The Beatles – Revolver (1966)
Publicado; 06/08/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: George Martin, John Lennon, Revolver, Sixties, The Beatles Deixe um comentárioTento buscar na minha memória ou no que ainda resta dela (Para Sempre JP chegando ai?), quando foi a primeira vez que escutei os Beatles.
As vezes acho que foi Strawberry Fields, no ano em que Lennon levou o balaço? Yellow Submarine em algum programa da Globo ali naquela mesma época?
As vezes, meus sensores de idade e lembrança me mandam avisar que pode ter sido Eleanor Rigby, ali pelo final dos anos 70 em alguma repentina audição no rádio do carro do meu pai.
Tudo isso se resolveria se eu fizesse uma regressãozinha básica e essa dúvida besta e nem um pouco edificante seria esclarecida e eu poderia voltar a dormir o sono dos justos com minhas duas fatias de pepino cru no olho pra manter a pele saudável e as olheiras cuidadas.
E um dia íamos chegar aos Beatles e agora tenho a chance de confessar, estou de saco cheio de Beatles.
É claro que Revolver é um baita disco, mas é tão decantado em prosa e verso, com todas as suas mitologias e lendas contados e recontados de traz pra frente, com todas as suas segundas intenções e pegadinhas e sacadas e mistérios sendo revelados toda a hora, que dá realmente pouca paciência pra escrever sobre ele nos dias de hoje.
Acho que os Beatles tem a mesma importância na formação musical que um On The Road (Kerouac) ou Lobo da Estepe (Hesse) para formação de jovens leitores e como tais, só faz sentido e só arrebata quando se é jovem.
Honestamente não consigo mais ouvir esse disco depois dos 30 anos e muito menos agora que estou com 40. É como se eu estivesse escutando um disco da Xuxa ou do Atchim e Espirro.
Friamente sobre Revolver, eu acho que se trata de um disco irregular, alterna momentos altamente inspirados com bobagens inacreditáveis: Here, There And Everywhere e Yellow Submarine são duas faixas que eu sempre pulei quando escutei esse disco, Eleanor Rigby é linda, mas tão enjoativa quanto três pedaços de chocolate Suflair comprados no farol.
No lado B, For No One é outra tolice.
Do lado A, gosto mesmo é de She Said She Said por causa da sua guitarra e do curto espaço de tempo em que acontece um maremoto de informações dentro de uma estrutura sofisticada e simples. Outra ótima é Taxman, mas se não fosse por ela, não existiria rock no Rio Grande Do Sul, pois todas as bandas lá dos Pampas tentam reproduzir até hoje o som e o molho da guitarrinha de Paul (ta ai o Cachorro Grande que não me deixa mentir).
As vezes me sinto meio mal em ter passado a desgostar tanto de Beatles com o passar dos tempos, mas ai eu lembro de uma matéria em que Ray Davies, dos Kinks detonou esse disco na época do lançamento (ok, pode ter sido inveja), e me sinto melhor.
O lado B é infinitamente melhor: Paul manda sua melhor contribuição pro disco com a sorridente Good Day Sunshine, George não trazia ainda seu melhor, mas I Want To Tell You orna bem. Agora quem manda muito no lado B é Lennon com 3 canções que certamente figuram entre suas melhores canções desse período inicial/meio de carreira da banda: And Your Bird Can Sing foi flagrantemente chupinhada dos Byrds, mas é genial. Dr. Robert tem a sujeira perfeita dentro de um rockinho venenoso e poluído. E finalmente o “tour de force” Tomorrow Never Knows, essa sim, canção que parece ter vindo de outro plano astral, de outra esfera não conhecida pela raça humana e que encontrou na doidice de Lennon, a antena que capturou essa sensação e com a ajuda do maestro George Martin e do fiel escudeiro Paul, deram forma a uma obra-prima assustadora e que por causa dela que essa edição em vinil se manteve aqui na discoteca do Tio JP.
A maioria dos discos dos Beatles que eu tinha já foram embora, mas esse ficou. E até segunda ordem, vai ficar por um bom tempo ainda.
https://www.youtube.com/watch?v=VMHLrqKTOfA
The Beat – I Just Can’t Stop It (1980)
Publicado; 06/08/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: English Beat, English Ska, Ska eighties, Ska New Wave, The Beat Deixe um comentárioA santa trilogia do Ska britânico é composto da seguinte turma:
Specials na base, Madness na cabeça e The Beat no coração.
Tem muitos outros, é verdade, mas com esses três já dá pra se ter uma boa ideia do quão poderoso e delicioso foi esse movimento intruso e includente dentro da New Wave e do Punk britânicos.
A rapaziada branca e pobre da classes baixas britânicas se circulavam com os imigrantes negros que vinham do Caribe em busca de melhores condições de vida e acabavam encontrando os espaços reservados pela elite branca inglesa pra todos que não eram dos seus, isso quer dizer o subúrbio, o isolamento e o descaso conservador dominante no período.
Esse isolamento e espirito de confronto quando revertido em arte e música, liberta nossos sentidos e cria novas perspectivas, criando desse atropelamento um som urgente, verdadeiro e poderoso demais para circular somente entre os subúrbios.
Esse som atravessou o gueto e chegou a muitas partes do mundo, até em São Caetano nos anos 90.
I Just Can’t.. é um dos meus discos prediletos.
Já escrevi isso a respeito de um monte de outros discos, porque sou uma putinha, mas é verdade, gosto de muitos mais discos do que de gente na maior parte do tempo.
Um disco que começa com o baixo marcado e infalível de Mirror In The Bathroom, tem no meio do lado A, a ótima levada new wave Two Swords e vai chegando ao final do lado com o clássico Rough Rider, talvez a melhor homenagem ao som vindo da Jamaica feito por quem não nasceu na ilha.
No lado B a coisa fica mais politizada, mas não fica chata ou panfletária, pois o pano de fundo dos rapazes sempre está ventando a favor do povo fudido e que não tem muitas “segundas chances” com o ótimo sopapo musical Whine & Grine/Stand Down Margaret (com alvo a ex-primeira dama inglesa), Noise In This World e Can’t Get Used To Losing You falam de falsidade humana e dor de cotovelo de maneira que qualquer pessoa com o minimo de instrução e vivência consigam captar.
E ainda tem Best Friend, ótimo símbolo de new wave com boa pegada pop e acessivel sem ser idiota.
Esse play ainda tem uma baita vantagem em relação a alguns similares que é o esmero e inteligência de como a produção ajudou a manter o som fresco e atualizado com os timbres escolhidos nas guitarras e na cozinha, e o modo dos metais editados por dentro do som, quase na cara de quem ouve o disco, só ajudou a perpetuar o Beat como uma das melhores coisas a serem descobertas pelas novas gerações e causar a mesma alegria infinita que me causou na primeira audição e ainda causa quando o ponho pra rodar.
Beastie Boys – Ill Communication (1994)
Publicado; 04/08/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Beastie Boys, Rap USA, Sabotage Deixe um comentárioMeu caso de amor pelos Beastie Boys começou pra valer com esse disco em 1994.
Até então eu respeitava, mas não conhecia muito. Tinha referencia sobre o Licenced To Ill mas confesso que até hoje não é um disco que me bateu. Na época em que escutei não achei nada demais e hoje, honestamente, acho que ficou muito datado.
Check Your Head conheci quando saiu, gostei, mas ainda tinha uma certa resistência com o Rap e na época não era algo que um roqueiro convicto e ainda em formação lidava bem.
Mas tudo isso mudou com esse disco e com o show que eu vi deles aqui em 1995 no extinto e mitológico Olimpia, uma das casas de Shows mais importantes de São Paulo.
Minha cabeça explodiu com o que vi e ouvi, eles abriram com Sure Shot, que também abre esse disco, e foi uma das coisas mais bombásticas e inacreditáveis que presenciei nesses mais de 20 anos em que assisto a shows. A empolgação e os pulos da galera foram tanto, que devo ter me deslocado quase 20 metros de onde eu estava.
O resto do show foi antológico, alternando entre momentos em que ficavam só os 3 nos seus mics agitando e pulando, até momentos em que a banda sobe ao palco e cada um pega seu instrumento e dão uma aula de groovie e capacidade musical. Lá no palco estava também o tecladista monstro Money Mark.
Ill Communication vem na mesma pegada de Check Your Head, alternando entre Rap, Hardcore e levadas instrumentais jazzísticas.
Muitos fãs da banda consideram um álbum fraco, acho exagero, é um baita disco, conciso, preciso e com uma das melhores musicas dos anos 90 “Sabotage”.
Ainda hoje é impressionante, difícil de ser superada, animal. Me causa o mesmo tipo de sentimento que Helter Skelter dos Beatles, que é de caos e balburdia ouvidos através de um estetoscópio. A liberação de instintos destrutivos vem a tona quando escuto essas duas músicas.
Barulho, muita gente já fez, mas barulho nesse nível, pouquíssimos.
Passo batido por muita coisa no disco, mas Sure Shot e Sabotage valem por um bifinho.
The Beach Boys – M.I.U. Album (1978)
Publicado; 03/08/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Beach Boys, Brian Wilson, Californian dream pop, Mike Love Deixe um comentárioMais um disco estranho dos Beach Boys.
Esse eu achei há alguns dias, numa pilha de discos improváveis e nem passava pela minha cabeça que esse disco tinha saído por aqui, mas foi lançado na época!
O clima não podia estar mais desfavorável.
Brian queria voltar a assumir as direções do grupo, mas ainda voltava de sua rehab e não tinha condições de contribuir diretivamente para o projeto, assim virou o “Produtor Executivo” por falta de outro nome melhor.
Os irmãos também nao estavam nem um pouco interessados no disco, Carl não contribuiu com nenhuma música e Dennis estava mais ocupado e interessado no lançamento que ele faria de seu algum solo, o magnifico Pacific Ocean Blue, assim, o comando do disco ficou nas mãos de Mke Love e Al Jardine que cuidaram para que o disco não fosse um completo papelão.
Mas no fim, M.I.U. é um disco que só quem é muito fã do grupo gosta, o que é o meu caso.
É duro de ouvir coisas como Come Go With Me ou Match Points Of Our Love!
Tudo muito quadrado, meio infantil e meio bobo, o lado A não tem nada que seja digno de nota, a melhorzinha é Hey Little Tomboy, o resto é ruim, com direito a uma versão horrorosa de Peggy Sue.
O lado B continua na mesma temperatura até chegar a única musica realmente digna de nota, que é My Diane, que mostra que mesmo um combalido e baleado Brian Wilson ainda conseguia extrair do volume morto, uma canção linda como essa, que lembra o cheiro do genial compositor que ele tinha sido e ainda poderia, com um vocal intenso e machucado de Dennis.
E só, o resto é indicado só pra fãs xiitas.
https://www.youtube.com/watch?v=y-4G9DJ3kq8
The Beach Boys – Surf’s Up (1971)
Publicado; 31/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Brian Wilson, Carl Wilson, Surf's Up, The Beach Boys Deixe um comentárioSeguindo na categoria “Os Garotos da Praia”, álbuns menores mas maravilhosos dos Beach Boys, esse Surf’s Up tenho um carinho muito grande, do tipo “demorei muito pra te encontrar, agora quero só voce”.
Por que?
Já conhecia esse disco desde os anos 90, mas nunca tinha saído edições decentes em CD e o LP então era impossível de se achar, até que há alguns anos, saiu a reedição e quando eu vi, não pensei meia vez e trouxe essa boniteza pra casa.
Obras-primas tortas me interessam muito e os Beach Boys tem algumas dessas matrizes tortas cheias de maravilhas absolutamente não obvias em diversos álbuns, em especial nos álbuns que vieram depois de Pet Sounds, mas esse Surf’s Up é um festival de pequenas obras lindas, executadas no fio da navalha entre o celestial e o péssimo.
Algumas canções parecem ter nascido prematuramente e gravadas depois de poucas modificações, como Don’t Go Near The Water, mas que mesmo assim é uma maravilha indescritível, um sopro de alegria em forma de notas musicais perfeitamente colocadas em uma sequencia com o intuito de trazer de dentro de suas entranhas as emoções mais puras e bonitas que você tiver dentro do seu eu mais profundo.
Viagem né? Mas esse é só um dos exemplos metafóricos que eu vou usar para descrever a maneira como esse disco mexe comigo.
Outra coisa interessante é que se trata de um disco em que o gênio Brian Wilson praticamente não dá as caras e é uma chance de ver os demais garotos botando suas asinhas de fora e criando.
É um disco com muito tempero de Carl Wilson, que traz duas faixas estranhas e bonitas que são Long Promised Road e a ultra-esquisita Feel Flows (hoje é a minha favorita desse disco), uma balada muito lenta, com andamentos descontinuados e momentos em que a melodia parece que vai sumir, virar vapor e reaparecer picadinha de maneira gloriosa, que baita exercício de composição e arranjo.
Brian fica relegado para o final Surf’s Up (que originalmente foi gravada em Smile, e com muita relutância foi regravada para esse play) e na estranha e curta A Day In The Life of A Tree.
Há alguns momentos esquecíveis como a maluca e desnecessária versão de Riot In Cell Block #9, que ficou famosa com os Coasters e aqui ganha nova letra (?) de Mike Love e vira Student Demonstration Time (a pergunta é: por que?) e Disney Girls, um roquinho só pra encher linguiça.
No resumo é: onde Surf’s Up é irregular, mas quando é bom, não é pouco bom, é magnânimo, sublime, solene, divino: Feel Flows é obra-prima absoluta, ‘Till I Die tem uma das letras mais doidas e tristes de Brian Wilson, mostrando sua alma dilacerada como poucas vezes o ouvimos cantar, Surf’s Up tem letra brilhante e arranjo de gênio e Don’t Go Near The Water é de derramar lágrimas as escondidas.
Afirmar de bate-pronto que prefiro Surf’s Up a Pet Sounds pode soar exagerado, mas contando o tempo que esperei para ter esse play completo em casa, se tivesse que escolher 1, hoje seria Surf’s Up na cabeça.
The Beach Boys – Sunflower (1970)
Publicado; 30/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Beach Boys, Brian Wilson, Californian dream pop, Carl Wilson, Dennis Wilson, Sunflower Deixe um comentárioComo assim, vai começar a sessão Beach Boys e não tem Pet Sounds ou Smile?
Really?
Sim.
Se é pra ter um Pet Sounds em edição vinil precisa ser edição original de época.
Esse é um dos poucos, pra não dizer o único, que tenho frescura para reedições em Stereo ou Mono, pois acho que a tecnologia de hoje e as constantes reedições feitas ao longo das últimas decadas, ajudaram a estragar um pouco o som que o Brian Wilson tinha na cabeça e executou na época, assim prefiro cruzar um dia com uma boa edição de época. Conheço o disco de trás pra frente, então ter alguma edição só pra postar aqui não vai rolar.
Começo minha pequeníssima coleção de Beach Boys em 1970, com o álbum menor mas delicioso Sunflower, afinal, sempre haverá Califórnia para os irmãos Wilson. Trata-se de um estado permanente de espirito que não sairá deles nunca.
Sunflower está no meio do caminho entre um grande disco e um disco esquecível, mas como estamos falando de Beach Boys, então a tendência aqui em casa é sempre coloca-los nos patamares dos grandes.
Principal característica é a descentralização das forças, e aqui Dennis Wilson contribui com algumas das melhores músicas do álbum começando com Slip On Through, uma balada com muito soul e de velocidade controlada no bico da bota e um refrão delicioso e o roquinho Got To Know The Woman.
O resto do lado A parece vir num piloto automático, com This Whole World e Add Some Music To Your Day sendo as contribuições melhores de Brian, que parecia cada vez mais distante e desencanado do processo todo, preferindo desbravar seus próprios infernos e demônios.
A família disfuncional vai mais ou menos bem, Dennis continua melhorando seu nível de composição e isso ficava claro na linda balada Forever, terceira faixa do lado B.
O disco ainda guarda muito da tentativa de criar melodias e harmonias grandiosas, mas no final Sunflower é um ótimo disco deslocado em tempo e espaço, muito anos 60 dentro de um inicio de década tão pesado e niilista, assim ninguém deu muita bola para o disco na época e hoje é objeto para completar coleção.
Há uma lindeza que só os Beach Boys eram capazes de proporcionar ao mundo e está lá na faixa 5 do lado B com a incrível At My Window, uma mágica peça musical que parece capturar uma manhã bonita de sol, com as folhas ainda molhadas de orvalho noturno e ventos que lentamente brincam com a flora. De longe, a peça musical mais inesquecível desse ótimo mas incompreendido Play.
Bango – Bango (1971)
Publicado; 29/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Bango, Brazilian Nuggets, Brazilian Psych Rock 1 comentárioQuando o quesito é descobrir música, não existe nada tão sensacional quanto dar de cara com um disco de entortar a cabeça depois de velho.
Daqueles de fazer você se sentir um completo ignorante por não ter conhecido antes.
A internet já tinha dado um help, pois no Youtube tem o disco quase completinho pra audição e ali já dá pra se ter uma boa ideia do que era o Bango.
Muito a moda antiga, no bate-papo com o chapa Tiago Tellini, que manja desse riscado de obscuridades do rock brasileiro como ninguém, esse disco veio a baila, fiquei com ele na cabeça, mas um album original desse vale uma pequena fortuna, mas como se dizia na velha vinheta do Seu Creison “Seus problemas acabaram”, pois uma nova edição linda em vinil acaba de chegar aos mercados brasileiros e mundiais.
Graças a malucos/desbravadores da gravadora portuguesa Groovie Records, esse play voltou a ser editado em uma ótima reedição em vinil, com encarte explicativo bonitinha, qualidade de áudio merecida e que ajuda a tirar do gueto do ostracismo essa belíssima espécie de rock revolucionário feito pelos lados de cá do mundo.
Com apenas um disco lançado em sua história, a banda fez parte de uma onda que assolou os 4 cantos do Brasil e tirou das garagens e dos quartos um monte de gente interessante com ideias malucas nas cabeças e ouvidos atentos ao diferente.
O movimento tropicalista ajudou a botar fogo nessa galera, pois quer queira quer não, sem a popularidade alcançada pela turma dos baianos, muitos desses artistas talvez não conseguissem ver a ínfima luz do dia.
Escancarando-se as portas das percepções, os limites pareciam não existir para uma galera e o Bango capturou bem esse espirito.
Com um som que misturava rock psicodélico repleto de fuzz como na faixa que abre o disco, Inferno no Mundo e em Motor Maravilha (hoje minha favorita do album), rock rural que os Mutantes faziam de vez em quando como na deliciosa e divertida Marta, Zeca, O Padre, o Prefeito o Doutor e Edu, hard rock americano como a espetacular Rock Dream, baladinha a la Beatles como Geninha e canções bem sixties como Only e Vou Caminhar, o disco é um passeio por tudo que acontecia de legal e contemporâneo no inicio dos anos 70, em especial pelo lado Psych da coisa (respiros e cafungadas do que restou da loucura sessentista que deu um caldinho nos 70).
Falei de quase todas as faixas do disco e é uma melhor que a outra mesmo, mas ainda tem de lambuja a faixa Mongoose, cover da banda Elephant’s Memory, que nunca tinha sido lançada oficialmente e ficou guardada por décadas nas gavetas da Musidisc.
A banda tinha repertório e som pra ter sido muito grande, mesmo! Sem querer de novo evocar o nosso completo de “Vira-lata”, mas se tivessem nascido nos EUA ou Inglaterra, teriam feito carreira e teriam conseguido tocar com qualquer um dos grupos bons que pintavam na época.
Pode ser muita viagem, mas conseguiria ver o Bango tranquilamente abrindo prum Cactus, prum Mountain ou outras bandas boas e médias pra grandes que circulavam pelo mundo no começo dos anos 1970.
Caiam de cabeça, vocês não vão se arrepender. Enjoy the Trip.
Bangles – Different Light (1986)
Publicado; 28/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: 80's, Bangles, Pop 80's, Walk Like An Egyptian Deixe um comentárioO Bangles foi mais um grupelho de pop rock com minas tocando e cantando que apareceram nos anos 80.
Como quase todas, foi banda montada pra fazer sucesso e tocar no radio.
Só que diferente de 98% das demais bandas de minas que apareceram querendo sucesso e tocar no rádio, o Bangles conseguiu emplacar uma das músicas mais fodas e sensacionais dessa década e que por acaso, está nesse play supracitado.
Precisamente na faixa 4, Walking Like An Egyptian.
Sucesso estrondoso dessa faixa venenosa, libidinosa e incomum que deu ao quarteto comum o privilégio da posteridade e eternidade no mundo pop e que de tão boa, fosse ainda hoje tocada e dançada em todas as pistas de dança que toquem som dos eighties.
É tão boa que nao consigo nem comentar sobre as outras do Lado A, que não passa de um apanhado de canções bobinhas, tocadas de maneira convencional, bem ao gosto e ao paladar das rádios de pop e rock em 1986. A maioria são canções compostas por Susanna Hoffs, que depois teve uma carreira solo um pouquinho mais visível porque era a mais bonita das 4.
E olha que as outras 3 dão um caldo bom.
Ai vamos pro lado B e a coisa melhora bem:
As 3 primeiras são ótimas, ainda no mesmo padrão de produção, mas com um que a mais:
If She Knew What She Wants é uma baladinha muito da travessa, Let It Go tem um que de R.E.M (?), pelo menos eu achei, principalmente o R.E.M. mais popular, da fase Document. Depois vem September Girls, cover do Big Star e só o fato de terem feito versão de Big Star já ganham meu respeito absoluto e eterno e é por isso que eu gosto desse disco bobinho e convencional.
O resto é totalmente esquecível.
The Band – The Band (1969)
Publicado; 27/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: American Rock Music, Classic Folk Rock, Classic Rock, Levoy Helm, Robbie Robertson, The Band Deixe um comentárioThe Band é um negócio muito sério!
Não é bandinha pra se ouvir toda a hora, nem bandinha pra ficar evocando o santo nome em vão!
Algumas bandas e artistas pra mim são sagrados:
The Band, Them, Link Wray, Joy Division, Neu, Jesus & Mary Chain são algumas delas.
Trata-se de álbuns e artistas que evoco de vez em quando pois estão em um panteão acima dos mortais e dos discos normais, assim é quase uma blasfêmia traze-los para o andar de baixo a todo o momento.
Robbie Robertson era o cara que criava quase todas as músicas, mas parece que o The Band sempre teve um espirito coletivo, onde todo mundo virava meio dono da composição, e o espirito que nascia em um era imediatamente incendiado nos demais integrantes e isso se sente na pulsação desse álbum.
Tudo bem que no Music From The Big Pink isso jorra dos sulcos, mas esse The Band de 1969 é tão pouco saudado e mediante alguns contemporâneos, acabou ficando pra tras, mas eu particularmente acho esse um dos discos mais bonitos daquele mágico 1969, só pra comparar com outros dois famosos desse ano, acho esse álbum muito mais foda que Abbey Road e Tommy ou Beck-O-La.
Só faltou um Hit poderoso nesse disco, pois os dois lados parecem uma única frequência, desde a primeira faixa, Across The Great Divide e Rag Mama Rag e terminando o lado Acom a balada vinda sabe-se lá de que parte do Paraiso, Whispering Pines.
Não é a toa que Bob Dylan adorava tanto o The Band. Alias, outro fã confesso da banda foi George Harrison, que quando ouviu pela primeira vez a trupe, teve vontade de largar os Beatles pra tocar com eles, se sentiu um lixo e achou que sua banda tava muito abaixo.
Concordo com o Beatle calado, o Band é uma banda muito mais foda que Beatles.
Ai vc vira o disco e começa com Jemima Surrender (acho que só essa música sozinha criou todo o som que todas as bandas de Alt-Country viriam a aparecer).
É covardia ficar listando as demais músicas, não tem uma que não seja no mínimo espetacular.
Estou exagerando?
Acho que não!
Amo demais esse disco, não consigo pensar em algo tão perfeito no quesito “Música Americana” quanto essa pepita do Band. Tem em si uma pureza, uma solenidade e mesmo assim, algo que nos linca ao chão e ao supremo de modo que não conheço em nenhum outro Play.
A produção é aberta e precisa e valoriza cada integrante e cada instrumento como nenhum outro, ou como poucos.
Seja pela bateria firme de Levon Helm, ou pelos gracejos guitarristicos econômicos de Robbie ou muito pelo órgão simples e bonito de Garth Hudson, tudo conspirou pra reproduzirmos um dos discos mais bonitos que se tem noticia nesse planeta.
E tenho dito.
Baltimora – Tarzan Boy (1985)
Publicado; 24/07/2015 Arquivado em: Discos, records | Tags: Baltimora, italian disco Deixe um comentárioOne-hit wonder, banda de um hit só!
Tem uma pá por ai e sempre teve.
Com o passar dos anos e os tempos modernos, o que mais deveria aparecer “teoricamente” seriam novos artistas de um hit só, mas não é o que tem acontecido. Engraçado né?
O Baltimora foi uma cambalacho feito por um produtor italiano de house e som eletronico e um cantor irlandês que na verdade trabalhava para a Cruz Vermelha e gostava de usar roupas espalhafatosas.
Ambos nunca tinham feito nada de significativo antes, não fizeram nada depois, ou dá até pra perguntar: É relevante esse compacto? Tarzan Boy é uma puta música?
Acho que não, só tenho esse play de sarro!
Tarzan Boy ficou famosa no Brasil porque era o tema de abertura do programa Perdidos Na Noite, do Fausto Silva, clássico programa de sábados a noite de um pais recém reaberto democraticamente e com um espaço muito esperto onde praticamente todos os artistas iam dar as caras e tocar ao vivo, com som tosco, sem retorno e muitas vezes, de maneira ininteligíveis. Valia também a pena os diálogos de Fausto com seus convidados (os papos com Renato Russo e Titão eram sensacionais).
Então, essa música nem é tão boa, mas tá ai e se toca em festa o pessoal dança.









