Dave Grohl e Josh Homme vão ser os últimos a apagar as luzes nesse tal de rock and roll?

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Quase ao mesmo tempo, duas das maiores bandas de rock, (isso existe ainda?) Foo Fighters e Queens Of The Stone Age lançaram seus novos álbuns, respectivamente Concrete And Gold e Villains.

Por que falar das duas bandas?

Bem, primeiro por que ano que vem as duas passarão em turnê por aqui e se nada der errado, com ingressos esgotados com muita antecedência.

E ao que parece, elas são as ultimas duas grandes bandas de Rock ainda em atividade e com relativa saúde musical.

Há outras semelhanças entre os dois álbuns recém lançados:

Ambos foram produzidos por produtores mais familiarizados com o universo pop.

O Foo Fighters convocou Greg Kurstin (músico da dupla The Bird And The Bee, que produziu faixas para artistas pop do calibre de Sia, Adele, Ellie Golding, Lana Del Rey entre outras) enquanto John Homme resolveu botar Mark Ronson (super produtor que trabalhou com Amy Winehouse, Bruno Mars, dentre outros) pra dar uma arejada no som do Queens.

E olha que dando uma ouvida em ambos, até que não é tão ruim.

Não vou cravar aqui que os dois álbuns são bons para caralho e que vão figurar em alguma lista (o do Queens é capaz), mas a mão e a direção de produtores pop deram um gás extra para as duas bandas.

O Foo Fighters, pelo menos nas duas primeiras músicas de trabalho Run e The Sky Is Neighborhood vem com todo o pique de banda “mainstream” mas com uma certa cadência pop junto ao peso que a banda sabe impor quando quer.

Dave Grohl tem andado mais bunda mole, com projetos que ficam no meio do caminho, mas a banda ainda mantem o pódio de banda de rock numero 1 do mundo. Ou quase.

Concrete & Gold não deve trazer novos ouvintes para a banda, mas também não vai afugentar nenhum fã antigo de seus últimos heróis vivos do rock pós-grunge.

Já o Queens botou um cara com “groovie”, mesmo sendo o inglês e branquelo Mark Ronson.

O QOTSA já não tem sido pesado o suficiente pra espantar um público menos “indie” e nos últimos álbuns já vinham flertando com pegadas mais dançantes que lhe garantiram um titulo particular de “Melhor Banda de Stoner Rock Para Garotas”.

Villains tem boas canções, que ao vivo são melhores que no disco.

Não sei se tô muito paciente, mas tenho quase até que gostado de umas duas ou três desse novo play. Fazia tempo que uma música da banda californiana não me prendia tanto a atenção quanto The Evil Has Landed. Arranjos de guitarras sensacionais não é novidade para Josh e companhia, mas eles tavam devendo nesse quesito e fizeram bonito nessa.

No fim, Queens e Foo encabeçam uma pequena lista de bandas que “ainda” usam guitarras como instrumento principal e ainda levantam uma surrada bandeira do Rock dentro de um mundo pop que não lhe pertence mais.

O que também não faz deles santos nem bastiões de um gênero sacrossanto.

Rock and Roll já é música de nicho faz tempo, mas o que sobrou nesse “Big Mainstream” não tem nada que vá ser lembrado daqui a 10 anos.

Até fevereiro de 2018, quando Queens Of The Stone Age e Foo Fighters tocarem por aqui, acredito que Villains e Concrete & Gold terão sido completamente esquecidos ou recebidos com frieza.

Mas o público que certamente lotará o Allianz Park pulará horrores com a penca de ótimos flashbacks que as duas bandas tem aos montes.

Tanto QOTSA ou FF são “maiores” do que esses dois novos discos.

Por hora, os álbuns seguram a onda, mas estão longe de serem bons cartões de visita para garotos ou garotas que tenham um mínimo interesse nesse nicho chamado Rock and roll.

E se no próximo, eles desistirem de fazer rock, que pelo menos apaguem as luzes.

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As 10 músicas mais embaraçosas de Macca.

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Em qualquer lista que fizerem com:

Os maiores baixistas do mundo;

Os melhores compositores pop do século XX;

Os melhores cantores do século XX;

Os músicos mais influentes do século XX;

Paul vai estar ali entre os 5 primeiros em qualquer uma delas.

Músico completo, acima da média, passeou por quase todos os gêneros musicais existentes e fez maravilhas em todos eles, é “vaca sagrada” quase inatacável. Toca baixo, guitarra e piano como se tivesse amarrando os sapatos, canta como um rouxinol e faz show de 3 horas e ainda deixa de fora um monte de música linda pra outras 3 horas!

Mas…

Aproveitando sua nova passagem pelo pais, resolvi listar os momentos mais embaraçosos da bela carreira de Macca e mostrar que nem só de glórias vive o ex-Beatle e que mesmo com tanta capacidade não impede que os vacilos existam (alguns deles eu confesso que até gosto, ali no fundinho…)

Para ser justo, deixei de lado os “Lados B”, principalmente da fase Wings (tem discos que nem o lado A salva, tipo Back To The Egg, London Boy ou Venus And Mars.

E também não considerei nada da fase Beatles, assim Obladi Oblada que é a pior música da história, não está contemplada nessa listinha.

Para darmos algumas risadas, segue a listinha pra desopilar:

  1. Coming Up – McCartney II (1980)

Nesse álbum Paul tentou retomar as rédeas de sua carreira como artista solo, o disco vendeu bem e até livrou a cara do ex-Beatle por um tempo. Meio experimental, o disco hoje não desce nem com um Dreher. Além do hit Coming Up ser uma vergonha, ela serviu de “inspiração/chupação” para o Skank nos brindar com “Mandrake e os Cubanos”.

 

  1. Silly Love Song – Wings At The Speed Of Sound (1976)

De bobo Sir Paul não tem nada, mas de vez em quando ele escorrega para uma cafonice de fazer Barry Manilow parecer Hard Rock. Silly é tão vexatória que até o titulo já entrega o que a música é. Uma bobice açucarada indigna.

 

  1. Beware My Love – Wings At The Speed Of Sound (1976)

Um adendo, eu gosto dessa música. Só está listada aqui pra mostrar que muitas vezes, Paul teve a chance de fazer a coisa certa e optou pelo seguro e convencional. Há um tempinho atrás saiu uma reedição desse álbum com uma versão de Beware com a batera do John Bonham, que é infinitamente superior e muito mais instigante e interessante que a versão oficial.

Paul podia ter botado essa no álbum, mas preferiu a cafoninha.

 

  1. Jet – Band On The Run (1973)

O tempo é engraçado, quando Paul veio tocar por aqui em 1989 pela primeira vez, a música que menos agradou no show foi justamente Jet. Tida como um “jato de agua fria” na galera, ainda hoje acho um rockinho muito do sem vergonha, quadradinho e composto totalmente no piloto automático. Hoje, ele toca em todo o show e o povo pira… eu não.

 

  1. Press – Press To Play (1986)

Sem comentários, só não vai direto pro primeiro lugar porque as 5 primeiras são de lascar e essa é só um erro dentro de um álbum todo horroroso.

 

  1. Check My Machine – McCartney II (1980)

A primeira vez que ouvi essa track foi numa coletânea com canções estilo “Nostalgia”, (quem é da quebrada lembra dessa gíria). Alguns djs gostam de toca-la e principalmente usa-la pra fazer samplers, mas os 5 minutos e pouco dessa baboseira indolente é simplesmente insuportável. Não é experimental, tão pouco revolucionário. É só uma grande bobagem “cult”.

 

  1. Hope Of Deliverance – Off The Ground (1993)

Pavorosa! O álbum é um dos piores da carreira dele, mas essa song meio “latina”, com levada no violão figura entre as coisas mais constrangedoras que ele fez.

 

  1. Ebony & Ivory – Tug Of War (1982)

O disco hoje nem parece mais tão horroroso quanto outrora, mas essa parceria de Paul com outro gênio, Stevie Wonder é feio pros dois. A letra é bonita, positiva, afirma uma boa ideia de por fim as diferenças e o preconceito racial. O problema é que toda a vez que ela toca no rádio, imediatamente a primeira coisa que vem a cabeça é: Que M….

 

  1. No More Lonely Nights – Give My Regards To Broad Street (1984)

O álbum é uma tragédia, mas como toda boa tragédia que se preze, começa por algum lugar e No More é a música de abertura. Fico constrangido por ele, e olha que eu acho a melodia até que mais ou menos, mas o conjunto da obra é muito ruim. Lembro que esse foi o primeiro contato com a música de Paul McCartney, demorei um tempão pra me aventurar a ouvir outras coisas dele, sorte que um pouquinho depois descobri quem eram os Beatles, ai a coisa ficou mais fácil.

 

  1. Say Say Say – Pipes Of Peace (1983)

Tem músicas piores dele aqui na lista, mas essa tá em primeiro porque não dá pra acreditar que o casamento musical de Paul com Michael Jackson (na época, o maior artista pop do mundo, lançando nada mais nada menos que Thriller) com produção de George Martin (dispensa apresentações) pudesse ser tão insossa e melequenta. Uma bobice sem tamanho, uma porcaria absoluta. Indigno dos 3 personagens geniais envolvidos.


Tom Petty – O Zé Ninguém mais Amado do Rock!

Thomas Earl Petty, ou Tom Petty foi morar no céu em 02 de outubro de 2017 vitima de um ataque cardíaco aos 66 anos.

Como artista, venceu pela consistência e insistência, nunca aderiu a modismos, nem a tendências e também ele próprio nunca quis se colocar como artista de vanguarda ou qualquer coisa assim.

Sua qualidade sempre esteve em compor boas canções ganchudas 4 por 4 que poderiam ser escutadas em qualquer um dos 50 estados norte-americanos e entendidas tanto entre os hipsters quanto entre os rednecks.

Nunca abriu a boca pra falar asneiras, nunca se envolveu em polêmicas e isso nunca lhe garantiu também muitas manchetes. Acho que no fundo ele também nunca buscou isso em sua vida e carreira.

Estava lembrando esses dias como esse cara fez álbuns excelentes e músicas incríveis e mesmo seus último trabalho de 2014, chamado Hypnotic Eye é excelente e cheio de vitalidade (cheguei a lista-lo como um dos melhores daquele ano.)

Enfim, fico triste pois sei que esse é um dos shows que gostaria de ter visto e agora só numa próxima encarnação ou plano astral.

Pra quem tá chegando agora, vai abaixo um guia muito particular para situa-los no som totalmente norte-americano (no ótimo sentido) de Tom Petty.

Tom Petty & The Heartbreakers (1976): Disco de estréia do cantor e seu grupo, não fez muito sucesso, mas o disco consegue ainda hoje ser moderno e absolutamente em sintonia com o singalong dos anos 2000. A faixa mais incrível desse play é American Girl (lembra muito o Strokes de começo de carreira).

 

You’re Gonna Get It! (1978) e Dawn The Torpedoes (1979): Dawn foi o primeiro big hit de verdade da carreira de Tom e tem algumas grandes faixas como Refugee e Here Comes My Girl, mas só pra contrariar eu particularmente gosto mais do You’re Gonna… que tem duas das minhas favoritas dele: You’re Gonna Get It e Magnolia.

 

Southern Accents (1985): New wave e psicodelia. Talvez seja o mais interessante e diferente trabalho do Petty. Arriscando um pouco, saiu da zona de conforto e acertou um discasso. Produção de Dave Stewart (Eurythmics), fez a música que me apresentou ao som de Petty, Don’t Come Around Here No More (o clipe é fantástico também), vi num Clip Trip da vida, não entendi nada na época, continuo achando fascinante e tentando entender como isso foi um “Hit”. Outro mundo!

 

Full Moon Fever (1989): Pra mim, é a obra-prima de Petty. Glorioso, expansivo, cristalino e delicioso de se ouvir de cabo a rabo. É rock americano quadradinho por excelência, tocado com maestria e coração. Free Fallin é o clássico, mas eu sou fã também do rockão I Won’t Back Down.

 

Travellin Wilburys (1989): Supergrupo formado por Petty, Jeff Lynne (E.L.O), Bob Dylan, George Harrison e Roy Orbinson, numa mistura de camaradagem e homenagem fizeram um grande álbum graças a Petty, que estava em alta e puxou pra cima os outros monstros que não estavam tão bem assim. Ultimo registro de Orbinson antes de seu falecimento. Obra prima do Classic Rock como se conheceu.

 

Into The Great Wide Open (1991): No meio do furacão grunge, Petty não abriu mão aos modismos e fez outro petardo. Tido como “meio velho”, o álbum hoje se mostra atemporal e ainda atual. Quando saiu fico meio pra tras para a turma de Seattle, mas o tempo ajustou as coisas e hoje alguns daqueles discos é que ficaram pra trás, enquanto Into… segue firme, forte e bonito.

 

Mudcrutch (2008): E dentre idas e vindas, Petty resgatou seus chapas antes de formar os Heartbreakers e cometeu um delicioso álbum de country rock a la Flying Burrito Brothers.

 

Hypnotic Eye (2014): O último álbum lançado pelo cantor com seu grupo é incrível e tal qual outros contemporâneos, Petty não perdeu a capacidade criativa nem o “mojo” e a banda só melhorou com os anos, nada de som frouxo por aqui.

 


Luan, o meteoro do Metal!

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Essa semana o mundo da música brasileira recebeu a noticia mais chocante da semana (não, os Tribalistas estão todos bem seus apartamentos luxuosos).

O cantor Luan Santana anunciou em sua conta no Twitter que depois de 10 anos no Sertanejo, vai se arriscar no estilo que realmente “ama”: O Heavy Metal!

Luan deve ser um dos 5 ou 6 artistas que mais faturam com música no Brasil, assim uma noticia dessas deve deixar os contratantes mais preocupados do que os fãs do cantor ou os “poucos” especialistas em música que sobraram por ai.

Isso não é novo, muitos artistas já optaram por esse caminho em algum momento de suas carreiras, alguns se deram bem, outros nem tanto.

Se vai o caso do nosso astro pop, eu não sei, espero que ele escute os discos certos de metal e não os que vieram no RiR para criar sua carreira “metaleira”.

Segue abaixo para nosso deleite, alguns desses casos positivos e as “derrapadas”.

Metaaaaaaaaalll!

Pat Boone – In a Metal Mood: No More Mr. Nice Guy (1997)

Pat sempre foi o crooner da “família norte-americana”, mas em 1997 já com idade avançada, ele resolveu fazer um curiosíssimo álbum de “jazz e swing” com covers de clássicos do Hard e do Heavy Metal. Ouvi isso muito e dei muita risada também. Não sei afirmar se isso deu um up em sua carreira, mas foi divertido.

 

Luiz Caldas – Castelo de Gelo (2010)

Luiz é um dos mais versáteis e talentosos guitarristas e cantores do pais. Fez sucesso estrondoso na época da lambada (final dos anos 80), mas já fez discos de bossa nova, tango, jazz, e em 2010 fez um ambicioso projeto de 10 cds cada um num estilo (até disco em Tupi ele gravou). Castelo de Gelo é o disco dedicado ao rock e que passa pelo Heavy Metal em algumas faixas. E quer saber, é bom demais!

 

Odair José – Dia 16 (2015)

Outro gênio. Conhecido erroneamente como o compositor de “música brega”, Odair é talentoso e multifacetado e em sua carreira já deixou isso muito claro. Já fez disco de folk rock, no álbum Assim Sou Eu (1972) e até uma “ópera-rock” conceitual no incrível Filho de José e Maria (1977). Aí um belo dia, ele resolve fazer um disco puxado pro “Hard Rock” e acerta na mosca. Dia 16 traz o artista aos quase 67 anos com um disco de fazer inveja a quem tem menos da metade de sua idade.

Glória – (Re)Nascido (2012)

O que já era ruim, sempre pode piorar. Depois de anos tentando ser uma banda de punk pop e só conseguindo ser uma banda de punk hardcore pop bem meia boca, eles decidiram tomar o rumo do “metal” em 2012. Não colou! Os caras até tocam bem, mas não convence nem o mais otimista fã de Def Leppard.

 

Robertinho do Recife – Metal Mania (1984).

Guitarrista versátil, já tocou com quase todo o mundo e emprestou seus serviços para Alceu Valença, Fagner, Amelinha, Geraldo Azevedo e ganhou fama e fortuna quando montou a banda Yahoo nos anos 80. Seguindo a linha de “Hair-Metal”, fez sucesso e com isso gravou seus discos solo (o mais legal é Ah, Robertinho do Recife). Metal Mania é disco pra colocar no mesmo patamar de Quiet Riot, Warrant, Motley Crue e outros (se é que isso é bom, mas é…)

John Zorn / Naked City – Torture Garden (1990)

Não sei nem se dá pra chamar uma escapadela de Zorn para o Metal extremo (no caso desse álbum, para o grindcore) como algo diferente em sua carreira. O saxofonista e compositor já transitou pelo jazz-fusion, clássico contemporâneo, ambiente, eletrônico e blues. Violento, Zorn fez um dos mais radicais álbuns de sua carreira e isso ainda nem é tudo.

Vanusa – What To Do (faixa do álbum Vanusa 1973).

A cantora cometeu pelo menos 3 discassos no começo dos anos 70, cercada de ótimos produtores e num momento propicio para a inventividade, Vanusa deu asas a criatividade e se permitiu cantar um “hard rock”, que poderia ter influenciado o Black Sabbath em seu “Sabbath Bloody Sabbath”. Pode não ser verdade, mas tá bem perto!

The Cult – Sonic Temple (1988)

Ninguém se atreve a falar mal do The Cult, mas vamos combinar que a carreira discográfica da banda, mesmo com muitos acertos sempre foi um “samba do crioulo doido”, passaram do gótico (Dreaming) para o hard rock (Electric) e caíram num metal farofa em 1988. Da fase 80’s da banda, é o álbum mais irregular e também o pior que eles fizeram nesse período (nada como algumas décadas passada para tudo ser perdoado).


O Rock morreu em 1997, e a Culpa não é só do Ok Computer, mas é também.

Há vinte anos, algumas revoluções musicais comportamentais aconteceram mundo afora e muitas delas não foram sentidas na época, mas depois e definitivamente, ainda hoje.

Especificamente em 1997, muita coisa aconteceu (Techno tomando de assalto a música pop, quebra de barreiras de rock/indie/eletrônico/rap, já escrevi por aqui), mas algo inesperado aconteceu.

Esse algo foi Ok Computer, o terceiro álbum de estúdio da banda inglesa Radiohead (muito se tem falado sobre sua importância, relevância e é tido como um clássico ou o último clássico da historia do Rock).

O inesperado da coisa foi a abordagem de rock que a banda imprimiu com esse trabalho.

Deixou de ser uma ótima banda de guitar pop querida pelo público britânico e americano e com certo respeito por parte da critica especializada e passou a ser uma gigante banda de rock, amada e idolatrada por publico e critica.

Feito raro!

O Radiohead com Ok Computer virou o Pink Floyd dessa geração, ou algo muito parecido com o Pink Floyd.

Competência musical acima da média, meses de dedicação exclusiva a gravação e produção do álbum, produtor acima da média na mesa de som (Nigel Godrich), resultou num grande abacaxi paradoxal que não dividiu opiniões de ninguém na época (não houve um “eu amo” ou um “eu odeio”, só se ouviu “Eu Amo”) em relação ao álbum.

Unanimidade total!

Letras que beiram o nonsense, ou com mensagens ocultas e nas “entrelinhas” explorando a solidão, a angústia de um século em transformação rápida e uma busca por alienação e entendimento do que viria a acontecer no mundo logo em seguida.

Com esse álbum e a reação mundial em relação a ele, muito do que eu gosto no rock e no indie rock ficou simplesmente ultrapassado, velho e simplório.

O Radiohead e Ok Computer passaram como um caminhão de competência técnica e inventividade, fez com que elementos importantes como simplicidade, energia e urgência que faz qualquer rock ser bom de verdade simplesmente evaporar das pautas musicais e “quase” do planeta música.

Artistas novos se lançavam emulando o som do Radiohead, buscando novos truques e novos brinquedos para tentar atingir o nível de excelência de Ok Computer, até bandas contemporâneas ou um pouco anteriores fizeram álbuns de excelência musical inéditas em suas obras.

Deserter’s Song do Mercury Rev, The Soft Bulletin, do Flaming Lips e até mesmo Yankee Hotel Foxtrot, do Wilco, todos eles, sucessos de critica e publico em seus respectivos anos, devem muito ao Radiohead.

Parece que tudo que não tivesse essa grandiosidade tenderia a ficar irrelevante e desimportante, assim como numa ressaca sem fim, todo o mundo caiu de corpo e alma nesse “rococó” sem fim.

Foi um caminho sem volta.

No comecinho dos anos 2000 até houve um revival de rock que durou um pouquinho mas logo se evaporou também.

Se Nevermind, do Nirvana incendiou o mundo pop rock com guitarras, barulho, energia e violência, emergindo com um simples, direto e poderoso meio de usar guitarras e rock, Ok Computer teve efeito semelhante, só que ao contrário, quase como um grande extintor congelante, causou o mesmo barulho e a mesma perturbação na cabeça de músicos, entendidos e fãs.

Diante de tanta complexidade e elaboração, a única ação possível era um misto de paralização e admiração e a partir de 1997, todos os artistas “talentosos” ou com “alguma ambição” passariam a buscar esse alvo.

Ok Computer foi um dos discos que mais amei e ouvi na vida, comprei o Cd no lançamento, ouvi até furar, vendi meu exemplar há alguns meses atrás. Hoje não consigo mais dar conta, mas sei que é uma questão pessoal.

Todo mundo continua adorando e idolatrando o álbum, que tem seus méritos e inegável influência e importância, mas hoje eu o odeio justamente porque se passaram 20 anos e não apareceu ninguém para superar, estipular novos patamares ou simplesmente destruir esse legado e começar tudo de novo (hoje isso parece cada vez mais difícil, pra não afirmar que a chance de isso acontecer é perto de Zero).

Impossível imaginar um caminho diferente para o Rock, impossível pensar no mundo do “rock alternativo” sem o Radiohead.

Para o bem ou para o mal, o Radiohead esgotou as possibilidades existentes no rock em forma, conteúdo e “entrega” com Ok Computer e assim decretou seu categórico fim.

Até existem uma meia dúzia de gatos pingados por ai tentando, mas já era.

 


Por um Rock In Rio Melhor…

Eu podia estar aqui tacando pedra na escalação oficial de atrações do Rock In Rio (exceto no The Who).

Mas num exercício de pensar num “Festival Perfeito”, com headliners que tragam público e em shows bons compondo os palcos e o miolo, além de prestar um “servicinho de utilidade pública” para quem ainda curte esse negócio de grandes festivais, mas que gostariam de assistir a mais shows e visitar menos “stands de serviços e compras”, afinal o preço do ingresso é pra ver show e não “curtir essa experiência Rock In Rio”, resolvi queimar os neurônios e bolar um festival que nunca vai acontecer.

Se o conceito central para um negócio rentável e bom, que agrade a “gregos e troianos”, “coxinhas e petralhas”, “da comunidade e do condomínio”, é a diversidade e ao mesmo tempo manter o “business”, atrair o máximo de gente pra esse shopping com “leve” viés Cultural, e de quebra produzir ou criar um ecossistema onde o “conteúdo”, no caso a música fale com todos e com poucos. A solução já existe e ela já é mais ou menos feita: Noites temáticas, é assim que as pessoas no mundo todo se guiam pra escutar música.

Não vou ficar ensaiando opções de novas tendas temáticas, tipos descolados de restaurantes fastfood, check out eletrônico, Pdvs irados com telão LED ou qualquer outra sugestão nessa área. Já tem gente bem remunerada pensando nisso e eu não.

O que tenho a oferecer nesse humilde blog são sugestões de artistas e noites especiais pra estourar a boca do balão:

 

Noite 1: Ladies pop fighting.

Uma noite só pra patricinhas e mauricinhos poderem tirar varias selfies (não que isso não vá acontecer nas outras noites) e de quebra curtir uns artistas pop de primeira linhagem (ou o que quer que isso signifique).

Headliner: Taylor Swift.

Demais atrações: Miley Cyrus, Paramore, Lorde, Solange, Pablo Vittar e quem sabe um ou outro grupo de J.Rock ou K-Pop?

 

Noite 2: Punk old school / new wave.

A lá Rebellion Festival, só punk veio com audiência no país (pra esse dia, sugiro um ingresso mais barato para podemos ir em bandos).

Headliner: The B-52’s, Blondie ou um Green Day (pra fechar a conta)

Demais atrações: P.I.L, Wire, Stiff Little Fingers, Undertones, Vapors, Bob Mould, Ratos de Porão, Rezillos, GBH, Personal & The Pizzas.

 

Noite 3: Rap

Sim, só rap pesado e pop que é onde estão as melhores coisas há bastante tempo.

Headliner: Kendrick Lamar

Demais atrações: Drake, Run The Jewels, Death Grip, Tyler The Creator, Facção Central, Mano Brown, por ai.

 

Noite 4: Axé.

A mais festiva das músicas brasileiras, noite pra arrebentar de audiência e calar o mundo com a mais original e deliciosa música brasileira das últimas décadas (guilty pleasure compartilhado pelas massas)

Headliner: É O Tchan, com formação clássica (Cumpadi Washington, Beto Jamaica, Jacaré, Carla Perez e Sheila Carvalho)

Demais atrações: Chiclete (com Bel Marques), Bandamel, Reflexus, Pepeu Gomes, Luiz Caldas, Sarajane, Daniela Mercury, TerraSamba, Robertinho do Recife e corre pro abraço.

 

Noite 5: Classic Pop

Ou pop para jovens senhores, ou A.O.R (adult oriented rock). Tá cheio de banda boa por aí fazendo turnê pelos Eua, é só juntar e trazer.

Headliner: Fleetwood Mac

Demais atrações: Hall & Oates, Journey, O.M.D., Tears For Fears, Simple Minds, Madness.

 

Noite 6: Metal.

Tem que ter a noite do metal né? Sugestões? Bandas novas boas, bandas velhas boas em atividades:

Headliner: Anthrax ou Slayer (ou os dois juntos!!)

Demais atrações: King Diamond, Kverletak, Gojira, Body Count, AFI, Danko Jones, Napalm Death, Babymetal.

 

Noite 7: Rock?

Ou o que sobrou disso, afinal o festival tem Rock no nome né? Só falta banda boa por ai pra segurar esse gênero, mas fazemos um sagrado esforço pra acha-las:

Headliner: King Crimson

Demais atrações: Ray Davies (tocando Kinks e etc), At The Drive In, Brian Ferry, Royal Blood, Thurston Moore, Courtney Barnett, Eagles of Death Metal.

E bora para um mundo melhor…


E o 1997 foi o meu 1967

Não lembro de muita coisa que eu fazia nessa época.

Mas de alguma coisa sim.

Estava trabalhando, tive apendicite no dia da colação de grau na faculdade e fui dançar na festa de formatura com um estêncil e sangrando que nem um porco.

No mais, só lembro de ter escutado a maior quantidade de discos incríveis que escutei na minha vida de jovem adulto fã de indie rock e praticamente toda a semana eu comprava Cds incríveis lançados naquele ano.

A efervescência estava no máximo!

Praticamente tudo era boa noticia no campo dos lançamentos em 1997!

Como eu transitava pelo indie rock, aquele ano foi apoteótico. Rupturas por todos os lados.

O Radiohead calava fundo o mundinho com seu lindo e festejado Ok Computer, o Oasis botava gente de madrugada na fila de loja de discos para comprar seu novo single e posteriormente pra comprar seu álbum Be Here Now (na época recebido friamente, ouvindo hoje, sobreviveu bem ao tempo, um disco que tem uma balada linda como Stand By Me não pode ser de todo o ruim, certo?).

O “Techno” avançava sobre nossas cabeças provocando discussões acaloradas sobre o futuro da música enquanto Chemical Brothers e Prodigy levavam seus beats a todos os cantos do mundão e tomavam de assalto a atenção de todos, no caso do segundo com direito a algumas polemicas no campo videoclipico como no emblemático e clássico da subversão Smack My Bitch Up.

O conglomerado Wu-Tang Clan apavorava em um segundo álbum mais festejado hoje do que na época e apontava uma direção do que viria a ser o Rap nos anos 2000.

Roni Size fez o disco do futuro que menos se lembra hoje em dia (drum and bass fazia parte do reino “Techno”), mas outros também embalaram de cabeça no d&b como Bowie e Nine Inch Nails. Mas nessa praia ainda sou fã do Photek:

Porém não posso negar que o NiN quase chegou la:

Mesmo no campo rock and roll, tudo ia bem obrigado: O Foo Fighters lançava seu melhor disco: The Colour And The Shape e o Blur surpreendia de novo e conquistava o resto do público que lhe faltava com seu album homônimo, com a ajuda da famosa “Song 2”.

Outros grupos incríveis como Superchunk, Geraldine Fibbers e Guided By Voices arrebentavam com ótimos plays e na area do violão com emoção Elliot Smith lançava o mágico Either/Or e um tal de Belle And Sebastian vinha com If You’re Feeling Sinister e um Ep com a melhor música daquele ano: Lazy Line Painter Jane.

 

No frigir dos ovos, alguns dos melhores discos daquele ano não tiveram a devida atenção, e outros dos meus favoritos sequer foram citados em alguma lista.

Num exercício de listas, faço um afetivo esforço pra empilhar os meus 10 favoritos desse ano intenso, e que não necessariamente apontaram o futuro, mas se tornaram eternos para mim. Deixei o Radiohead de fora de propósito, semana que vem escrevo sobre Ok Computer, o disco que mais amei e odiei na vida.

 

  1. Dig Your Own Hole – The Chemical Brothers

Esse segundo álbum da dupla britânica foi lançado com o jogo praticamente ganho, a torcida para que o disco fosse bom era tão grande que mesmo se fosse um meia boca já ia ser bom. Mas o álbum é espetacular, ultrapassou a fronteira do gênero techno, foi adiante (muito adiante). Agregando Hip Hop, eletrônico antigo, psicodelia e pop, as camadas de influencias desse play desafiaram o ouvinte a uma divertida aventura pelos bimps and bloims…

 

  1. In It For The Money – Supergrass

O Supergrass já era uma banda legal em 1995, fizeram um dos melhores shows de festival que eu vi em 1996 (segunda banda, do segundo dia de Hollywood Rock no Pacaembú em SP) e lançaram essa obra prima de rock e do pop britânico absolutamente 90s. Infelizmente, prestou-se pouca atenção a esse disco do trio de Oxford, o mundo e a “maldita” mídia queriam coisas mais complicadas, e In It era simples demais para eles. Hoje soa melhor que na época e se o mundo jovem ainda curtisse um rock, esse seria um ótimo disco pra se lembrar 20 anos depois.

 

  1. The Soateramic Sounds of Magoo – Magoo

Direto da Escócia, não só um dos meus favoritos do ano, mas favoritos da vida. Guitar band soturna, com algumas das minhas favoritas ever. Não saiu do gueto e tão pouco pegou lista em alguma publicação musical, mas aqui no coração desse jovem adulto indie rocker, bate e cala fundo ainda hoje.

 

  1. Ladies and Gentlemen… We’re Floating in Space – Spiritualized

Jason Pierce, o cabra por trás desse grupo produziu alguns dos maiores petardos sônicos dessa década, seja ao lado do Spacemen 3, seja com o Spiritualized. Nunca fez discos ruins, mesmo quando enveredaram para um perigoso caminho de progressivo/psicodelismo. Aqui, eles estão maravilhosamente equilibrados nessa beirada dúbia e esse álbum foi decisivo para a banda. Tão decisivo que dividiu a preferencia dos especialistas britânicos na época. Ou era Spiritualized ou Radiohead e ainda tinha o Verve de opção.

 

  1. Time Out Of Mind – Bob Dylan

De tão bonito, chegou a dar aperto no coração na época. Parecia disco do tipo “Canto do Cisne”, ultimo momento antes do fim. Felizmente ele continua vivo e lançando álbuns incríveis, e Time aparece não só nessa lista de 97, mas com certeza entre os melhores disco de Dylan desde sempre.

 

  1. Tellin’ Stories – Charlatans

O disco é não só incrível por sua qualidade musical, mas veio carregado de muita emoção por ser um álbum homenagem ao tecladista Rob Collins, que faleceu em um acidente de carro um ano antes. A banda juntou os cacos, exorcizou a tragédia e colocou no mundo esse belíssimo tributo, regado de referencias a Bob Dylan, Band e mesmo assim, não saudosista. Absolutamente 1997.

 

  1. Evergreen – Echo & The Bunnymen

A melhor volta de uma banda em disco. Escutei esse disco até furar. Presente, atual e eterno. Letras incríveis e extremo cuidado na produção fizeram desse álbum uma deliciosa e inesperada surpresa pra quem não esperava mais nada dos “Coelhinhos”. Pop britânico grandioso, ambicioso, a moda antiga (não tão antiga assim, by the way).

 

  1. I Can Hear The Heart Beating As One – Yo La Tengo

O Yo La Tengo já era uma banda incrível, mas aí eles cometem um disco como esse. Não dá pra não amar loucamente. Na medida certa entre o sensível, o rock, a vanguarda. Parece ter sido produzido sob a mesma poeira sônica edílica que um álbum do Velvet Underground. Sutileza, beleza, estranhezas… inesgotável qualidade de cabo a rabo.

 

  1. The Boatman’s Call – Nick Cave & The Bad Seeds

Disco da fossa de Nick Cave, quase um barroco contemporâneo. O álbum mais bonito da carreira da banda onde tudo é tocado com tranquilidade e beleza, sem barulho. Ouve-se os ecos das cordas reverberando no fundo do salão de gravações e parecem acrescentar texturas extras aos sulcos desse play. Execução impecável, instrumentação perfeita e um som quase sobrenatural que ouvimos silêncios, respiros, cadencia além das canções desse álbum. Triste e bonito como poucos.

 

  1. Vanishing Point – Primal Scream

De longe, deve ter sido o Cd que mais escutei naquele ano. Primal Scream estreando Mani (Ex-Stone Roses) no baixo. O que era bom, conseguiu ficar muito melhor. Vinhetas instrumentais matadoras, clima 70s, produção destruidora, flerte de psicodelia, rock, eletrônico, dub e uma cover de Motorhead… precisa de mais? Ignorado em quase todas as listas, Vanishing seguiu um ponto que o Primal iniciou em Screamadelica (1991) e culminaria na pancada Xterminator (2000).

Menções honrosas, só não entraram por que eram só 10:

Dig Me Out – Sleater-Kinney

 

Lunatic Harness – µ-Ziq

 

Brighteen The Corners – Pavement


Sim, vamos falar a sério sobre Taylor Swift…

Cada época tem a Madonna que merece.

E logo quando ninguém achava que num mundo de hoje pudesse surgir alguém pra colocar o pau na mesa como Madonna fez na virada dos 80 pros 90, eis que aos 27 anos, a cantora e compositora Taylor Swift, seguindo passos muito bem pensados e calculados, bota no mundo um baita clipe super produção como há algum tempo não vemos cá pelos lados do mundo Pop.

Look What You Made Me Do é a primeira música do futuro álbum da cantora, chamado Reputation com data prevista de lançamento mundial pra 10 de novembro desse ano.

O ponto aqui é: nada se faz sozinho, ela tem um batalhão de gente fazendo coisa para ela, desde cuidar de sua mídia social, produzir conteúdo para zilhões de sites, blogs e etc, além de assessores para as mais diversas e variadas necessidades da CEO dessa lucrativa companhia chamada Taylor Swift.

Isso sempre existiu, mas no fim, quem dá a cara a tapa é ela e ela tem dado bastante ultimamente.

Desde que largou o country pop dos seus primeiros álbuns e se jogou de cabeça no pop competitivo com o ótimo 1989, ela parece agora querer recontar sua historia recente, suas tretas, desavenças e rancores como outros artistas já o fizeram e seguindo as lições de mestres do passado que tourearam o mundo com louvor (Madonna, Bowie, George Michael), ela vem linda, loura e com a faca nos dentes pra soltar a melhor musica pop de 2017.

Nem em sonhos imagino alguém que consiga deter a moça, e se ela mantiver o nível afiado desse popaço que ela acabou de despejar nas nossas cabeças, segura que esse 2017 não vai ter pra ninguém.

Num mundo violentamente competitivo, Taylor saca qual é a do público consumidor de música hoje.

Primeiro e mais importante: não precisa nem ter álbum pronto, basta um petardo com um clipe super bem produzido pra deixar fãs ouriçados e todo o exército de “influenciadores digitais” só falarem a respeito dela. A repercussão está gigante!

Segundo: Referencias a dores, tretas e problemas pessoais expostas num mundo onde cada vez se tem menos privacidade, colocar na grande “arena” das mídias sociais, um pedaço cada vez maior da sua vida e usar essas situações para ganhar credibilidade de seu público, angariar likes, views, “engajamentos” e “data” no grande vale-tudo do entretenimento pulverizado de hoje traz mais retorno de que dinheiro (ou melhor, o dinheiro grande só jorra se voce tiver tudo isso junto).

Tudo deve e pode ser monetizado pra voce, e vida privada de artista é material monetizável desde sempre.

John Lennon fez um album inteirinho baseado em suas experiências pessoais e fez bastante dinheiro com ele. Plastic Ono Band, mira a metralhadora para a mãe ausente em “Mother”, e até para seu legado e quase todos os seus pares em “God”.

Katy Perry há pouco tempo não estava transmitindo suas sessões de terapia pra quem quisesse ver? Lançou disco novo também, chatissimo by the way.

Taylor sabe que no máximo vai ter mais uns 10 anos de carreira produtiva em alto nível, assim, ela acelera e caminha para atingir seu topo e olha que ela já tem 2 Grammys, mas esse clipe (guardada as devidas e merecidas proporções é o seu Vogue), Taylor destila veneno e ressentimento, empacota em formato de canção pop poderosa, em clipe milionário e bora conquistar a coroa de “Rainha do Pop”.

Ok, não é a Madonna cantando, nem o David Fincher dirigindo, mas já falei no começo que é o que temos pra hoje certo?

Considerando tempo, espaço e a era que vivemos, a beleza de Taylor combinada com uma atitude meio esnobe, egocêntrica e imperativa dá a esse clipe um tom documental bastante rico pra se estudar sobre essa geração dos 20 e poucos anos.

No mais, Taylor hoje é mais rock and roll que todos os artistas de rock juntos.

E nem precisei mencionar que ela é linda de doer né?


Everything Now é a melhor coisa de 2017 até agora

Só por que eu resolvi curtir a banda, o mundo inteiro resolveu virar a cara pra eles?

Bem, ai vem outra pergunta importante: existe “influenciadores” ou mídia musical hoje?

Ok, sites e blogs com noticias é o que mais tem, afinal, no mundo da big data, informação rápida e instantânea com vídeo, ponderações, analises profundas escritas de maneira bem rasa é o que manda.

Aconteceu precisa virar Manchete rápido.

Periga de alguém, há quase 1 mês do lançamento oficial do álbum me chamar de Rubinho Barrichelo da resenha musical.

Ok, aceito, mas tenh um bom motivo.

Hoje em dia resenha não vende mais disco (disco?), o que vende é numero, likes, quantidade de vídeos compartilhados, vídeo bacana, show com covers maneiras, quantas estrelinhas estão no Metacritic, quantas vezes a banda postou alguma coisa nas redes sociais e o povo curtiu…

Ou seja, até o que eu escrever aqui a rigor, não fará a menor diferença em coisa alguma.

Será apenas mais uma resenha de um fã de música escrevendo para algumas poucas pessoas.

Normal, segue a vida.

Então tive tempo de ouvir com mais calma, atenção e realmente entrar no espirito do disco, coisa que ninguém mais nem quer? Afinal, já saiu o novo do Queens of The Stone Age, o novo do Killers, a nova musica do Foo Fighters e o novo clipe da Taylor Swift e tudo precisa ser resenhado pra ontem…

Voltando ao cerne da questão, Everything Now é somente o 5o álbum do Arcade Fire em 13 anos de carreira discográfica. Cada vez, se produz menos musica nova e pensando nos artistas grandes somando tudo que o AF fez não chega a produção dos Beatles em 2 anos e meio de atividade.

Isso é só um detalhe, mas digo pra vocês, pra mim é o melhor disco deles desde que eles surgiram (guardem isso para 2027, quando fizerem retrospectiva desse ano e alguém vai falar levantar essa lebre e falar muito bem desse álbum).

Com eles, o mundo inteiro se apaixonou pelo Indie (não confunda com indie rock) e eu honestamente sempre achei a banda bem superestimada. Comecei a prestar atenção justamente quando eles resolveram adotar um som mais eletrônico (precisamente na deliciosa The Sprawl e seu clima Blondie total), e num mundo indie em que todo o mundo usa eletrônico com violão, estão querendo que eles sejam diferentes (vai entender).

A grande maioria das resenhas negativas foca nessa questão e que eles se repetiram em relação a Reflektor (2013), que hoje já não me parece tão mal assim.

Fato é: o álbum vem com uma mensagem clara e criticas ardidas e docinhas a “Era da Informação”, embalada por músicas animadas que nos remetem ao bom pop eletro de eras passadas que vão de Simple Minds a Abba e a banda criou um enxoval muito bacana pra embalar esse conceito.

Veja essa apresentação que eles fizeram no Late Show do Stephen Colbert para a faixa titulo.

Fora isso, musicalmente Everything Now é muito mais divertido que os álbuns anteriores do Arcade Fire e saiu meio torto, tá sendo recebido com narizes tortos e o pessoal só não fala muito mais mal porque a banda é amada demais pelo que restou de “mídia musical” mundo afora, mas enxergo uma semelhança grande em conceito com outro grande álbum que saiu meio de repente e causou impressão ruim em 1993, chamado Zooropa do U2.

O disco foi um preciso documento musical carregado de ironia, raiva e atitude em tempo, espaço, som e politica e acho bem mais importante e legal que Achtung Baby, que todo o mundo resolveu amar pra sempre.

Everything Now segue essa mesma pegada, com músicas excepcionais como “Creature Comfort”, talvez a música mais 2017 de 2017.

Outro ponto alto é “We Don’t Deserve Love”, que finaliza uma sequencia bem esquizofrênica iniciada com a meio reggae rápida Good God Damn (me lembrou um B.A.D. do Mick Jones mais comportado), vem com outra boa “Put Your Money On Me”.

Agora, pra mim a mais divertida e legal do álbum é “Signs of Life”, me lembra muito uma banda dos anos 90 genial chamada Stereo Mcs. (procure saber, na verdade vocês já conhecem… Connection é um clássico da década).

A faixa titulo vem com um refrão pra lá de “Simple Minds” fase “Alive And Kicking” que é delicioso, além de seu pianinho a lá ABBA e uma alegria musical que não condiz com a letra.

Há uma escorregada para um reggae meio vabounds como em “Chemistry”, mas olha que até ela é um erro pequeno e delicioso em um álbum cantarolavel do começo ao fim e mesmo assim soar ambicioso como nenhuma banda ou artista parece ter capacidade ou vontade de ser.

Parece que tentar fazer um disco legal virou um risco, mas foi esse risco que a banda hoje pode correr, gravam por conta própria, controlam sua obra desde 2013 e podem se dar ao luxo de lançar o álbum com títulos diferentes por pais (sim, já tem uma edição com o título em português, assim como tem em Mandarim, russo, húngaro, alemão e etc).

Se vai vender tudo que mandaram prensar, eles não sabem. O cachê deles é de banda grande, isso garante o leite das crianças no final do mês, além de garantir o posto (hoje sim) de maior banda Indie do Mundo.

Pra quem não gostou do disco hoje, voltaremos a conversar em 2027 (se o mundo não tiver sumido com algum asteróide se chocando com a Terra ou com algo pior).


Roger Waters está com Raiva…

Aqui estou eu batucando essas palavras ao som do ultimo álbum de estúdio lançado pelo baixista e ex-lider do Pink Floyd, chamado Is This The Life That We Want?, que foi há algumas semanas atrás em formatos físicos e virtuais (to escutando no youtubão mesmo).

O disco é bem bom, o que pode ser uma surpresa, pois seus álbuns solos são esquisitos e não necessariamente bons.

Mesmo o fã mais ardoroso de Floyd tem suas ressalvas para os álbuns solo de Rogerio Aguas, mas esse novo alia com destreza um discurso político muito interessante e um som contemporâneo próprio dos criadores e ex-revolucionários de décadas passadas, que envelheceram, mas que o fazem com dignidade e competência.

Em alguns momentos, lembra Lazarus (ultimo do Bowie), em outros, lembra o Radiohead (se o Radiohead lançasse discos assim) e na maior parte do tempo, tem um clima de The Wall (nas faixas mais soturnas, aquele clima de “leseira” lisérgica que o álbum preserva).

Fato é: Waters nunca fugiu da briga, sempre defendeu suas posições com bastante clareza e tem sido um dos mais contundentes críticos a onda neo conservadora que tem assolado o mundo, além de abertamente a mais contundente voz contra Donald Trump e tem rodado o mundo levando seu novo libelo libertário.

O discurso tá mara…, o som tá incrível, mas em alguns momentos o veterano raivoso dá suas escorregadas em especial no seu recente “quiproquó” contra o Radiohead.

Por conta de uma apresentação que o grupo de Oxford tinha marcado para fazer em Israel, Waters teria criticando e tentado dissuadi-los a fazer essa apresentação como uma forma de “boicote” ao país por conta das ofensivas israelenses contra os palestinos.

A posição de Waters é pró-Palestina, até ai nenhum problema, cada tem sua opinião e se movimenta da forma que seu coração, estômago e consciência lhe guiar e numa questão tão complexa como essa (Palestina X Israel, Faixa de Gaza, etc), o melhor mesmo a fazer é melhorar o debate com ideias arejadas, tratar as dores dos dois lados com mesmo peso e medida e em especial coletar informações sobre o assunto (data is the power, right?).

O problema nisso tudo, e aí eu discordo do ex-lider do Floyd nesse ponto, é o cara se achar no direito de arbitrar ou dissuadir um artista a ir tocar num país para uma galera que pode não ter nada a ver com esse problema (acredite, deve ter milhares de israelenses em Israel que não tem opinião sobre a questão, ou não querem se meter com essa questão, eles só querem viver suas vidas, ouvir música, trabalhar, transar, beber e etc. Algum mal nisso?).

E mais, arbitrar sobre uma relação particular de contratante e contratado, no caso, o Radiohead e a empresa que os contrataram e pagaram para o show acontecer.

Até onde sabemos, não foi um show aberto ao público de graça com apoio e dinheiro do governo de Israel e sim um show com ingresso pago (com todas as partes sendo remuneradas).

Na verdade, há uma carta aberta com diversos artistas e personalidades que escreveram para o Radiohead pedindo para que ele não tocasse em Israel. O que torna a coisa até mais ridícula na verdade.

Segue a carta na integra no link abaixo:

https://artistsforpalestine.org.uk/2017/04/23/an-open-letter-to-radiohead/

Agora a questão é: por que eles só incresparam com a turma de Oxford? Por que não se meteram no show do Pixies que aconteceu por lá há alguns dias atrás?

Alias, ele vai se manifestar contra outros artistas que tocarão por lá nos próximos meses como Slowdive, Regina Spektor, Infected Mushroom, Bryan Adams ou Nick Cave And The Bad Seeds?

Há maneiras de fincar sua bandeira ideológica, Waters é inteligente, sagaz, tem muito a dizer, mas ações como essa, num mundo cada vez mais polarizado, preguiçoso e que tem sentido a necessidade de escolher um lado e defende-lo como se fosse a ultima fronteira da moralidade, corre o risco de jogar um debate importante para a vala da disputa pela disputa (o time Radiohead contra o time Waters/Pink Floyd) e via de regra esse tipo de conversa descamba para outros lados (que não levam a lugar algum, na maioria das vezes).

Mas voltando ao disco, Is This Life… tem melhorado a cada ouvida e já dá pra pensar numa listinha de melhores de 2017 com ele incluso.