiro dos anos 60, mas num modulo mais “família”, que o papai também pudesse gostar.
Nenhum problema, ser jovem não necessariamente signifique ir contra o “Sistema” o tempo inteiro, tem muita gente que gosta do “sistema” e prefere mante-lo como está.
O Association era banda que não tava a fins de inovar em nada, tanto que seu pop quase barroco, barroco no sentido Eleanor Rigby de ser, era leve, gostoso e tinha cara de careta logo no seu nascer.
Não é uma banda lembrada nem festejada hoje em dia, fez sucesso, em especial com a balada Never My Love, que fez um grande sucesso. Outra famosa desse disco é Windy.
Windy é uma perola.
Tudo é leve, o riff de baixo é tocado com delicadeza, o dedilhar do órgão, a flauta e a voz, tudo é sem profundidade, mas delicioso a seu modo. Recentemente, a dualidade de sua letra e essa leveza toda foi tocada em um dos episódios de Breaking Bad, que apresenta uma personagem secundária, que é prostituta e viciada em meta em uma sequencia pesada mostrando seu dia-a-dia entre clientes e seu vicio enquanto a song preenchia o espaço dessa cena monstruosa com ironia.
No fim o Association e esse Insight Out é isso, um disco temporal que não teve muita capacidade de seguir adiante no tempo e ser ainda relevante nos dias de hoje e que de vez em quando é lembrada para preencher um hiato irônico dentro de uma série ou de um comercial de TV.
Sulk – The Associates (1982)
Publicado; 04/07/2015 Arquivado em: Discos | Tags: english tecnopop, pós-punk, The Associates Deixe um comentárioMais uma banda de tecnopop que adoro.
Ou melhor, mais um disco de tecnopop que adoro.
Não conheço muito a história do Associates, mas tem coisas no som de bandas como eles, Human League ou Fohn Foxx que era um tipo de eletrônico sujo, com timbres exagerados e carregados de efeitos que pareciam ser “tudo” na época, cairam em desuso anos depois, passou a ser cafona por uma decada inteira, mas foi recuperado e valorizado nos anos 2000 de novo.
Era musica eletrônica, pero no mucho, com estrutura de canção pop, mas com uma puta influência de David Bowie.
Que aliás permeou o som de uma grande massa de artistas nessa época dos dois lados do Atlântico.
A casa agradece essa santa influência.
Voltando a dupla: Lembro que há alguns anos eu ouvi a faixa Skipping, eu pirei! Achei o máximo e numa das ultimas viagens pra gringolandia, achei esse disco bem baratinho e trouxe.
Arrependimento 0, o disco todo é bom pra caramba, não sei como os caras conseguiram produzir discos assim, mas esse período da década de oitenta é particularmente feliz e rica pra esse tipo de som. Os caras não eram tecnicamente bons instrumentistas, mas tavam com suas cabeças afetadas por combustíveis ilícitos e tendo ideias brilhantes, o que compensava bastante e deixou grandes ideias gravadas para a posteridade hipsterizada que os sucedeu.
Sulk tem várias dessas faixas muito boas: Gloomy Sunday é Bowie com David Lynch, cafonice com gelo. Nude Spoons é punk com uma pegada gótica, Party Fears Two é pop brilhante com um chimbau de corrente que sei lá Deus por que enfiaram lá, mas que fez toda a diferença.
Ficou cult? Não sei, só sei que adorei ter conhecido isso depois de velho e vou levar esse som adiante, já que hoje ouço menos guitarra do que antes.









